Garrafa térmica e café
Thiago Sousa
Preparar o café e em seguida colocar em uma garrafa térmica é um ato quase que contínuo.
A garrafa térmica tem a capacidade de manter praticamente estável a temperatura do que estiver em seu interior, que fica, em geral, num recipiente de vidro. Entre este reservatório e a estrutura externa há um vazio com baixíssima pressão atmosférica.
É esse quase vácuo que permite essa estabilidade da temperatura.
Esta xícara da belga Bodun é feita em vidro borossilicato, um vidro especial como o empregado em laboratórios, e possui um espaço entre as partes internas e externas com vácuo.
É o mesmo princípio que o das garrafas térmicas.
Há um outro sistema que emprega isolantes térmicos nesse espaço, feitas em fibras sintéticas, e mais comuns em garrafas próprias para camping.
Assim, mesmo com uma temperatura elevada, em torno dos 63°C, ao pegar numa xícara desse modelo, seus dedos perceberão outra temperatura, que é a ambiente. Ou seja, pode haver uma diferença de até 40°C em relação ao café!
É a confirmação de que o vácuo promove o isolamento térmico neste caso.
Nisso tudo, fica uma outra lição: ao se fazer o preparo do café, a água quente ao mesmo tempo que extrai diversas substâncias, provoca algumas reações e, sem dúvida, a mais importante é a de oxidação.
Sabe-se que o processo de envelhecimento dos seres vivos é provocado em parte pelas reações de oxidação, isto é, quando átomos de oxigênio ou outros chamados “radicais livres” ligam-se a outras moléculas. Por isso é que hoje há uma preocupação grande em se recomendar que alimentos anti-oxidantes façam parte da nossa dieta diária.
Só que dentro dos processos químicos, há uma regra que diz que “as reações têm sua velocidade duplicada a cada aumento de 10°C no sistema”.
Veja só: em média vimos que o café na garrafa térmica fica 40°C acima da do meio ambiente, que normalmente fica nos 25°C. Imagine, então, como as reações devem estar muito mais aceleradas!
Isso explica porque o sabor do café se altera dramaticamente numa garrafa térmica, principalmente se ficar muito tempo esperando ser servido.
Deve ficar claro que a qualidade da bebida tem enorme influência nisso, mas que café em espera numa garrafa térmica sofre rapidamente transformações em seu sabor, isso acontecerá sempre.
Há um pensamento muito interessante de um amigo costarricense: “O café cru dura anos, o café torrado em grãos, semanas; o café moído, horas; o café preparado, instantes.”
Faça como o Companheiro de Viagem Christian Wolthers, na foto: sirva em seguida o café após o preparo!
Além de tudo é um gesto de amizade e hospitalidade.