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São Paulo

The Coffee Traveler by Ensei Neto

ORIGEM

True stories from coffee people: Gente do café – 4

Daniel Kondo

Alguns povos acreditam que o nome é uma das coisas mais importantes na vida de uma pessoa, podendo muito dizer de sua personalidade ou mesmo do futuro que a espera. Os japoneses, por exemplo, costumam antes do nascimento do rebento conversar com os monges para que um nome seja sugerido, evocando, de preferência, um futuro próspero. A escolha, nesse caso, leva em conta o uso dokanji, que são ideogramas e que representam uma idéia ou conceito.

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É muito comum que o filho mais velho tenha em seu nome o sufixo ichi (pronunciado como “iti”), que significa primeiro, como Junichi ou Kenichi.

Livros com significado dos nomes são sempre hits de vendas entre os novos futuros papais!

A estória real de Michael Freitas é cheia desses significados. Soteropolitano, deixou Salvador há mais de uma década atrás em busca de um sonho louco: plantar café. Michael é técnico em eletrotécnica e durante muito tempo se dedicou a mexer com vídeos players, equipamentos de som e vídeo K-7, sendo um fã de seriados japoneses como Ultraman & a Patrulha Científica.

Numa atividade que de início não lhe deveria ocupar tanto tempo, a cafeicultura passou a ser o seu principal negócio e sua vida.

Na pequena PiatãChapada Diamantina, encravou-se nas escarpas à Oeste da cidade, na propriedade que tem o nome de Fazenda Divino Espírito Santo. Essa região, que hoje vem ganhando respeito junto à indústria nacional e internacional pelos ricos sabores de seus cafés, fica na faixa de 12° de Latitude Sul, com altitudes que se aproximam de impressionantes 1.400 m acima do nível do mar!

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Com lavouras parcialmente sombreadas, cuja presença de grevíleas é uma constante e que considero altamente recomendável para essa região, a paisagem dominante lembra a de Antígua, Guatemala que fica exatamente à mesma latitude, só que no Hemisfério Norte. Sem dúvida, essa feliz combinação pode explicar um pouco da deliciosa complexidade dos cafés de Piatã.

Levado por seu espírito essencialmente empreendedor, Michael iniciou uma constante busca de conhecimentos avançados sobre a cafeicultura, desenvolvendo fortes laços com pesquisadores e diversos outros especialistas, conseguindo fazer de sua pequena propriedade , que tem pouco mais de 10 ha cultivados de café, num impressionante campo experimental. Variedades raras em nosso país, outras escolhidas por rigoroso critério técnico, uso de irrigação localizada e interessantes experimentos de secagem compõem o vasto arsenal de tecnologia da Fazenda Divino Espírito Santo!

O especial cuidado de Michael com a qualidade dos grãos tem lhe rendido excelentes colocações em concursos nacionais de qualidade, estimulando-o a alçar vôos mais ousados.

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Sua esposa, a vibrante Patrícia, aqui junto com a caçula Cecília, fez um curso básico de avaliação de café para responder pelo controle de qualidade da nova atividade da família: uma torrefação artesanal.

Artesanal de início e que  a segunda foto, onde Michael posa orgulhoso ao lado de um pequeno torrador cilíndrico, mostra o quão empreendedores são eles.

Somente um espírito muito tenaz e persistente pode levar uma pessoa a torrar mais de 12 toneladas (isso mesmo: 12 TONELADAS!) de café nesse primitivo torrador e distribuir belos cafés Bahia afora. Hoje, a pequena indústria com um novo equipamento de 30 kg, datadora hot stamp e outros avanços considerados praticamente impensáveis até a pouco tempo.

Com as novas e exóticas variedades entrando em produção, certamente excepcionais microlotes também poderão ser divididos com loucos por café de todo o Brasil muito em breve…