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São Paulo

The Coffee Traveler by Ensei Neto

SENSORIAL

A máquina que analisará o espresso!

Thiago Sousa

O homem sempre tenta superar o próprio homem.

É fato.

Os cientistas nunca se dão por satisfeitos e têm a clara determinação de reproduzir o que uma pessoa pode fazer através de máquinas sofisticadas.

Agora é a vez do espresso ser avaliado por uma máquina!

Uma equipe de cientistas do Centro de Pesquisas da Nestlé, em Lausanne, Suiça, liderada por Christian Lindinger, desenvolveu um equipamento para analisar espressos através da verificação quantitativa de 16 substâncias características.

Em termos de equipamento, como pode ser visto neste esquema, sua constituição é bastante simples, tendo um recipiente para oespresso que está contido em um sistema de banho-maria com temperatura controlada.

No recipiente do espresso, que fica hermeticamente fechado, há um sensor de temperatura e dois tubos, um servindo de entrada para gás com concentração e velocidade controlada, e outro como saída para as substâncias volatilizadas e arrastadas pelo gás insuflado. Este gás segue para o analisador que, através de uma grandiosa biblioteca de substâncias, identificará e quantificará os componentes do espresso.

Para que a temperatura do café fique estável, há um sistema de agitação por meio magnético, que nada mais é que alguns imãs revestidos sob ação de um campo magnético.

O que surpreende neste experimento é a razoável similaridade dos resultados finais, pois previamente 11 amostras de espresso foram avaliadas por uma equipe de provadores antes de seguirem para a máquina analisadora.

Pode-se dizer que os resultados foram simplesmente assombrosos.

Obviamente, houve todo um cuidado para que as condições de preparo e serviço dos 11 espressos fossem rigorosamente as mesmas, tanto para o profissionais chamados de “painelistas” como para a máquina.

Observe no gráfico ao lado, onde 2 dos espressos têm suas características de aromas e sabores identificadas e podem ser vistas 2 linhas: a em traço na cor vermelha representa os resultados de avaliação dos “painelistas”, enquanto que a curva na cor preta configura a avaliação do equipamento.

Surpresinha!!!

Veja que as curvas quase se sobrepõem, o que significa que os resultados estão bastante próximos!

Certamente o grande avanço é o emprego de um modelo matemático adaptado ao programa que estabelece a rotina de avaliação da máquina e que confere, por ora nos cafés estudados, um elevado grau de acerto.

Veja um post de junho de 2007  ( acesse  http://coffeetraveler.net/2007/06/11/cyber-cupping-lingua-eletronica/ ) onde um vídeo apresenta a chamada “Língua Eletrônica” desenvolvida pela EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias de São Carlos, SP.

Como se vê, duas são as barreiras que separam essas incríveis máquinas e as habilidades humanas: uma é a chamada “biblioteca” de aromas e sabores registrados e armazenados, que nas máquinas é fruto de intensa pesquisa e inúmeros testes, base de análise e comparação da máquina, e a outra é a capacidade de interpretação das substâncias combinadas. Principalmente para este segundo ponto, somente um programa com desenho neural pode ter um desempenho aproximado da performance humana.

Incrível, não?!

É coisa para se refletir… obviamente bebendo e somente apreciando um belo café!

Deixe a análise para as máquinas e os classificadores…

Degustando cafés 1

Thiago Sousa

A Desgustação de Café é uma prática muito interessante e pedagógica para uma maior compreensão das possibilidades de elaboração que um determinado café pode apresentar.

O primeiro passo, antes de mais nada, é o de se saber onde e como o lote de café foi produzido. E aqui vai uma observação: muitos produtores que tiveram sucesso em algum concurso de qualidade de café se utilizam desses louros como base de sua comunicação com o mercado, principalmente quando se lançam no segmento de cafés torrados. Porém, muitas vezes cria-se uma indução de que todo o café produzido e industrializado por ele é um lote vencedor.

Lembre-se: cada lote de café tem uma história própria, como cada um de nós, e que uma repetição é algo raro. Irmãos têm os mesmos pais, normalmente são educados nas mesmas condições, porém, as trajetórias de vida sempre são distintas. E assim ocorre com os diversos lotes de café, de vinhos e outros mais.

Estatísticamente, cafés de excepcional qualidade perfazem um percentual pequeno de uma safra normal de cada produtor, como pode ser visualizado nesta chamada Pirâmide da Qualidade.

Ao se empregar a Metodologia SCAA ( Specialty Coffee Association of America) de Avaliação Sensorial de Café, os lotes de café são classificados em função de uma pontuação decorrente da verificação de 10 diferentes itens. É muito importante ressaltar, que a SCAA, através do seu Comitê de Normas Técnicas, mantém uma grande estrutura educacional que visa a formação de Juízes Certificados de Cafés Especiais, que são profissionais de classificação de café de diversos setores da cadeia produtiva. Toda a metodologia é codificada, com normativos, parâmetros e métricas totalmente estruturadas.

Observe que para cada faixa de pontuação há uma correspondente qualidade de café como é tratada no mercado.

No jargão de mercado comodity, principalmente no Brasil, que emprega a COB – Classificação Oficial Brasileira, o padrão de referência é aBebida Dura, sendo que tudo que tiver melhor qualidade recebe a classificação Bebida Dura para Melhor. Para baixo, ficam as bebidas que apresentam problemas, inicialmente com variações em relação à Bebida Dura, comoBebida Dura com Leve Verde e assim por diante. Daí para mais baixo ainda, tem-se as Bebidas Riado e Rio, associadas à presença de compostos fenólicos em menor e maior proporção, respectivamente.

Você pode verificar um post onde o Companheiro de Viagem Almir da Silva Filho nos explica a origem do nome Bebida Rio através do link http://coffeetraveler.net/2007/11/11/a-bebida-rio-e-sua-origem/ .

Há uma correlação entre a Metodologia SCAA e a antiga COB para a harmonização para os padrões de café de melhor qualidade.

A Bebida Mole é a referência para este grupo, sendo que ela é caracterizada por ser “uma bebida adocicada, agradável e com ausência de qualquer aspereza e adstringência”. Esta é a base para a descrição de um Café Especial (Specialty Coffee) também. Ou seja, se numa xícara você sentiu adstringência, que é aquela sensação de secura desagradável na boca, não foi um Café Especial que lhe serviram.

Para baixo há a Bebida Apenas Mole, quando uma discreta adstringência é permitida. Veja que deixou de ser um Café Especial, enquadrando-se no que o mercado denomina de Fine Cup ou Bebida Finaem tradução literal.

Agora, acima da Bebida Mole encontramos aBebida Estritamente Mole, que deve apresentar as características da Bebida Mole, porém mais pronunciadas. É quando o nível de doçura é bastante elevado, além da presença de notas de aroma e sabor agradáveis e intensas, revelando-se normalmente um conjunto harmonioso.

Os cafés que se destacam em concursos em geral recebem pontuação SCAA acima de 85 de pontos.

Também é possível encontrar lotes maravilhosos de café que não precisaram ir ao Olimpo dos concursos para terem sua qualidade reconhecida. Algumas cafeterias já servem cafés de excepcional qualidade, prestando um grande serviço aos “loucos”  por café.

Veja esta foto, onde estou com a Companheira de Viagem Giuliana Bastos, numa degustação de cafés de grande exoticidade.

Em próximo post, farei outros comentários.

De cafés e vinhos com Manoel Beato

Thiago Sousa

O caminho que os vinhos vêm trilhando passa por um muito bem estruturado processo de educação do consumidor. Aliás, mercados crescem quando o conhecimento é compartilhado e os consumidores, ao se aprofundarem, tornam-se mais exigentes, movimentando uma Roda Virtuosa.

O café vem dando passos nesse mesmo sentido, porém com um atraso médio da ordem de uns 20 anos em relação aos vinhos. De qualquer forma, é estimulante saber que mais consumidores querem aprender mais sobre o café também.

Nessa busca de conhecimento, acaba sendo inevitável se querer fazer degustações diferenciadas, principalmente harmonizações entre vinho e café. Posso dizer que é um belo desafio, pois em geral todos enxergam nessa dupla muito mais oponentes do que conciliados.

Dias atrás, justamente para iniciar uma nova experiência entre vinho e café, fizemos interessantes harmonizações sob a grande sensibilidade do sommelier Manoel Beato.

Manoel é, sem dúvida, o grande sommelier do Brasil, aclamado e premiado pela sua competência e profundo conhecimento. Mas, também, é um apaixonado por novidades e seu interesse é muito abrangente.

Participaram desta degustação, como podem ser vistos nesta foto, a partir da direita, a bela Linda, da vinícola Villa Francioni, localizada na antes impensável região serrana de Santa Catarina, a barista e “louca” por café Letícia Ramos, o fantástico Manoel e eu, seu Coffee Traveler.

Para a harmonização escolhi e torrei dois cafés muito emblemáticos: um de uma micro-região de Coromandel, MG, e outro de um platô localizado em Varjão de Minas, MG.

A primeira harmonização envolveu o café produzido em Coromandel por Reginaldo Silvoni, de preparo Natural, ou seja, colhido no auge de sua maturação e seco cuidadosamente com a casca, artesanalmente conduzido em terreiro pelo próprio Reginaldo.

Este café apresenta grande complexidade aromática e de sabor, com intensas notas florais adocicadas como jasmim. Muito adocicado e, portanto, encorpado, inicia-se com sabor lembrando frutas amarelas, passando por notas cítricas e finalizando com um delicioso toque de caramelo.

Esta complexidade está descrita pelo Companheiro de Viagem Tom Owens em lote ofertado através do linkhttp://www.sweetmarias.com/coffee.southamr.brasil.html , Fazenda São João.

Manoel Beato escolheu um Clos du Tue-Boef, 2005, de Cheverny, France, de fantástico aroma floral que lembra … rosas! De delicada acidez, ao mesmo tempo apresentando uma elegante doçura, harmonizou-se excepcionalmente.

O segundo café, também seco pelo processo Natural, produzido na Fazenda São Lourenço, destacou-se pelo aroma com notas como banana e maracujá, que se repetiram em seu elegante sabor, mesclado com moderada acidez cítrica. Em um repente genial, Manoel Beato fez a harmonização com um Jerez, oDon Rafael, elaborado como Amontillado.

Veja neste vídeo, um interessante comentário que Manoel Beato faz a partir do café da Fazenda São Lourenço e um vinho de sobremesa, no caso o Jerez:

De cafés e vinhos com Manoel Beato

Thiago Sousa

O caminho que os vinhos vêm trilhando passa por um muito bem estruturado processo de educação do consumidor. Aliás, mercados crescem quando o conhecimento é compartilhado e os consumidores, ao se aprofundarem, tornam-se mais exigentes, movimentando uma Roda Virtuosa.

O café vem dando passos nesse mesmo sentido, porém com um atraso médio da ordem de uns 20 anos em relação aos vinhos. De qualquer forma, é estimulante saber que mais consumidores querem aprender mais sobre o café também.

Nessa busca de conhecimento, acaba sendo inevitável se querer fazer degustações diferenciadas, principalmente harmonizações entre vinho e café. Posso dizer que é um belo desafio, pois em geral todos enxergam nessa dupla muito mais oponentes do que conciliados.

Degusta____o1.JPG

Dias atrás, justamente para iniciar uma nova experiência entre vinho e café, fizemos interessantes harmonizações sob a grande sensibilidade do sommelier Manoel Beato.

Manoel é, sem dúvida, o grande sommelier do Brasil, aclamado e premiado pela sua competência e profundo conhecimento. Mas, também, é um apaixonado por novidades e seu interesse é muito abrangente.

Participaram desta degustação, como podem ser vistos nesta foto, a partir da direita, a bela Linda, da vinícola Villa Francioni, localizada na antes impensável região serrana de Santa Catarina, a barista e “louca” por café Letícia Ramos, o fantástico Manoel e eu, seu Coffee Traveler.

Para a harmonização escolhi e torrei dois cafés muito emblemáticos: um de uma micro-região de Coromandel, MG, e outro de um platô localizado em Varjão de Minas, MG.

Cheverny_md.JPG

A primeira harmonização envolveu o café produzido em Coromandel por Reginaldo Silvoni, de preparo Natural, ou seja, colhido no auge de sua maturação e seco cuidadosamente com a casca, artesanalmente conduzido em terreiro pelo próprio Reginaldo.

Este café apresenta grande complexidade aromática e de sabor, com intensas notas florais adocicadas como jasmim. Muito adocicado e, portanto, encorpado, inicia-se com sabor lembrando frutas amarelas, passando por notas cítricas e finalizando com um delicioso toque de caramelo.

Esta complexidade está descrita pelo Companheiro de Viagem Tom Owens em lote ofertado através do link http://www.sweetmarias.com/coffee.southamr.brasil.html , Fazenda São João.

Manoel Beato escolheu um Clos du Tue-Boef, 2005, de Cheverny, France, de fantástico aroma floral que lembra … rosas! De delicada acidez, ao mesmo tempo apresentando uma elegante doçura, harmonizou-se excepcionalmente.

O segundo café, também seco pelo processo Natural, produzido na Fazenda São Lourenço, destacou-se pelo aroma com notas como banana e maracujá, que se repetiram em seu elegante sabor, mesclado com moderada acidez cítrica. Em um repente genial, Manoel Beato fez a harmonização com um Jerez, o Don Rafael, elaborado como Amontillado.

Veja neste vídeo, um interessante comentário que Manoel Beato faz a partir do café da Fazenda São Lourenço e um vinho de sobremesa, no caso o Jerez:

Café de Coador: alguns segredos

Thiago Sousa

Cafés especiais são todos os cafés de excelente qualidade, independentemente da forma como são servidos.

É errôneo pensar que apenas o espresso e sua turma compõem o serviço de um café especial. Na realidade, para um país como o Brasil que sempre teve como ícone de serviço o cafezinho preparado em coador de pano, o espresso representou um grande salto de qualidade, porém muito mais devido ao preço do seu serviço, que acaba incorporando um ritual com máquina e barista, do que pela bebida em si.

A percepção de que é algo diferenciado está embutido em seu valor em média 4 vezes maior do que a singela dose de cafezinho de balcão de padaria. Mas, este é um assunto para um outro post.

Dependendo das características de bebida de um café, determinada por um conjunto de influências exercidas pelas condições geográficas como solo, micro-clima e topografia, existe um serviço de preparo mais adequado. E para cafés com grande complexidade, com notas de aroma e sabor delicados, muitas vezes florais, por exemplo, prepará-los em um coador (brewed coffee) preservará adequadamente toda essa riqueza.

O primeiro passo é colocar o pó no filtro, procurando distribuí-lo uniformemente. Uma providencial “batidinha” na lateral ajuda muito nesse ajuste…

Como já comentado em posts anteriores, a temperatura da água não deve ultrapassar 95°C, que é quando as grandes bolhas estão se desprendendo do fundo de uma vasilha sobre o fogo.

Também, não se esqueça de que a qualidade da água é muito importante: nada de água de rua, normalmente com excessiva concentração de cloro. Prefira água filtrada ou, melhor ainda, mineral com pH (índice que mede a acidez ou alcalinidade) menor que 7,0 (sete).

Inicialmente, despeje um pouco da água sobre o pó, delicadamente. Se o pó de café estiver fresco, o contato com a água, ao umedecer as partículas, fará com que ocorra um processo de expansão. No caso ideal, forma-se uma camada cremosa, que é justamente a extração dos óleos pela água quente, como pode ser observado nesta foto.

Em seguida, você pode colocar mais um pouquinho de água, fazendo com que todo o pó se umedeça, quando as primeiras gotas começas a cair do coador.

Este processo de hidratação proporciona uma extração mais eficiente dos sabores do café. Chega, então, o momento de verter o restante da água calmamente, sempre em círculos e junto à beirada do filtro, para uma perfeito serviço.

Este processo leva em média de 3 a 4 minutos, caso seja empregado o filtro 103 e preparado algo como meio litro (500 ml) a 0,7 l (700 ml).

Lembrando que preparar café nada mais é do que se fazer uma extração caseira de cafeína, quanto mais tempo a água ficar em contato com o pó de café, mais cafeína resultará na bebida final. Portanto, se você quiser diminuir um pouco o teor de cafeína, despreze a parte final da água que fica no pó, algo equivalente a uma a duas xícaras pequenas de café. Ou, caso sua preferência seja algo mais potente, deixe toda a água se esvair do coador…

Neste vídeo reproduzo este pequeno ritual…

Boas Xícaras !!!

Espresso a mão: Handpresso

Thiago Sousa

Você já imaginou beber um espresso em lugares longe da civilização e dos confortos normais que ela oferece?

Pois é, uma empresa francesa está oferecendo um novogadget (brinquedinho) para você preparar um espresso em qualquer lugar!

Produzido numa pequena cidade turística a 60 km de Paris, Samois sur Seine, frequentada inclusive por músicos do naipe de Django Reinhardt, trata-se, na verdade, de uma idéia genial: preparar um espresso em equipamento que não usa energia elétrica!

Sua estrutura básica, como pode ser visto, lembra (sem bem que acredito que o protótipo devia ser…) uma prosaica bomba de ar para bicicleta. Adicionou-se um pequeno manômetro e um recipiente para acomodar água quente e um sachê de espresso.

Em sua parte inferior fica uma pequena manopla para acionar o pistão, que comprimirá o arque fica armazenado num reservatório próximo ao recipiente extrator.

Para que a extração se aproximasse ao máximo ao de uma máquina de grupo, o corpo da bombinha teve de ser feito em metal, resistente o suficiente para suportar até nominais 16 bars (lembre-se que numa máquina de grupo a pressão na extração é da ordem de 9 bars), liberadas por um pequeno botão.

O recipiente extrator possui duas partes: uma para acomodar a água quente, que pode ser obtida por qualquer meio, e a base para colocação do sachê. Nesta parte fica a saída para o espresso, obtido após virar o conjunto (no início o recipiente da água fica para baixo) e acionar o botão de alívio do ar comprimido.

E…voilà!!! (num bom francês…)

Você pode obter mais informações através do http://www.handpresso.fr/ .

Veja estes vídeos que mostram o uso do Handpresso. O segundo, que tem o título de “Cowboy”, na verdade, retrata um cowboy tipicamente… francês!

“Handpresso no bosque”

 “Handpresso: Lonesome Cowboy”

Formando juízes de cafés especiais

Thiago Sousa

Muitas pessoas me perguntam se é muito difícil começar a provar café, principalmente se for utilizando a Metodologia SCAA – Specialty Coffee Association of America.

Na realidade, um bom provador de café necessita de dois requisitos básicos: aptidão e constante treinamento. Exatamente como ocorre em qualquer outra atividade profissional!

A aptidão, que em resumo é o fato de poder contar com ”bons equipamentos” como sensores olfativos e uma língua com grande densidade de papilas, é devido a fatores genéticos, porém que podem e devem ser aperfeiçoados com um constante treinamento.

A SCAA estabeleceu um currículo para a formação do chamado “SCAA Certified Cupping Judge” ou “Juiz Degustador Certificado SCAA”. Apesar do pomposo título, nada mais é do que uma certificação de que uma pessoa possui aptidão suficiente para degustar e, consequentemente, classificar café.

É importante compreender que como todo processo educativo e de formação profissional, existem diversas etapas a serem vencidas e esta, na realidade, é apenas o primeiro degrau.

Considero primordial que os profissionais ou mesmo apenas interessados prestem os exames somente após terem a compreensão do que a aprovação em cada um dos testes significa. Para se ter idéia, são aplicados testes específicos para a aptidão olfativa, assim como para a do paladar, incluindo-se o trabalho com o limiar da percepção dos sabores básicos (doce, salgado e ácido).

Ao final do exame, ou mesmo após o curso de iniciação à metodologia, o que ocorre é que o mais sofisticado equipamento de avaliação sensorial existente ficou devidamente “calibrado”. Sim, no fundo é isso o que se passa!

Você passa a compreender melhor as reações do seu “equipamento” e, assim, expressar o que foi percebido.

A percepção dos aromas e sabores fica melhor verificada quando existem parâmetros de comparação e, juntamente, também uma escala que mede sua intensidade e qualidade.

Além disso, noções de Ciência dos Alimentos, bem como de Física e Química auxiliam muito a compreensão das reações do nosso corpo diante de cada nota de aroma, sabor ou característica de acidez, por exemplo.

O aperfeiçoamento é feito através do contínuo treinamento, na constante experimentação de novos sabores e aromas ou de diferentes origens de café.

Intuitivamente, você pode se iniciar experimentando diferentes cafés. Ou bebidas.

Basta, nesses momentos, se “desacelerar”, procurando num processo introspectivo compreender suas reações.

Potencialmente, 75% da população humana possui aptidão para diferenciar de maneira suficiente diversos aromas e sabores.

Portanto, vamos lá… experimente!

Macchiato a la Blue Gardenia

Thiago Sousa

Blue Gardenia.

Belo nome para uma cafeteria, não?

No setor noroeste da cidade de Portland, OR, USA, que passa hoje por um impressionante processo de revitalização, diversas casas estão sendo abertas, com destaque para a profusão de novas coffee shops.

A Blue Gardenia além de micro-roasterie (micro-torrefação), torrando artesanalmente preciosos lotes de café numa Diedrich de 30 kg, é também uma bakery, oferecendo diversos tipos de pães e tortas, folhados e muffins, entre outros.

Diversos cafés estão relacionados numa lista, renovada frequentemente.

São os chamados Single Origin, que significa que tratam-se de cafés produzidos numa propriedade identificada.

Certamente, este é o diferencial mais forte do mercado de Cafés Especiais, onde há uma preocupação em apresentar ao consumidor a maior quantidade de informações sobre o café, as condições de produção e o produtor, juntamente com as características da bebida.

Geralmente, nas seleções encontram-se cafés da África, América Central, Sudeste Asiático e, ultimamente, excelentes cafés brasileiros.

Mas, o que me impressionou no Blue Gardenia foi o perfeito macchiato servido.

O macchiato é elaborado com leite vaporizado, mas diferentemente do lattè ou cappuccino a quantidade adicionada ao espresso é pequena, o suficiente para “manchar” o creme.

Uma das explicações correntes sobre a origem do nome macchiato é justamente a mancha que a alva cor do leite vaporizado provoca no amendoado creme do espresso.

Veja ao lado a impressionante consistência do leite vaporizado pelo barista do Blue Gardenia, cuja porção lembra um pico dos Alpes ou o majestoso Mont Hood, imponente montanha de mais de 4.000 m de altitude próximo a Portland. A xícara em delicado tom azul pastel permite uma elegante composição.

Um Incrível Espresso

Thiago Sousa

Seattle, WA, maior cidade do noroeste dos Estados Unidos, é conhecida por seus grupos de rock “grunge” como o Nirvana, além de ser a sede de grandes corporações que estão intimamente ligadas à alta tecnologia como a Microsoft e a Boeing.

OK, não podemos esquecer que também é a sede da gigantesca Starbucks, que hoje tem a missão de levar aos outros cantos do mundo espressoslattès e frappuccinos.

Também, é conhecida pelo seu fervilhante mercado de cafés especiais, com destaque para uma profusão de cafeterias conceituais, como a famosíssima Zoka, cuja loja número 1 fica na parte noroeste da cidade e é uma coffee shop muito acolhedora.

Além disso, pululam lá uma sempre inovadora indústria de equipamentos e um batalhão de baristas que a todo momento se reinventa.

Já fiz posts sobre a revolucionária Clover, que é uma máquina que faz um “blend” de processos de extração de café e está sendo muito procurada para o preparo de cafés de qualidade extraordinária. 

Agora comentarei sobre a Synesso, que é um fabricante artesanal de máquinas para espresso.

Com sede na sempre surpreendente Seattle, esta empresa fabrica máquinas de grupo que impressionam pelo conceito e construção.

Hoje é considerada como “sonho de consumo” de muitos baristas devido ao complexo sistema de caldeiras independentes, ou seja, cada vaporizador possui uma caldeira específica, além de uma grande para os grupos extratores. Portanto, são 3 caldeiras por máquina de 2 grupos!

O seu design é espartano, tendo acabamento totalmente em aço. Talvez devido a isso lembre um pouco uma máquina em fase de protótipo.

Creio que é esse o seu charme e porque cria tanto frisson entre os baristas…

Seguindo uma tendência, em geral seus porta-filtros não tem fundo, isto é, não apresentam os tradicionais “bicos”.

Esse tipo de porta-filtro mostra com fantástica clareza como uma extração ocorre, destacando feixes de diferentes tonalidades de marron e creme que revelam os diversos tipos de óleos e açúcares caramelizados durante a torra dos grãos de café.

Para finalizar, veja o vídeo em que o barista Jeremy Summer prepara um ristretto numa Synesso. Fiz estas imagens no estande da Synesso durante o último Coffee Fest Seattle, no início de novembro.

Observe o delirante efeito visual que o extrato inicial proporciona com o ton-sur-ton.

Ver essa bela formação é sempre inspiradora, como disse Jeremy:


AN UNBELIEVABLE ESPRESSO !

Seattle, WA, largest city of the United States Northwest, is known by their grunge rock groups as the Nirvana, besides being the headquarters of great corporations that are intimately linked to the high technology as Microsoft and Boeing. 
OK, we cannot forget that the gigantic Starbucks´ headquarters also is there, that today has the mission of taking to the other countries the wonderful world of espressos, lattès and frappuccinos. 
Also, Seattle is known by its hot market of special coffees, with prominence for a profusion of conceptual coffee shops like famous Zoka, whose store number one is at the northwest part of the city, and ever commented as a coffee shop with a very homelike atmosphére. 
Besides, they abound a there always innovative industry of equipments and a baristas battalion that at every moment is reinvented. 
I already made posts talking about the revolutionary Clover. This machine works doing a “blend” of coffee extraction processes and it is being a lot sought for the preparation of coffees of extraordinary quality.  
Now I will talk about Synesso that is a very special brand of handcrafted machines for espresso. 
Based in the always surprising Seattle, this company manufactures group machines that impress everybody for its concept and construction. 
Nowadays, it is considered as barista´s dream of consumption due to the independent boilers system, in other words, each vaporizer has its own boiler, besides a big one for the groups extractors.

Therefore, there are 3 boilers for machine of 2 groups! 
Its design is spartan, totally in steel finishing. Maybe due to that it reminds a little a machine in prototype phase. 

Sometimes beauty means simplicity and metallic shine.  
I believe that this is the secret of its charm and why it creates so much frisson among the baristas… 
Following a trend, Synesso works with bottomless porta-filters.
This porta-filter shows with fantastic clarity as an extraction happens, bunches of different brown and cream color grooves that reveal the several types of oils and caramel & sugars highlighted during the roasting process. 
Finally, look the barista Jeremy Summer doing extraction of a ristretto in a Synesso Machine. I made this video in the booth of Synesso at Coffee Fest Seattle, in this current November. 

Caçadores de Café Hunting Coffees

Thiago Sousa

Com a criação do mercado de cafés especiais, uma nova leva de profissionais começou a se formar, cuja missão é a de procurar cafés absolutamente diferentes ou exóticos: sãos os Caçadores de Café ouCoffee Hunters.

Cafés exóticos são aqueles cafés que apresentam um perfil de bebida que foge aos padrões usuais, sejam de uma determinada origem, seja dentro de um aspecto mais geral. Essa multiplicidade de aromas e sabores em cada lote de café depende basicamente dos seguintes fatores: a geografia, que entra com a altitude, relevo e solo, e a forma de produção, que além da tecnologia empregada, abrange a variedade plantada.

Assim, o primeiro passo é ir até onde o café é produzido…

Veja ao lado lavouras de café junto à Serra do Caparaó, MG:

Mas, isso não é tudo…

A busca por cafés exóticos é muito complicada porque é necessário que, também, os lotes avaliados tenham sido preparados adequadamente, ou seja, quando passam por um processo de seleção que pode se constituir de até 3 diferentes etapas: a seleção por tamanho de grão (que confere uniformidade quanto ao tamanho e forma), a seleção por densidade (que retira grãos mal formados e imaturos) e, finalmente, a seleção por cor (que retira grãos pretos, verdes e ardidos, o famoso trio “PVA”).

Daí, normalmente, seguem-se extenuantes rodadas de provas de café, que podem envolver até dezenas de amostras…

É a “hora do show”: o Caçador de Cafés tem de demonstrar o seu bom preparo, pronto para avaliar de forma criteriosa cada lote de café.

Esse é um momento muito instigante, pois gera grande expectativa entre os produtores, pois há sempre o desejo de que o seu café seja reconhecido pela sua alta qualidade e, quem sabe, se apresentar alguma nota de exoticidade.

A metodologia normalmente empregada por esses profissionais é a da SCAA- Specialty Coffee Association of America ou da ACE- Alliance for Coffee Excellence, esta a entidade responsável pelo concurso internacional Cup of Excellence em todo o mundo. Uma metodologia objetiva ajuda muito nessa hora, pois ao se quantificar a qualidade fica mais fácil de se identificar e entender porquê um café é superior ao outro.

E, finalmente, a alegria de ter encontrado um verdadeiro tesouro, como mostra feliz o Coffee Hunter Joel Pollock nesta foto.

Joel, que desde a época do colégio já tinha contato com o café, quando era um barista iniciante, passou por empresas como CBI, Portland Roasting e Stumptown Coffees, onde desenvolveu também sua arte de torrar o café e o gosto por descobrir diferentes cafés ao redor do mundo…

Hoje, Joel faz parte do time de Coffee Hunters da empresa BECCOR de Portland, OR.

Para esse pessoal não há tempo ruim, chuvoso, terrenos selvagens ou absoluta falta de conforto urbano.

O que vale é a aventura e a emoção de encontrar esses fantásticos tesouros que farão muitos consumidores se deliciarem e imaginarem locais tão exóticos enquanto bebem uma bela xícara de café.

Temperaturas Percepção

Thiago Sousa

Se você pensar que o seu nariz com os fantásticos sensores olfativos e a sua boca com o intricado conjunto de papilas gustativas são verdadeiras máquinas de análise de sabores e aromas, você está absolutamente certo!

A Natureza nos privilegiou com os sentidos justamente para podermos aproveitar melhor o que a vida pode nos proporcionar. E, certamente, saborear excelentes cafés é uma delas…

Obviamente, como todos os equipamentos, ajustes são necessários para o seu bom funcionamento, bem como o treinamento dos operadores para que os resultados sejam confiáveis e consistentes.

No caso dos juízes de cafés, como aqueles formados dentro da Escola SCAA – Specialty Coffee Association of America, o princípio que norteia a estrutura lógica dos cursos é a de que nós somos maravilhosos equipamentos de avaliação sensorial e que para que o desempenho seja correto é imprescindível que saibamos interpretar corretamente nossas sensações ao beber o café.

Para avaliarmos um café, primeiramente um pouco da amostra deve ser torrada. Após um período de descanso, semelhante ao que ocorre no processo industrial, os grãos torrados são moídos e postos em xícaras.

Tanto o ponto de torração quanto o ajuste da moagem dos grãos devemrespeitar um padrão para que as condições de avaliação sejam sempre as mesmas.

Cada grão, dependendo de sua origem, tem uma forma de conduzir a torra. Este será um assunto que abordarei num outro post

O tamanho das partículas após a moagem deve ser suficiente para que, ao se hidratarem, possam liberar os componentes de aroma e sabor para a bebida.

A água, tanto na prova quanto para o simples consumo, tem grande importância na bebida.

A água deve ser levemente ácida, ou seja, com pH menor que 7, pois águas alcalinas acabam reagindo com algumas substâncias presentes no café e fazendo perder algumas notas de sabor interessantes.

A temperatura…bem, não use água fervente ou que ficou fervendo, pois isso faz com que o oxigênio dissolvido se perca, tornando o sabor da água, digamos, “chocho”.

A temperatura ideal é em torno de 93°C, que é quando bolhas grandes começam a se desprender do fundo do recipiente que está no fogo, num processo que é chamado de nucleação.

No caso da avaliação sensorial do café, faz-se uma infusão, ou seja, a água fica em contato com o pó num processo de extração contínua.

Ao se despejar a água sobre o pó, este hidrata-se e forma uma crosta, como pode ser observada na foto ao lado, com aproximadamente 2 cm de espessura e que “prende” boa parte dos aromas extraídos das partículas de café.

No primeiro minuto após a colocação da água, quando esse “colchão” é formado é possível captar os aromas que o café possui. É um exercício muito interessante.

Normalmente após 3 ou 4 minutos procede-se a quebra dessa crosta, que é feita delicadamente com uma colher própria para a prova de café. Não há necessidade de fazer grande agitação porque o objetivo nesse momento é captar o mosaico de aromas que o café pode apresentar e que fica concentrado na crosta.

Depois, faz-se a retirada do creme sobrenadante para que a bebida fique exposta de forma limpa, pronta para a avaliação propriamente dita.

Nosso palato percebe melhor os sabores abaixo dos 45°C, naturalmente com pequenas alterações para mais ou para menos para cada pessoa. Acima dessa temperatura a única sensação que percebemos é… o quão quente está a bebida!

E há, ainda, o risco de prejudicar nossa gengiva e a delicada teia de ligamentos com nossos dentes.

Tente fazer um teste com um excelente café bebendo-o a diferentes temperaturas. Até porque, numa apreciação do tipo slow food, além de ser um momento de prazer você pode perceber como diferentes sabores podem ser captados nas diferentes temperaturas!

Sim, o café, principalmente o de boa bebida, é para ser apreciado, sentido e “curtido” como um permanente aprendizado sobre nossa percepção dos aromas e sabores…

Um novo estilo de café de coador

Thiago Sousa

O preparo de café pelo sistema de coador, que no Brasil recebe o nome de “cafezinho” e em outros países, simplesmente “coffee”, é, sem dúvida, o mais tradicional existente no mercado.

Do coador de algodão, que ainda é possível vê-lo em uso no interior ou em alguns tradicionais “botecos” servindo o cafezinho nos indefectíveis copos de vidro de fundo grosso e mesmo nas repartições públicas, ao coador de papel, que é hoje o sistema mais difundido nas residências, o processo possui basicamente o mesmo conceito: extrair com água quente as substâncias aromáticas responsáveis pelas delicadas notas de aroma e sabor que um delicioso café pode apresentar.

Na realidade, há uma grande diferença se você preparar o café dissolvendo o pó de café na água fervente ou passar a água no pó que está no coador.

Já comentei anteriormente que ao se preparar o café, você também está fazendo a extração da… cafeína! Isso ocorre porque a cafeína, quando o processo empregado é com água, tem sua extração mais eficiente se ficar em contato com a água por mais tempo. Quanto maior o tempo de contato, maior a eficiência na extração, ou seja, mais cafeína é extraída do pó.

No modo  tradicional do Brasil de preparar o cafezinho, o pó é dissolvido na água fervente para, então ser despejado num filtro de papel sobreposto a um jarro. Normalmente, as torrefações brasileiras empregam uma moagem bastante fina para que a extração dos componentes do café, principalmente da cafeína, seja o maior possível.

É um princípio básico da química: quanto maior a área de contato, mais eficiente é a extração.

Por isso, no final, o sabor do cafezinho feito dessa forma tem o amargor tipo jiló, que é o típico da cafeína, muito presente.

Quando você coloca o pó num coador de papel, por exemplo, e verte em seguida a água, você consegue eliminar boa parte desse amargor ao não fazer passar totalmente a água pelo filtro com o pó.

Ou seja, se você deixar um pouco do pó com água no filtro e bebê-lo separado do café inicialmente extraído, será possível perceber quão mais amargo é o café extraído em sua fase final!

Portanto, o outro café, será muito mais agradável de se beber.

Recentemente foi lançado um tipo de conjunto coador-jarro que é uma variante elegante do conjunto introduzido pela indústria alemã Melitta, cujo nome comercial é CHEMEX (pronuncia-se “que-meqs”).

O jarro, feito em vidro refratária, é muito elegante, cujas formas lembram o clássico recipiente de nome erlenmeyer, que é muito empregado nos laboratórios químicos. Uma pequena peça em madeira, que é aplicada no gargalo do jarro, com acabamento feito com uma tira de couro, dá o toque final.

O filtro nada mais é do que um papel filtro em formato quadrado, que o consumidor terá de dobrar com toda a maestria para conseguir formar o devido funil.

O efeito estético final é muito bom, conferindo muita elegância ao serviço.

É uma peça que recomendo!

Inovações portuguesas

Thiago Sousa

Do sul de Portugal, compilei duas notas no mínimo inusitadas.

Foi lançado neste final de semana, durante a Feira Nacional de Olivicultura, realizada em Campo Maior, Alentejo, região sul de Portugal, uma “conserva de azeitonas com café”.

É isso mesmo: conserva de azeitonas condimentada com café!

Este produto foi desenvolvido pela empresa Azeitonas & Azeite Gralha, de Campo Maior.

Segundo o responsável técnico da empresa, Sr. Mário Bernardo, em sua linha de produtos já existiam conservas de azeitonas com diversos tipos de condimentos, porém, pelo fato da região ter duas importantes empresas de torrefação de café, além da fama dos campos de oliveiras, resolveu-se desenvolver um condimento com adição de café.

O produto deverá estar disponível no mercado até o final deste mês de setembro e, segundo o Sr. Bernardo, além de um paladar diferenciado, sua formulação envolve procedimentos guardados a sete chaves!

Creio que vale experimentar.

Ainda da região meridional de Portugal, agora na pequena cidade de Amora, em Setúbal, completou o primeiro aniversário de funcionamento o Café Cristão da Amora, sob as bençãos da Diocese local.

Com decoração com motivos que lembram a Eucaristia e o Espírito, cada mesa tem como kit básico uma bíblia e um livro de cânticos. Com uma área total de 400 m², este café temático tem na programação de seus finais de semana apresentações de animados musicais litúrgicos e declamação de textos bíblicos.

Amora, que fica a aproximadamente 30 minutos de Lisboa de carro, é uma pequena cidade com 50.000 habitantes, tendo sua fundação ocorrida em 1384.

Segundo Antônio Manuel Andrade, a proposta é a de manter um local de ambiente saudável e cristão para que os jovens da cidade e região possam desfrutar ao final do dia ou em fins de semana.

O cardápio possui os clássicos serviços de café, com a tradicional bica como carro-chefe. 

Coca Cola Café!

Thiago Sousa

A revitalização do mercado norte-americano de café, decorrente da fundação da SCAA – Specialty Coffee Association of America e a institucionalização do novo segmento de Specialty Coffeeou Cafés Especiais, na década de 80, aconteceu depois que sua indústria sentiu os efeitos devastadores da concorrência imposta pelas novas bebidas, como refrigerantes, águas e sport drinks.

A concorrência é a forma mais eficiente de estimular inovações sempre.

Outro detalhe importante: para que cada produto se mantenha desejável e, portanto, vendável, também é muito importante que sua imagem continue forte, criando interesse e adesão de novos consumidores.

É o que a Coca-Cola Co. está fazendo agora.

No ano passado foi lançada a Coca-Cola Blak, que é a versão do refrigerante com sabor café. Depois da Cherry Coke, esta foi a grande aposta da companhia que tem seu quartel-general em Atlanta, Georgia, USA.

E, estão prometendo para o próximo ano um novo produto a base de café, que deverá ser semelhante ao que já possui a muitos anos no mercado japonês, que é o café em latas de 170 ml ”ready to drink”.

Especula-se que o nome para o novo produto pode ser um destes três: Truvia, Tevai ou Kahe.

É…ninguém pode ficar eternamente deitado em berço esplêndido… 

Mais sobre menos cafeína

Thiago Sousa

Os últimos dias foram pródigos em notícias sobre a cafeína, o “grande motor” do nosso Santo Café.

A Fazenda Daterra, de Patrocínio, Cerrado Mineiro, do Grupo D. Paschoal, fez o lançamento no Brasil do café Opus 1 Exotic, que possui teor de cafeína da ordem de 1%.

Esse café, que segundo Carlos Borges, Degustador da Fazenda e Juíz Certificado SCAA, apresenta notas florais delicadas, foi obtido por diversos cruzamentos genéticos, sendo, portanto, uma planta de origem natural.

Você pode saber mais sobre esse lançamento e adquiri-lo através do www.daterracoffee.com.br .

 Do outro lado do mundo, a empresa japonesaUCC – Ueshima Coffee Co., que possui base em Kobe, divulgou o lançamento do café que recebeu o nome de GCA, que possui teor de cafeína da ordem de 0,3%.

Incrível, não?

Isso correspondente a cerca de 25% do teor médio de cafeína da espécie arabica, que normalmente varia entre 1,05% a 1,20%, dependendo da combinação de variedade e condições geográficas.

No entanto, comercialmente esses grãos estarão disponíveis somente em 2010, quando será destinado principalmente para gestantes e idosos.

Na verdade, a busca por cafés com baixo teor de cafeína vem ocorrendo a muito tempo, sendo que industrialmente foram desenvolvidos métodos de extração química desse poderoso estimulante.

Existem, basicamente, dois processos industriais mais empregados: um que emprega solventes orgânicos, como por exemplo o n-hexano, isto é, produtos derivados do petróleo, e outro que utiliza a água.

Lembre-se que já comentei que ao preparar um café, você também está fazendo a extração da cafeína!

Nesse caso, a extração é diretamente proporcional ao tempo de contato da água com o pó, onde as moléculas de cafeína estão alojadas. Quanto mais tempo de contato água-café, mais cafeína é extraída. Mais cafeína extraída, mais amargor do tipo “jiló” terá a bebida.

E no início da semana saiu uma notícia inusitada: uma garota teve overdose de cafeína!

Jasmine Willins, de 17 anos e que atendia no The Sandwich Bar, em Stanley, Inglaterra, consumiu 7 doble shots (doses duplas) de espresso.

Depois disso, começou a tremer, palpitações do coração e reações de descontrole emocional.

Nosso corpo precisa em torno de 4 horas para metabolizar a cafeína. Por isso, quando tomamos muito café, ficamos um certo tempo sem vontade de fazê-lo novamente, pois estudos indicam que há uma correlação entre a cafeína ainda não metabolizada e a vontade de consumir mais café.

Naturalmente, cada pessoa tem uma reação diferente e moderação nunca é demais…

Encontro brasileiro de juízes de cafés especiais SCAA

Thiago Sousa

No último dia 02 de agosto, em Pedregulho, SP, aconteceu o 1° Encontro Brasileiro de Juízes SCAA, que são juízes de cafés especiais certificados pela Associação Americana de Cafés Especiais.

A Fazenda Nossa Senhora Aparecida, do Octavio Café, foi o palco do evento, localizada na região da Alta Mogiana. Com uma moderna infra-estrutura para o processamento de café, desde a fase de descascamento do café antes da secagem até a seleção final dos grãos pelo tamanho, cor e densidade, a fazenda automatiza boa parte das operações.

Abaixo, uma vista da lavoura com o sistema de tratamento de água do processo de descascamento em primeiro plano:

O Encontro, que pela primeira vez reuniu os profissionais brasileiros certificados pela SCAA – Specialty Coffee Association of America, teve enfoque técnico com uma revisão da metodologia SCAA de avaliação sensorial de café e uma palestra sobre os efeitos do clima na maturação dos grãos.

Hoje, o Brasil conta com quase 30 Juízes Certificados pela SCAA, contra, por exemplo, mais de 200 na Colômbia!

Além dos juízes, participaram como convidados a ABIC – Associação Brasileira da Indústria do Café, representada pelo seu Diretor Sydney Marques de Paiva, e a Nucoffee, que é uma nova empresa de comércio de café voltada para o mercado de cafés especiais, e que foi representada pela sua alta gerência. 

É importante destacar que a ABIC está empenhada com o seu PQC – Programa de Qualidade de Café que complementa o Programa do Selo de Pureza do Café. Num próximo post comentarei sobre esse interessante programa.

Com diversas ferramentas baseadas na Ciência dos Alimentos, entre outros ramos do conhecimento, a metodologia SCAA permite maior precisão na avaliação da qualidade da bebida do café,  auxiliando tanto na identificação de atributos da qualidade, como tipo de acidez e nível de doçura, quanto na percepção de defeitos da bebida, como os tipos de adstringência.

Na foto ao lado, a Juíza Monica Leonardi está fazendo a verificação do aroma de um lote de café sob avaliação.

São empregadas 5 xícaras para representar fielmente um lote de café, sendo que cada qual corresponde estatísticamente a 20% do lote.

Os juízes participantes fizeram avaliações sensoriais de diversos lotes de muitas diferentes origens brasileiras como o Cerrado Mineiro, Alta Mogiana, Serra da Mantiqueira, Alta Sorocabana e Sudeste de Goiás.

E houve lotes que impressionaram bastante!

Num momento de descontração, o Júlio, em primeiro plano, e o Kalixto, ambos da Octavio Café, serviram muito bem preparados espressos aos juízes e convidados.

Alguns dos cafés avaliados pela metodologia SCAA, que quantifica a qualidade através de uma escala decimal que vai de zero a cem pontos, tiveram sua prova no serviço deespresso e os resultados foram fantásticos.

Havia um café de Coromandel, MG, que apresentava nitidamente notas de sabor que lembravam frutas vermelhas e que no serviço de espresso fez com que todos perguntassem se haviam colocado vinho de uvas Cabernet na xícara!

Num próximo post farei comentários sobre alguns cafés desta nova safra brasileira.

E, finalmente, uma foto oficial do evento:

Lattè “State of Art”

Thiago Sousa

Certamente um dos elementos mais chamativos nesta nova onda virtuosa do café foi o surgimento da chamada Lattè Art ou o Lattè em “State of Art”.

Este serviço, que consiste em realizar desenhos com leite vaporizado sobre o espresso, ganhou notoriedade quando o exímio e inspirado Master Barista de Seattle, WA, Mr. David Schomer, executou a famosíssima Rosetta ou Wheat Flower.

Este é o momento em que Schomer está vaporizando o leite, em sua antiga loja.

Para que um desenho possa ser bem executado, dois elementos devem ser perfeitos:

o leite e, naturalmente, o espresso.

O leite deve ser “gordo”, isto é, com alto teor de gordura, pois o processo de vaporização nada mais é do que a injeção do vapor de água em alta pressão no leite resfriado.

O leite contém alguns açúcares e gordura em uma suspensão aquosa. Macroscopicamente, os glóbulos gordurosos são pequenos o suficiente para “embaçarem” a água, criando o efeito esbranquiçado da solução. E por conter muita água, considera-se que a temperatura ideal do leite para a vaporização é a de 4°C. Nesta temperatura a água apresenta densidade próxima ao seu maior valor no estado líquido e, portanto, a distância entre as famosas moléculas de H2O está entre as menores nesse estado, devido a arranjos eletroquímicos que são parte das maravilhas da natureza. É justamente esse mecanismo que faz com que as partículas das substâncias dissolvidas tenham uma distribuição mais uniforme na solução.

O choque térmico provocado pelo vapor pressurizado quebra os glóbulos de gordura, francionando-os em diversos muito menores, ao mesmo tempo que, com o turbilhonamento, ocorre a incorporação do ar.

Forma-se então um “colchão de ar” com diferentes concentrações nos seus diversos pontos. Para que haja uma acomodação, digamos, ordenada desse ar incorporado com os glóbulos minimizados de gordura, a tradicional “batidinha” no fundo da “leiterinha” faz o serviço.

Observe nesta seqüência, executada pelo barista canadense Shawn D., três importantes momentos para desenhar a Rosetta:

Perceba a textura do leite vaporizado.

O movimento pendular da mão é muito importante nessa execução.

MokabyShawn_3.jpg

Belíssimo, não?!

 

O outro elemento é o espresso, que deve ser elaborado baseado nos seguintes pilares: blend,torração e extração.

Mas isto, fica para outro post…

O Valor da Esmeralda: USD 17,196 por 60 kg!

Thiago Sousa

Durante a Conferência da SCAA – Specialty Coffee Association of America (Associação Americana de Cafés Especiais), que aconteceu de 04 a 07 de maio último, em Long Beach, CA,  participei de uma série de avaliações de cafés provenientes de vários países que possuem convênio de cooperação com a SCAA.

Esse evento, que é o Roasters Guild Cupping Pavilion, durou 3 dias quando mais de 30 profissionais da área de classificação de cafés especiais de vários países puderam avaliar amostras de cafés dos países da América Central, África, América do Sul e Pacífico.

Do Brasil, além de mim, seu Coffee Traveler, participou ativamente o Jack Robinson, que é o Degustador e Classificador do Café Bom Dia, de Varginha, MG. 

Haviam cafés realmente maravilhosos.

Nesse certame, o café da Hacienda La Esmeralda, de Boquete, Jaramillo, Panama, foi considerado o melhor, seguido de perto do Finca El Injerto, de Huehuetenango, Guatemala.

A classificação final do Cupping Pavilion pode ser verificada através do link

http://www.scaa.org/pdfs/news/SCAACuppingPavilion2007WinnerPressReleaseFINAL.pdf

Um dos concursos de qualidade de cafés que conta com o apoio oficial da SCAA é o que acontece anualmente no Panama e que tem o nome The Best of Panama.


O lote vencedor foi o da Hacienda La Esmeralda, de Boquete, Jaramillo, Panama, a exemplo do que ocorreu no certame de 2006.

Esta fazenda, que é propriedade de Mr. Price Parterson, está localizada numa região vulcânica e a mais de 1.200 m de altitude.

Apesar de sua relativamente pequena latitude, que é de 8°47’58″ Norte, como você pode verificar pelas informações nesse mapa do Google Earth reproduzido ao lado, as condições geográficas são impressionantes.

Junto com isso, há uma especulação de que a combinação com estas particulares condições geográficas e o emprego de uma variedade denominada “gueisha” dê um toque de sabor que lembra os grandes vinhos borbulhantes produzidos em Champgne.


Dois amigos, Tom Owens e Willem Boot, em particular, após a rodada final, comentaram sobre isso. Willem disse que havia pontuado com 97 pontos SCAA esse lote La Esmeralda, dizendo que reconhecia as características sensoriais da variedade gueisha.

Bem, no dia 29 de maio último, quando se realizaou o leilão via internet com a infra-estrutura e apoio da SCAA, o lote campeão, La Esmeralda Especial, foi arrematado por nada mais, nada menos  que estonteantes USD 130 per-pound, o que equivale a USD 17,196 por 60 kg (R$ 32.845,00 por saca de 60 kg)!

É o pode valer La Esmeralda…

Movimento congelado leite sobre café

Thiago Sousa

Como parte da comemoração do “Dia Nacional do Café”, apresento uma incrível seqüência de fotos de uma gota de leite caindo sobre o café em uma xícara!

Tirada com câmera de altíssima velocidade, além de uma respeitável lente close-up, o resultado apresenta inegável vertente fantástica. Infelizmente, não obtive os créditos do autor, que no momento oportuno incluirei.

Na foto abaixo, veja a gota de leite rebatida pela “parede” formada pela superfície do café:

Agora, quase o mesmo momento que foi registrado na foto anterior, porém em ângulo reverso. Observe que há uma gota de café se formando em reação ao impacto da gota do leite:

Este é o momento em que a gota de café, que foi formada como “resposta” ao impacto da gota do leite, atinge a do leite, em fase de expansão:

Finalmente, a gota do café perfura a do leite, lembrando um pequeno geiser:

Belíssimas, não?!

Um dia muito especial!

Thiago Sousa

24 de maio é o dia escolhido para se comemorar o Dia do Café no Brasil.

Para que a todos os dias possam ser comemorados como um ”Dia do Café”, há uma simples receita:

- que excelentes grãos sejam produzidos pelos cafeicultores,

- que a indústria do café faça da torra um ato de inspirada execução,

- que os baristas preparem espressos em estado de arte,

- que copeiras amigas, e até mesmo cada um de nós, “passem” deliciosos cafés nos coadores como um ritual sagrado…

 E, principalmente,…

Belas xícaras para vocês!