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São Paulo

The Coffee Traveler by Ensei Neto

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Das belezas do Baturité

Thiago Sousa

Que o Brasil é um país cheio de surpresas, disso não há dúvida!

Um bom exemplo disso está no Ceará, Estado geralmente associado ao seu Verde Mar, sempre deslumbrante, ou ao castigadamente árido sertão cantado por seus cantadores tradicionais.

Minha ida ao Ceará foi para conhecer uma região ainda mais surpreendente, uma vez que não tem nada a ver com a orla das suas belas praias e nem com paisagens desérticas. O destino era o Maciço do Baturité, cerca de 110 km distante de Fortaleza, onde está uma das cafeiculturas mais antigas do Brasil e, de quebra, a mais próxima da linha do Equador.

Uma viagem de pouco menos de duas horas, pois boa parte se desenrola entre subidas e descidas tortuosas, mas que a partir de Fortaleza é, como disse o Companheiro de Viagem Ricardo Moura, jornalista da EMBRAPA Agroindústria Tropical, um cardápio completo das paisagens cearences: a Praia, o Sertão e a Floresta Tropical! 

A parte do Sertão que atravessamos não é propriamente o do Semi Árido, pois é bem mais bem servido de chuvas, permitindo o plantio em larga escala do cajueiro. A partir da pequena cidade de Redenção, que recebeu este nome por ter sido a primeira região brasileira onde os escravos foram libertados pelos seus senhorios antes da Lei Áurea, inicia-se a subida do Maciço do Baturité. A paisagem muda rapidamente, tendo presença de árvores de grande porte e uma paisagem que lembra muito a Mata Atlântica que conhecemos no Sudeste Brasileiro. Segundo os especialistas, essa cadeia, bem como outras próximas, mescla plantas típicas da Amazônia com as da Mata Atlântica.

A cidade de Baturité é a maior das que compõem este maciço com pouco mais de 30 mil habitantes, sendo o seu Portal por estar nas áreas baixas. Os nomes dos municípios dessa micro região serrana são de origem indígenas, soando divertidos:  PacotiGuaramirangaMulungu e Baturité

Do alto da serra, a pouco mais de 800 metros de altitude acima do mar, a vista é maravilhosa. Com uma elevação tão brusca no meio do Sertão do Semi Árido, o micro clima é muito mais ameno que no litoral, que somado à proximidade com Fortaleza, fez dessa área uma escolha natural para aqueles que querem fugir do calor. Para os cearences é o lugar perfeito para poder usar agasalhos, algo impensável na sempre ensolarada e quente orla marítma.  

Desse grupo de cidades, certamente a mais charmosa é Guaramiranga.

Pequena, com pouco mais de 4 mil habitantes, foi moldada pelos prefeitos para ser essencialmente turística. Possui uma boa infraestrutura hoteleira, com muitas elegantes pousadas, e um povo afeito a receber as pessoas. Para alavancar o turismo, foi feito um grande trabalho para a preservação da cultura local, seu artesanato, culinária e festividades. Tivemos a sorte de que era a época de São Pedro, com ótimos grupos tocando forró e muitas delícias como o munguzá, cuscuz de milho e o baião de dois com feijão de corda. Delícia!

Para se ter idéia, num dos butecos, podia ouvir jazz e blues de alto nível jogando sinuca e bebendo a cachaça da região… Num dos eventos de jazz, um dos músicos que brilhou foi o excepcional guitarristaStanley Jordan

E foi em Guaramiranga que nos encontramos com os cafeicultores da região e vários Companheiros de Viagem para o Simpósio de Revitalização do Cultivo de Café Agroflorestal do Maciço do Baturité.Mas, isto é o que vou comentar no próximo post