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São Paulo

The Coffee Traveler by Ensei Neto

HISTORIA

Das mesmas mãos que colhem café – 2

Thiago Sousa

Continuando a comentar o tema “Arte & Café & Oportunidades”, há um outro caso que vale a pena ser apresentado.

Apoiado pelo Café Cristina, cuja produção de café vem do pequeno município de Cristina, na Serra da Mantiqueira, MG, certamente, um dos locais mais privilegiados para a produção de excepcionais cafés de montanha, Daí a razão para muitos cafés bem classificados nos diversos concursos de qualidade serem desta localidade.

A cafeicultura de montanha é obrigada a utilizar um modelo de produção onde tudo é feito de forma manual, pois os íngremes declives não permitem que tratores trafeguem pelas ruas de café sem o risco de tombarem. Portanto, a mecanização se torna inviável.

Com a necessidade de todas os chamados tratos culturais do café serem feitos exclusivamente pelas mãos, o número de trabalhadores nas propriedades acaba sendo bastante grande na média. Durante o período de colheita, há serviço para todos, inclusive para as mulheres, que acabam integrando o batalhão de colhedores de café para ajudar no orçamento doméstico.

O problema, conforme já mencionei no post anterior, surge no período fora da colheita.

Nesta iniciativa, o Café Cristina apoia o trabalho das artesãs, que utilizam-se de diversas técnicas para produzir artigos vendidos na cafeteria em Brasília, DF.

Aqui o barista Paulo mostra um belíssimo trabalho de bordado que já se tornou um dos mais vendidos. Encontrei outras peças como divertidas luvas forradas e charmosas almofadas. No geral, há uma grande riqueza nos padrões e técnicas, alguma com alto nível de elaboração.

Foram confeccionados cartões para apresentar e divulgar esse rico artesanato, como pode ser visto na foto ao topo.

Das mesmas mãos que colhem café – 1

Thiago Sousa

Há um quase silencioso movimento se instalando nas regiões produtoras de café.

É, no entanto, diferente porque se trata de movimento que está trazendo à tona uma das expressões mais valiosas do ser humano: demonstrar seus sentimentos através da arte.

Nas tradicionais regiões produtoras de Cafés do Brasil, como na Alta Mogiana e Sul de Minas, onde a cafeicultura se consolidou no início do século passado, o modelo de relação de trabalho existente envolve um conceito denominadoParceria. Este sistema basicamente consiste na divisão de responsabilidades e de produção, onde cabe ao parceiro, que normalmente mora com sua família na propriedade, fazer a parte operacional dos trabalhos como aplicação de adubos e defensivos, além da colheita e secagem quando da sua época, enquanto que o dono das terras deve suprir todas as necessidades de insumos para o bom trato da lavoura. Ao final da safra, quando custos e renda são apurados, é feita a divisão do bolo financeiro.

Em alguns locais esse modelo é também denominado de “À Meia”, dando-se o nome demeeiro ao parceiro.

Em outras propriedades, há a clássica cultura de se oferecer residência às famílias dos funcionários, que contam com estrutura básica e até uma pequena área para horta, por exemplo. Conheço casos, como os da Da. Nazareth Pereira, matriarca da Fazenda Sertão, em Carmo de Minas, MG, que tem famílias com 3 gerações de funcionários morando na propriedade.

Uma das questões mais delicadas sempre foi a de como poderiam ser criadas diferentes oportunidades ao restante da família, pois muitas vezes é apenas o homem da casa que fica na lida da lavoura, enquanto que as mulheres eventualmente durante a colheita do café acabam tendo oportunidade de gerar mais renda para a família.

Uma iniciativa para dar novas oportunidades às famílias de trabalhadores do café surgiu em Igaraí, pequena cidade que fica próximo a Mococa, na região Mogiana, SP.

Este projeto, liderado por uma profissional com experiência em Recursos Humanos, começou com a capacitação das mulheres na arte do bordado com temas ligados à produção do café. Com os primeiros resultados, abriram-se novas perspectivas, estimulando ao aperfeiçoamento da arte, que pode ser vista nas fotos deste post.

Nesta foto vemos Silvia, uma das artesãs, posando orgulhosamente ao lado de seu trabalho exposto durante as competições do Campeonato Brasileiro Barista 2009, em São Paulo, SP.

Além da autoestima elevada, esse projeto leva a cultura do café para outras localidades e pessoas através do artesanato!

Para saber mais, você pode acessar o site www.cafeigarai.com.br .

Vale a pena conhecer.

Irish Coffee Festival: St. Patrick's Day

Thiago Sousa

Irish Coffee ou Caife Gaelach, como se diz na Irlanda, é um daqueles drinks consagrados em todo o mundo. Sua origem remonta ao ano de 1940, quando a travessia transoceânica de avião entre os Estados Unidos e a Irlanda era feita pelos chamados “Barcos Voadores” da saudosa companhia Pan Am. Quando se desembarcava no então aeroporto de Foynes, Limerick, a oeste da Irlanda, no inverno, o frio era simplesmente insuportável.

Foi num desses desembarques que Mr. Joseph Sheridan, então Chef do restaurante do aeroporto, resolveu acrescentar uma generosa dose de um autêntico whiskey irlandes a uma dose de café brasileiro para aquecer os passageiros chegados dos Estados Unidos.

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A bebida, servida numa elegante taça de vidro, reconfortou a todos. Quando uma das pessoas perguntou ao Chef Sheridan se “era café brasileiro”, ele simplesmente respondeu que ”não, é um Irish Coffee (café irlandês)”.

A genialidade deste hoje clássico drink está em sua estrutura relativamente simples: café (preferencialmente brasileiro),Irish whiskey, açúcar e creme de leite batido como cobertura. Para que os sabores “passeiem” pelo nosso palato, recomenda-se que a bebida seja sorvida através do creme.

Há uma boa razão para isso: o café brasileiro, em sua estrutura básica de sabores, destaca-se pela doçura e sabor a chocolate e caramelo, cuja percepção é amplificada pelo elevado teor alcoólico do whiskey (em torno dos 39. GL), que carrega consigo um toque de baunilha que o carvalho transmite durante o seu descanso. A gordura do creme de leite funciona como uma cobertura aveludada à nossa boca, cuja resistência ao ser vencida pela combinação do álcool e a temperatura do café, faz com que a mescla de notas de sabor a caramelo e chocolate, juntamente com a elegante baunilha, se tornem irresistíveis!

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O dia 17 de março é o Dia de St. Patrick, que é o santo patrono da Irlanda, sendo, pois, uma data nacional deles.

Para comemorar a marcante união de sabores entre típicas bebidas do Brasil e da Irlanda, inicia-se amanhã, dia 17, estendendo-se até o dia 27 deste mês o Irish Coffee Festival, que irá movimentar quase 40 cafeterias em todo o Brasil participantes do programa CC1 – Círculo do Café de Qualidade da ABIC – Associação Brasileira da Indústria do Café.

Será uma ocasião muito boa para você experimentar autênticos Irish Coffees feitos com autênticos Cafés Brasileiros.

E, ainda, há uma outra oportunidade: como parte dos festejos, a ABIC, através do CPC – Centro de Preparação de Café, oferecerá no dia 20 de março um curso gratuito ministrado pela barista Cleia Junqueira aos que quiserem aprender a arte de preparar um belo Irish Coffee. As inscrições devem ser feitas através do endereço carairlanda@uol.com.br .

Para conhecer mais sobre o festival, acesse o link

http://www.irishinstitute.com.br/carairlanda.html

Em tempo: “cara” em gaélico, idioma oficial da Irlanda, significa “amigo”.

USBC 2009: Mike Phillips, Champion

Thiago Sousa

Neste final de semana aconteceu a USBC 2009 em Portland, OR.

E, em particular, este Campeonato US de Barista marcou pela sua impressionante organização e novidades que surpreenderam!

No dia 07, sábado, foram divulgados os USBC 2009 Top 6: Ryan Wilbur, Intelligentsia Coffee & Tea, Los Angeles, CA; Nick Griffth, Western Champion, Intelligentsia Coffee & Tea, Los Angeles, CA; MIke Marquard, Kaldi’s Coffee, St. Louis, MO; Michael Phillips, Intelligentsia Coffee & Tea, Chicago, IL; Scott Lucey, Great Lakes Champion, Alterra Coffee, Milwaukee, WI; Devin Pedde, Intelligentsia Coffee & Tea, Chicago, IL.

Foram 4 baristas do impressionante time do Intelligentsia Coffee & Tea, que tem bases em Chicago e Los Angeles.

Nesta foto, da esquerda para a direita, está Stephen Morrisey, Campeão Mundial 2008, Kyle Glanville, Campeão USBC 2008, Intelligentsia Coffee & Tea, como apresentador, e Chris Bacca, do Ritual Coffee Roasters, também como um dos apresentadores.

Domingo, dia 08, a grande final foi cercada de muuuita expectativa, pois todos os concorrentes estavam muito bem preparados.

Durante as semifinais, que puderam ser acompanhadas ao vivo pelo website do campeonato, numa das grandes inovações oferecidas pela organização, os baristas fizeram, além de grandes shots, performances inusitadas como cantorias e até a divisão das xícaras com os juízes!

Nesta foto vemos os grandes vencedores: ao centro, o Campeão USBC 2009 Mike Phillips, Intelligentsia Coffee & Tea, Chicago, IL; à  esquerdaa o vice-campeão Nick Griffith, Intelligentsia Coffee & Tea, Los Angeles, CA; e à direita o terceiro colocado Scott Lucey, Alterra Coffee, Milwaukee, WI.

Mike Phillips venceu o campeonato com um single origin da Finca La Maravilla, Huehuetenango, Guatemala, acumulando 730 pontos.

Nesta foto estão os Companheiros de Viagem Doug Zell, Intelligentsia Coffee & Tea, idealista do grande projeto barista desta incrível empresa, à esquerda, junto com o Bruno Souza, BECCOR, comemorando a grande conquista.

Aliás, há uma notícia muito motivadora: Stephen Morrisey está junto do Intelligentsia!

Talvez este seja um dos segredos dessa conquista…

Você pode saber mais através do www.usbc2009.com

Bebi e gostei! – 4: Café Orfeu.

Thiago Sousa

O jequitibá é uma das árvores mais imponentes entre as nativas do Brasil, com uma arquitetura muito particular: tronco irretocavelmente reto e a copa que se abre de forma elegante. Atinge até 50 m de altura, conferindo um visual sempre exuberante.

E foi justamente a fácil de se reconhecer silhueta do jequitibá a escolhida para compor a inconfundível logo do Café Orfeu, como pode ser visto nesta foto ao lado. 

Originalmente, Orfeu faz parte de um dos mais interessantes mitos populares da cultura ocidental. Filho da união de uma musa, Calíope, com o deus Apolo, Orfeu tinha o dom da música, encantando a todos com os sons que tirava ao cingir as delicadas cordas da harpa dada pelo seu pai.

Preparado pelo Paulinho, uma pessoa que surpreende pelo carinho com que tira cada dose de espresso e funcionário antigo da Fazenda Sertãozinho,  experimentei um curto  e fiquei simplesmente cativado.

As primeiras notas aromáticas vieram rápidas e intensas com toques cítricos adocicados e um elegante fundo a nozes e avelãs.

O crema estava consistente e tinha coloração delicadamente avermelhada com belo tigrado.

O sabor tinha um primeiro ataque cítrico adocicado, lembrando um pouco o limão galego, seguido de um complexo de frutas secas como amêndoas e nozes, talvez ressaltado pelos óleos que estavam presentes em profusão, e fundo a caramelo que lembrou a casca deliciosamente quebradiça de um creme brulle.

Encorpado, além  de demonstrar muito equilíbrio com a acidez adocicada e o complexo sabor. Ah, e o mais importante: sem amargor.

Pedi novamente um segundo shot, novamente curto (que é o meu preferido neste serviço), e a experiência se repetiu.

Ao conversar com a Ana Cecília, da Fazenda Sertãozinho, que produz e faz a torrefação do Café Orfeu, sobre o que percebi na xícara, ela me confidenciou que se tratava de um lote muito especial, cujoblend continha parte de um lote que foi finalista no último Cup of Excellence Brasil.

Segredo revelado, bebida coerente.

Bem, diria que foi uma experiência sinestésica, ou seja, quando você sente algo com mais de um sentido em combinação!

Visão, Olfato e Paladar foram devidamente estimulados.

E, pelo fato de ter o nome Orfeu, até os aromas e sabores ganharam função de notas e andamento de uma peça musical.

Nesta foto, Zé Renato e Ana Cecília posam com um pacote do Café Orfeu desse precioso lote.

Que recomendo que seja apreciado, tão logo saiba que ele está sendo servido. Assim, peça ao barista para inspiradamente tirar um espresso.

Garanto que será uma bela experiência!

8. Campeonato brasileiro de barista

Thiago Sousa

Esta semana foi pródiga em eventos de café!

São Paulo se tornou a capital dos diferentes estilos de café por 3 dias, quando aconteceram o 8. Campeonato Brasileiro de Barista, o 1. Campeonato de Cup Tasters, para os que são os provadores de café, o Campeonato de Lattè Art e o Campeonato Coffee in Good Spirits.

No certame mais importante dentre os que aACBB – Associação Brasileira de Café e Barista organizou, sem dúvida o 8. Campeonato Brasileiro de Barista tem seu devido destaque, até porque o vencedor é o virtual representante brasileiro para o WBC – World Barista Championship, que neste ano acontecerá juntamente com o SCAA Show, em Atlanta, USA. Lembrando: SCAA – Specialty Coffee Association of America.

Numa disputa emocionante, a grande campeã foi a barista Yara Thaís Castanho, do Suplicy Cafés Especiais, de São Paulo,seguida pelo sempre técnico e elegante Otávio Linhares, do Lucca Cafés Especiais, de Curitiba. Nesta foto oficial, Yara está ao lado do Campeão Mundial, o irlandês Stephen Morrisey, do sempre simpático mexicano José Arreola, que foi o juiz coordenador do campeonato e que é juiz WBC, e do atual presidente da ACBB, Edgard Bressani.

Como motivador adicional, há o apoio da ABIC – Associação Brasileira da Indústria do Café para a barista que representará o Brasil no mundial.

O Coffee in Good Spirits é um campeonato dirigido aosbartenders com vocação para barista (ou talvez, baristas com vocação para bartenders…), cujo desafio é o de criar bebidas à base de café combinadas com alcoólicos (daí o nome “Spirits”, que em inglês designa bebidas com elevado teor alcoólico, como o rum, cognac e outros), além do tradicional Irish Coffee. O grande vencedor foi o Marco de La Roche, ficando o conhecidíssimo Rabitt na segunda colocação. 

O Campeonato de Lattè Art teve como vencedor o Eder Ferreira, da Blend Express, de São Paulo, seguido pelo Denis Jerônimo, do Octávio Café, de São Paulo.

Finalmente, houve a primeira edição brasileira do Campeonato de Cup Tasters.

Esta prova é baseada num dos exercícios que os profissionais treinados na Metodologia SCAA de avaliação de café realizam à exaustão: a comparação usando a técnica da triangulação.

São postas 3 xícaras em cada um dos 8 grupos, dos quais duas contem o mesmo café, enquanto que a terceira tem um outro. Os competidores tem até 8 minutos para descobrir qual das xícaras é a diferente em cada trio. Os cafés são preparados na forma de café de coador, com a concentração em torno de 6% na extração.

A final foi muito disputada, mas vencida com méritos pelo Paulo César Junqueira da Silva Junior, que é juíz SCAA  e conhecidíssimo como PC, da Coocarive, MG, que acertou os 8 testes da mesa final. A vice-campeã foi a Marcia Shimosaka, da AMSH, que teve 6 acertos.

É sinal que o Brasil está entrando definitivamente na esteira dos cafés especiais.

Melhores profissonais, melhor para o mercado, excelente para o consumidor!

Stephen Morrissey em São Paulo

Thiago Sousa

Cada ano que passa, ganham importância as competições de baristas, pois são eventos que promovem o aprimoramento desses profissionais.

Neste último final de semana, desembarcou em São Paulo o Campeão Mundial Barista de 2008, o divertido irlandês Stephen Morrissey.

Simpaticíssimo, alto astral e extremamente habilidoso, Stephen veio ao Brasil para ministrar workshops para baristas e juízes de competições de baristas a convite da ACBB – Associação Brasileira de Café e Barista.

Nesta foto estamos Stephen e eu, seu Coffee Traveler.

Nas instalações do Octavio Café, sob a batuta daCompanheira de Viagem Silvia Magalhães, nossa barista campeoníssima do Brasil, Stephen fez algumas performances para que tanto baristas como juízes de baristas pudessem conhecer mais sobre os aspectos a serem julgados em uma competição.

Ele disse que foi uma decisão difícil que tomou, pois hoje como juiz de baristas é obrigado a deixar as competições por 2 anos. Porém, o fato de ter chegado a campeão mundial, diz Morrissey, seu julgamento de espressos, lattès e baristas, hoje, é muito facilitado, pois sabe exatamente onde os pecados podem acontecer…

No vídeo abaixo você pode ver Stephen Morrissey extraindo espressos:

AeroPress: quando menos é muito mais!

Thiago Sousa

A genialidade normalmente se expressa nas coisas mais simples.

É o caso do AeroPress, um sistema incrível de preparar café!

Desenvolvido pela Aerobie (www.aerobie.com), de Palo Alto, CA, USA, empresa dedicada a criar e desenvolver brinquedinhos esportivos como os famosos “discos que voam” (frisbies), anéis e até io-ios high tech, graças à paixão pelo café que seus designers tem.

O que surpreende é que, além da simplicidade e, é claro, genialidade do conceito, o resultado na xícara é fantástico!

Veja nesta foto que os componentes são de fácil manejo e feitos com peças robustas.

Na realidade, é como se fosse uma grande seringa de injeção, quando um êmbolo pressiona o fluido uniformemente e na velocidade que cada um deseja. O fundo do recipiente, que lembra o tubo de uma seringa gigante, possui uma grade por onde o café escoa, ao mesmo tempo que serve de local para acomodar o papel filtro.

Este equipamento me foi apresentado pela sempre belaCompanheira de Viagem Isabela Raposeiras, nossa Barista n. 1, posando orgulhosa com seu achado.

Para compreendermos o que o AeroPress é capaz de fazer, foram preparados dois cafés, um produzido na microrregião vulcânica do Chapadão de Ferro, em Patrocínio, MG, pelo produtor Ruvaldo Delarisse, que é um Mundo Novo que apresenta notas aromáticas florais a rosas e um Kenya AA, torrado pelo pessoal do Coffee Collective, trazido pela Isabela.

Posso dizer que a degustação foi arrebatadora!

Nas duas preparações os aromas se mostraram claros e potentes, além de que o sabor na xícara apresentou perfeitamente todas as nuances desses incríveis cafés. Particularmente, o Kenya AA foi um dos melhores lotes que provei nos últimos tempos, com uma torra muito bem conduzida e que conseguiu transformar nossas bocas em verdadeiras passarelas de diferentes sabores.

Ficou claro que o AeroPress é o caso de quando menos é muuuito mais!

Isabela está trazendo um lote de AeroPress para o Brasil e logo mais colocará à disposição aos ”loucos” por café. Seu contato é 11-3375-7400, em São Paulo.

Veja o vídeo sobre como usar o AeroPress através deste link

 http://www.aerobie.com/Products/aeropress.htm

PS.: A propósito, para os que tem curiosidade sobre cafés africanos, recomendo a bela oportunidade que a Isabela está oferecendo para uma degustação de alguns lotes que ela trouxe de seu curso de torra.

Relationship Coffees by Ritual

Thiago Sousa

Um dos conceitos que melhor representa o segmento dos Cafés Especiais é o chamado Relationship Coffee ou Café de Relacionamento.

Afinal, “dar um rosto” a uma bebida é dar transparência sobre o trabalho que uma torrefação faz, é mostrar que existe alguém de verdade por trás dos grãos que irão emocionar em cada gole degustado…

O fundamento deste conceito é estabelecer uma conexão entre produtores e os torrefadores de especiais, que, por sua vez, farão a conexão final com os consumidores.

Hoje, por exemplo, dia 06 de fevereiro, está sendo apresentado pelo Ritual Coffee Roasters(www.ritualroasters.com), uma micro-rede premium de cafeterias da região de San Francisco, os cafés produzidos pelo já famoso Mr. Zinho, que produz o Café Zinho, nos espinhaços de Campos Altos, MG. Na realidade, o sempre divertido Sr. Sidnei Souza é pai do meu super Companheiro de Viagem Bruno Souza, quehoje está baseado em Portland, OR, USA.

Ritual Coffee Roasters iniciou suas operações em maio de 2005 e desde 2007 vem despontando como um celeiro de grandes profissionais, com destaque especial para seus baristas.

Ryan, nesta foto com feição iluminada após a visita à Fazenda São João, do pequeno produtorReginaldo Silvoni, em Coromandel, MG, é um dos responsáveis pela criteriosa seleção de cafés que compõe o menu do Ritual. Por exemplo, este lote de café foi particularmente muuuito elogiado por Kenneth Davis em sua avaliação registrada em maio de 2008, que pode ser conferida através do www.coffeereview.com.

Conviver com o produtor é parte de um importante roteiro de trabalho para melhor conhecer o café que será servido e degustado por ávidos “loucos” pelo nosso “pretinho básico”. Pois sim, o café é muito mais do que uma simples bebida,  podendo incorporar cultura, estórias e muita emoção em cada xícara. É essa a essência do relacionamento…

Para finalizar, veja um vídeo sobre espresso com Chris Bacca, um dos grandes baristas do Ritual:

Bebi e gostei! – 3: Transcend Coffee, Priscila do Cerrado

Thiago Sousa

A palavra “Transcender”, segundo o Dicionário Aurélio, pode significar “Exceder, Ultrapassar, Distinguir-se, Evidenciar-se ou Passar além”.

Nesta última semana estive com um jovem casal, em plena Lua de Mel, vindo da região dos Prados Canadenses, Chad e Thea.

Numa viagem mesclando “Pleasure & Business”, Chad Moss, que é o Roaster Master do Transcend Coffee (veja nos Links), de Edmonton, Canada, escolheu o Brasil para conhecer algumas das origens com as quais ele magistralmente trabalha.

Chad viveu alguns anos em Adelaide, Australia, onde conheceu a doce Thea e desenvolveu diversos trabalhos na indústria do café especial. De retorno ao Canada, foi convidado pelo Poul Mark para integrar o time do Transcend Coffee. Após acumular vitórias no Campeonato Barista do Sul da Austrália, chegara o momento para experiências na região dos Prados Canadenses. Sua experiência no espresso aproximou-o também da Gastronomia, chegando a lecionar sobre preparos de espresso no Adelaide Culinary Institute.

Quando iniciamos uma série de degustações com diferentes origens brasileiras que eu havia selecionado para esta ocasião, Chad presenteou-me com um pacote de Transcend Coffee Priscila do Cerrado.

Fiquei particularmente surpreso com a torra que o Chad aplicou nesse lote de café, com ponto próximo a #55 SCAA-Agtron. Decidi preparar o Transcend Coffee Priscila do Cerrado comoBrewed Coffee via coador de papel. Ao colocar a primeira água, a expansão dos óleos sobre o pó foi muito expressiva, denotando a perfeita conservação proporcionada pelo filme.

O aroma com toques de frutas amarelas e um caramelo de fundo era muito intenso. O sabor teve como primeiro ataque deliciosa fruta amarela, com predominância do maracujá, seguido de aveludado caramelo e delicada presença cítrica junto com um arrebatador chocolate ao final.

Doce e encorpado, sem nenhuma aresta, extremamente agradável. Apenas senti que sua finalização era inesperadamente curta devido à estrutura que se apresentara, com um corte que considerei abrupto. Como nota global, sem dúvida 85 pontos SCAA sem pestanejar!

Belo café.

Para finalizar, uma curiosidade: o nome “Priscila” tem origem no nome da filha de um grandeCompanheiro de ViagemWaldimir Sousa, da Blaser Trading, Miami, FL, USA. 

E Priscila tem sua figura estampada em cada saca de café contendo esse padrão de café.

Bebi e gostei! – 2: Octavio Café

Thiago Sousa

A cafeteria do Octavio Café, na região dos Jardins em São Paulo, é  considerada um marco dentro no novíssimo movimento de Cafés Especiais no Brasil devido ao seu conceito inovador, serviço cuidadoso, ambiente no mínimo deslumbrante e um time de profissionais de grande reconhecimento pelo mercado.

Em mais uma visita à casa, que fica à Avenida Faria Lima, 2996, pedi um espresso curto.

Aliás, normalmente gosto do curto para verificar a estrutura da crema, sua cor e consistência, além de resumir nesses preciosos 25 a 30 ml  a qualidade dos grãos e do serviço.

E fui surpreendido por um delicioso e, diria, ousado blend, pois haviam características da variedade Obatan. Esta planta, na realidade, é resultante de uma formulação genética que contem variedades da espécie Coffea arabicamescladas com híbridos da Ilha de Timor, que são plantas derivadas da espécie Coffeea canephora.  Dentre os híbridos mais conhecidos estão oCatimor e o Sashimor.

Bem, voltando ao interessantíssimo blend do Octavio, a variedade Obatan confere ao aroma um sutil toque herbáceo, melhor percebido na composição do sabor. Estas notas de carater herbáceo, que arremetem a notas exóticas como alcaçuz e uma delicada menta, deu personalidade muito particular aoblend, desenvolvido ousadamente pelo João Guilherme Pires Martins e a Silvia Magalhães.

Sobre a festejada Silvia Magalhães comentários podem ser dispensados, porém há uma curiosidade acerca do João Guilherme, que foi um dos arquitetos do conceito Octavio Café: agrônomo por formação, desde a época da faculdade era um apaixonado pelo café, tendo inclusive uma marca com o divertido nome King Coffee!

Com uma excepcional capacidade de concentração e visão estética, harmoniosamente aperfeiçoadas com os anos de prática de Bonsai, João complementa, assim,  a elegante ousadia e rigor técnico da Silvia em blends para surpreender.

Que bela dupla, não?!

Café de Colombia versus Mother Goose

Thiago Sousa

Marketing é também a arte da promoção.

A poderosa Federación Nacional de Cafeteros de Colombia, que coordena os trabalhos de mais de 500 mil famílias de produtores de café daquele país, está acionando judicialmente o famoso cartunistaMike Peters, que produz entre outras a tira Mother Goose & Grimmy, publicada em diversos jornais nos Estados Unidos.

A ação impetrada pela Federación, cujo símbolo é o “cafetero” Juan Valdez, é coisa de gente grande: 20 milhões de dólares por prejuízos à imagem!

Tudo foi originado a partir de uma tira publicada no última dia 02 de janeiro, que reproduzo a seguir:

Mother Goose: “Humm… Um fresquinho café colombiano pela manhã.”

Grimmy: “Há um grande crime organizado na Colômbia, você sabe…”

Grimmy: “Então, quando dizem que há um pedacinho do Juan Valdez em cada embalagem, eles não estão brincando.”

Grimmy: “Por quê você está bebendo chá?”

Mother Goose: “Nem me pergunte…”


A Federación acredita que o fato de ligar a violência com o Café de Colombia afeta diretamente sua imagem de qualidade e cultivo organizado construído ao longo de muitos anos e altos investimentos. Consideraram muito ofensiva a tira.

Mike Peters, que já recebeu um premio Pulitzer, se desculpou publicamente, porém talvez tarde demais. Por outro lado, suas tiras nunca foram tão procuradas como agora!

Nada como uma controvérsia para gerar burburinho e… promoção!

Para saber mais sobre a Federación, você pode acessar www.cafedecolombia.com.

Sobre o trabalho de Mike Peters (com algumas tiras simplesmente antológicas!), visite www.grimmy.com

Mensagens de Natal

Thiago Sousa

Escolhi alguns cartões, dentre os muitos que recebi (e por isso sou muito grato!), para mostrar para vocês.

São imagens belíssimas e mensagens com muito alto astral!

Para o último deleite do ano…

1. Este criativo cartão é da fotógrafa Evelyn Müller, de SP.

2. Com uma bela composição ao natural, este é o cartão da Rainforest Alliance.

3. Elegante, inspirador e (porque não?) estimulante cartão do Café do Porto, da Companheira de Viagem Cláudia, de Porto Alegre,RS.

4. The last, but not the least… Cartão da SCAA com maravilhosa foto do Companheiro de Viagem Tony KonecnyThe Coffee Evangelist.

Uma campeã de olhos puxados…

Thiago Sousa

A Etapa Paulista do Campeonato Brasileiro de Barista, que se encerrou no último dia 18, teve como campeã a nissei Cecília Megumi Sanada, do Octavio Café, SP. Na foto abaixo, do Luis Paulo Alexo, Cecília comemora o título erguendo o troféu recebido.

Esta Etapa, talvez a mais concorrida justamente pelo fato do Estado de São Paulo concentrar o maior número de empreendimentos e profissionais, alguns com experiência internacional, teve lugar na Nova Equipotel, no Anhembi, SP.

Cecília, que completa um ano nesta nova profissão, apresentou como drink de criação própria um denominado Gueixa, onde teve um sutil toque sua descendência nipônica ao empregar o chá verde para criar um contraste inusitado de sabores.

Esta Etapa teve como segundo colocado o Bruno Ferreira Silva, do Suplicy Café, e, na realidade, os cinco primeiros postos foram preenchidos por profissionais dessas duas grandes casas: 2 para os do Octavio Café e 3 para os do Suplicy. Isto demonstra o grande investimento que está sendo feito para formação de excelentes “Profissionais da Arte do Serviço de Café”.

Ou seriam “Profissionais do Serviço de Café com Arte”?…

Para finalizar uma curiosidade: Cecília, anteriormente ao trabalho no Octavio Café, era cabeleireira, porém o seu encontro e coaching com a campeoníssima Sylvia Magalhães, segundo ela, mudaram sua vida!

Brazilian coffee & Japan: 100 years of History

Thiago Sousa

No post anterior comentei sobre uma latinha com café pronto para beber comemorativa aos 100 anos da Imigração Japonesa no Brasil

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Este produto em particular foi desenvolvido pela empresa UCC – Ueshima Coffee Company, que é a indústria de torrefação líder no Japão.

Gostaria de fazer mais um comentário sobre a latinha: se você conseguir adquirir uma, perceberá que a gravura do navio Kasato Maru está em alto-relevo!

Diversas tecnologias para aplicação de tintas especiais têm sido utilizadas nessas latinhas, criando efeitos visuais e táteis muito interessantes.

Ainda hoje, já descontadas as 12 horas adiantadas em relação ao horário de Brasília, meu amigo e Companheiro de ViagemSyouta Takemoto passou o link correto para visualizar informações sobre esse interessante produto:

http://www.ucc.co.jp/tankyu/b9_products.html

Takemoto san, como é conhecido, hoje uma das importantes pessoas da empresa UCC, viveu alguns anos no Brasil, quando fez, inclusive, seu curso de classificador de café em Santos. Sua paixão pelo Brasil é muito grande!

Nesta foto, ainda que de perfil, está Takemoto san durante o exame que juntos prestamos para nos certificarmos como Juízes SCAA.

Caso você não tenha domínio do japonês, ao menos poderá apreciar as belas fotos da propriedade do Sr. Shimosaka, que fica em Carmo do Paranaíba, MG.

Remembering Ward Barbee… (Lembrando Ward Barbee…)

Thiago Sousa

No último dia 05 de agosto completou-se 2 anos que estamos sem o impagável Ward Barbee.

Ward era o  publisher da Fresh Cup Magazine e um incansável defensor dos excelentes cafés e, principalmente, dos seus produtores, ainda mais se fossem os de pequena produção.

Ward foi uma típica figura dos anos 60-70, que viveu intensamente o Flower Power, embalado ao som de San Francisco, de Scott Mackenzie, ou de um alucinante solo de guitarra do Jimi Hendrix em Little Wing. Essa vivência o fez ainda mais aberto às experimentações, buscando sempre inovações em tudo.

Nesta foto ao lado, que foi tirada exatos 30 dias em Charlotte, antes de sua retirada para as Cafeterias Celestiais, Ward está ladeado por Bruno Souza, da BECCOR, e eu, seu Coffee Traveler.

Desde o seu início, o Movimento dos Cafés Especiais no princípio dos anos 80 liderado pelo pessoal da chamada Bay Area, na California, que culminou com a fundação da SCAA– Specialty Coffee Association of America, teve em Ward um dos seus mais legítimos porta-vozes. Juntamente com a amiga Jen Weigel fundou a hoje emblemática Fresh Cup Magazine em 1992, tornando-se a mais influente revista sobre Cafés Especiais no mercado.

Carisma e uma magnética personalidade que criava sempre uma atmosfera divertida e vibrante, Ward nos seus últimos anos passou a defender junto aos consumidores o “verdadeiro motor da indústria dos cafés especiais”, segundo ele, que são os produtores e seus cafés.

Segundo ele, de nada adianta glamour e brilho, marketing e sofisticação se os produtores de café, principalmente os pequenos que ficam em quase isolados rincões nos mais diversos países, não participarem da “festa”!

Nesta irreverente foto, junto com sua jovial companheira Paula, vemos Ward de costas “mostrando” seu lado imprensa…

Foi sua única vinda ao Brasil, em outubro de 2005, quando falou aos cafeicultores no Cerrado Mineiro sobre essa sua visão de mercado.

Então…Viva Ward!!!

Uma delícia de blog no pedaço!

Thiago Sousa

Pois é, um novo Blog para “loucos” por café no pedaço!

É a vez do “Vinho, Café e Outras Delícias”, deliciosamente escrito pela Letícia Ramos.

Letícia, esta bela garota ao lado do Manoel Beato, deixou seu trabalho como barista em São Paulo e assistente do Manoel para, depois de um divino repente, seguir para uma temporada nos Estados Unidos para se aprofundar no mundo dos cafés especiais, além de, por estar na West Coast, conhecer a Wineland norte-americana.

Jovem, mas decidida, Letícia escreve suas experiências nesse “novo mundo”, muitas das quais com pessoas e locais que vocês já conheceram em nosso blog. 

Recomendo a visita, cujo link está no menu ao lado, pois releituras e novos temas são sempre “delícias” para serem apreciadas…

Kyle Glanville: Perfomance em São Paulo

Thiago Sousa

Kyle Glanville, campeão do USBC 2008 – United States Barista Championship, este recentemente no Brasil percorrendo diversas origens de café.

Ao final de uma exaustiva viagem, quando juntos rodamos mais de 3.600 km em 8 dias, o ponto final foi a cidade de São Paulo, para um breve descanso antes do vôo de retorno para Los Angeles.

O local escolhido como último “stop” foi a cafeteria do Octavio Café, na Av. Faria Lima. Sua arquitetura única, cujo formato visto pelo topo lembra um desenho em rabisco de um grão de café, abriga uma das mais sofisticadas cafeterias da atualidade. E digo isso em termos globais!

Para “matar a saudade”, Kyle fez uma pequena perfomance preparando cappuccinos para vários amigos.

Veja neste pequeno vídeo, tendo alguns slides de origens visitadas na abertura, Kyle desenhando com incrível facilidade um triplo coração com leite vaporizado.

Deguste!

Cafeicultura dos pequenos – 2

Thiago Sousa

Ainda sobre os Pequenos Produtores de Divinolândia, vale a pena comentar sobre a família do Silvio Minussi.

Divinolândia é um município que se caracteriza por sua micro-região montanhosa, encravada entre a mineira Poços de Caldas e a paulista São Sebastião da Grama. A altitude média das lavouras é de 1.200 metros, chegando a 1.400 m, conforme viu-se no post anterior. Esta grande altitude, que a princípio traz algumas dificuldades operacionais aos cafeicultores, é, também, o seu grande trunfo, pois não há outra origem que combine grande Latitude com Altitudes tão elevadas no Brasil.

A Família Minussi tem pequenas lavouras de café, em torno de 10 hectares totais, numa escarpa que oferece uma deslumbrante visão, sendo que eles optaram por se certificarem como produtores orgânicos.

Silvio comentou que a opção para essa certificação foi que, pelo tamanho da propriedade, ele e o irmão entenderam que seria um dos elementos que poderiam agregar valor à sua produção. No entanto, desde o princípio, se conscientizaram de que, apesar da demanda crescente para produtos orgânicos, não poderiam se descuidar da qualidade.

Sim!

Essa visão foi surpreendente, pois vindo de pequenos produtores, que teoricamente possuem menor conhecimento e acesso ao mercado, sempre se espera uma atitude mais passiva. Mas, o conjunto de produtores de Divinolândia tem uma motivação diferente e é onde eles podem alcançar grande sucesso.

Para mostrar que estão profundamente comprometidos com a qualidade, Silvio mostrou seu pequeno terreiro suspenso coberto.

Tudo foi feito pelos próprios irmãos e a qualidade dos grãos esparramados sobre as telas demonstram o cuidado e senso de observação no momento da colheita.

Outro detalhe: são as próprias esposas que mexem o café (!), com um carinho e atenção que é peculiarmente feminino.

E preocupados com todos os detalhes, os irmãos se revesam nas tarefas, mas sob a batuta do Silvio.

Esse seu terreiro suspenso, que é o primeiro da região, já provoca grande interesse entre os outros produtores, que estão enxergando uma poderosa ferramenta para auxiliar na obtenção de cafés de excelente qualidade.

Apesar da “pirambeira” que é a pequena propriedade, cujo retorno à entrada sempre é feito de trator, quando não a pé, de tão íngreme é a topografia, os espaços foram muito bem aproveitados pelos Minussi.

Os cafés secos ficam armazenados num pequeno depósito recém-construído, todos com sua umidade verificada para que não aconteçam problemas nos grãos.

Outro detalhe: todos os pequenos lotes são identificados e todos os processos e operações registrados num caderno. Simples, porém eficiente porque é feito imediatamente!

Os Minussi se monstram muito esperançosos com os esforços, pois comentaram que “acreditam que o mercado quer mais qualidade porque, na verdade, todo mundo gosta de coisas melhores…”

Essa observação pode ser conferida com o orgulho estampado no rosto do Silvio ao apresentar uma amostra beneficiada de um dos lotes reservados da sempre excelente variedade Catuaí Amarelo – 62.

Como já comentei, rimar sustentabilidade com prosperidade é a chave. Mas, para acioná-la, a “cabeça” tem de estar preparada…

Carinho e criatividade: Cafeicultura dos pequenos -1

Thiago Sousa

Com a disseminação de conceitos que são levados pelas certificações, os produtores agrícolas, em geral, estão se familiarizando com as diversas normas de produção, que envolvem aspectos referentes às Boas Práticas Agrícolas (BAP).

Estas chamadas Boas Práticas recomendam o criterioso emprego dos defensivos agrícolas, que são principalmente os herbicidas (“os que matam ervas”) e inseticidas (“os que matam as pragas = insetos”), além dos eventuais fungicidas (“os que exterminam os fungos = fontes de doenças”). Outros aspectos, como o uso de equipamentos para proteção no momento da aplicação desses produtos, bem como o equilibrado emprego dos adubos e dos cuidados durante a colheita, acabam influindo positivamente na obtenção de produtos agrícolas de melhor qualidade.

No caso do café, as principais certificações em voga como a Rainforest, que possui um rigoroso protocolo para os aspectos ambientais, a Utz Certified, que funciona semelhante a um modelo ISO de processos, além da Produção Orgânica eFair Trade (= Comércio Justo) também são muito atentas aos procedimentos agronômicos, pedindo, por exemplo, a separação de produtos alimentícios, que no caso são os grãos de café, dos defensivos.

Observe que é o simples emprego do “Bom Senso”… não se mistura, por exemplo, sabão em barra com um pacote de açúcar numa mesma sacola!

A micro-região onde está o município paulista de Divinolândia caracteriza-se pela sua cafeicultura de pequenos produtores, onde a média é da ordem de 5 hectares por produtor.

Para se ter idéia, chega a ser muito menor do que muitas das áreas médias de glebas (frações identificadas de lavouras) de grandes produtores. Na região do Cerrado Mineiro, por exemplo, as glebas ou talhões em média têm de 15 a 20 hectares!

Localizada na mesma escarpa onde está a mineira Poços de Caldas, as altitudes de produção de café em Divinolândia são possivelmente as mais elevadas do Brasil, pois sua média situa-se em torno de 1.200 m acima do nível do mar, 100 metros a mais, por exemplo, que as lavouras da Serra da Mantiqueira, MG. Assim, um clima privilegiado com efeitos amplificados pela altitude propicia cafés excepcionais.

Mesmo tendo em sua quase totalidade pequenos produtores, os cafeicultores de Divinolândia procuram atender os requisitos das principais certificações.

É o caso do Ivan Santos, cuja lavoura de café está a quase inacreditáveis 1.400 metros de altitude.

Com um capricho imenso, Ivan pessoalmente conduz a colheita, junto com o seu pai, e cuidadosamente faz o descascamento dos cerejas, que seguem para a seca nos terreiros concretados. A primeira foto mostra os grãos ainda envoltos por uma fina casca denominada “pergaminho”, que é constituída basicamente por celulose.

Para melhor preservar o seu café seco, Ivan forrou literalmente o pequeno cômodo de madeira que funciona como armazém com embalagem de leite longa vida. Incrível, não?

Ou seja, o Ivan conseguiu um excelente resultado usando sabiamente sua criatividade…

Aliás, por falar em criatividade, observe esta foto abaixo. É uma pequena vila ou “Corrutela” (como dizem os locasi) próximo ao Ivan. Para que a seca dos grãos, algumas famílias usam a própria rua como terreiro literalmente asfaltado!

Eu diria que, neste caso, já se trata de um abuso de criatividade…