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São Paulo

The Coffee Traveler by Ensei Neto

ORIGEM

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Aeropress: Testes – 3

Daniel Kondo

Vou fazer comentários, agora, sobre 2 testes usando o Aeropress.

O primeiro foi com um café de Lajinha, MG, junto à Serra do Caparaó.

É nessa serra que fica o Pico da Bandeira, que durante muitos anos, até que houvesse a descoberta do Pico da Neblina, no extremo norte do Brasil, reinou como o ponto culminante do nosso país.

Esta serra se destaca pelas formas majestosas das montanhas, como o que se vê nesta foto. Cortes inesperados, curvas exuberantes. Além de muito da Mata Atlântica ainda preservada.

Com uma cafeicultura de pequenos produtores em propriedades entre a vegetação nativa da Serra do Mar, as lavouras ficam em altitudes que variam de 950 m a 1.350 m, isto a uma latitude de 18. Sul. De uma seleção de Mundo Novo feita pelaCooperativa de Produtores de Café de Lajinha, certamente uma das maiores do mercado congregando pequenos produtores, torrei um lote de cerejas descascados. Seu aspecto torrado ficou belíssimo, lembrando muito cafés do Leste Africano como Ethiopia ou mesmo de Uganda.

Fiz uma moagem fina, típica para espresso e começamos a extração na Aeropress. Ao fazer a infusão, o aroma literalmente explodiu com suas notas florais cítricas muito elegantes. O melhor resultado foi com um aguardo de 1 minuto antes de aplicar pressão no êmbolo. Na xícara, o resultado foi fantástico: o aroma, talvez liberto da crema, mostrou-se potente, porém com muitas sutilezas florais. O sabor se mostrou complexo, como era de se esperar, iniciando com um delicado toque floral a flores brancas, seguido de um intenso frutado cítrico a limão galego, que lembrou um etíope Yergacheff, secundado por grande doçura como caramelo e amêndoas. O corpo ficou ainda mais intenso, aveludado. Finalização perfeita!

O Aeropress trouxe notas inesperadas florais para o sabor que se perdem no espresso, conforme testamos anteriormente. Ponto para o AEROESPRESSO!

O segundo café foi produzido em Carmo de Minas, MG, pelo Otaviano Ceglia. Um belo Bourbon Amarelo cultivado a mais de 1.150 m de altitude. Esta foto foi tirada dessa lavoura, avistando a cidade ao fundo.

Em maior latitude que Lajinha, quase 23. Sul, este lote teve um período de produção mais longo do que o do primeiro café, trazendo outras notas de sabor e aroma, que se mostrou muito potente. O floral cítrico, adocicado, tomou conta do ambiente quando a água foi vertida no Aeropress.

Também, o melhor resultado na xícara foi obtido com o aguardo de 1 minuto antes de iniciar a pressurização. Para você ter idéia, foram feitas baterias com os seguintes pontos: 30 segundos (afinal, é ou não um espresso?), 1 minuto, 1 min e 20 segundos;  1 min e 45 segundos.

Com 1 minuto houve equilíbrio entre o tempo de espera, a interação da água com o pó, resultando numa extração muito boa, e o resultado global final. Ou seja, foi a melhor relação, digamos assim, “espera-benefício”.

O sabor do café produzido pelo Otaviano era de uma complexidade exemplar, o que lhe garantiu o 6. lugar no último certame Cup of Excellence Brasil. Notas cítricas dominaram desde o primeiro instante, mas secundadas por frutados como uvas itálicas, refrescantes e ao mesmo tempo “cheias”, e finalização a caramelo e avelãs. Talvez pelo tempo (afinal o teste foi agora em junho), a finalização já demonstrava um pouco da perda de seu melhor perfil. No entanto, a acidez bastante elevada foi o destaque, intensa sem ser agressiva. Desceu redondamente bem…

Para mim, o Aeropress demonstrou que é realmente um serviço novo e que pode dar grande vazão às experimentações aos “loucos” por café.

Eu recomendo!