O Terreiro e a motoca
Thiago Sousa
Já comentei que o grão de café é um fruto e como tal é importante respeitar o seu ponto ideal de colheita, que corresponde à sua plena maturação, para se obter uma bebida de boa qualidade. Diferentemente de frutas como, por exemplo, a banana, o fruto do café, uma vez retirado da árvore, não prossegue com sua maturação.
Se colhido perfeitamente maduro, está com toda a qualidade possível, em termos de bebida. No entanto, a fase seguinte, que é o da secagem do grão, que tem seu ponto de finalização em torno de 11% de umidade, é decisiva para a manutenção da qualidade que potencialmente o grão carrega desde que foi destacado do cafeeiro.
O Brasil é um país que, devido à sua posição no globo terrestre, possui abundância de sol, mesmo no período que se denomina inverno, que coincide com o tempo de colheita do café.
Assim, o emprego de terreiros é comum em todas as fazendas de café e que criam toda a magia desse importante momento de seu ciclo anual. Podem ser pavimentados em concreto, asfalto ou mesmo tijolos.
Para que a secagem se processe de maneira uniforme, é recomendado que os grãos dispostos nos terreiros sejam movimentados a cada 50 minutos a 1 hora em média, seguindo sempre a direção do sol, que pode ser ajustada a partir do posicionamento da sombra da pessoa que faz o serviço, como pode ser observado nesta foto.
Este café é o denominado “Natural” porque sua secagem se faz mantendo a casca. Ao finalizar este processo, é chamado de “café em côco”.
Nesta outra foto, o café que está em secagem é o chamado “Cereja Descascado” ou, simplesmente, “CD”, como os produtores e técnicos o apelidaram.
É o café que teve sua casca externa retirada, ficando as sementes envoltas apenas por uma película interna denominada “pergaminho”, devido à coloração que lembra os famosos precursores do papel.
Esses grãos estão dispostos num terreiro suspenso, que é uma comprida tela que permite excelente ventilação.
No caso de fazendas que possuem uma grande produção de café, soluções mecanizadas vêm ganhando diferentes versões, desde o emprego de tratores até, como pode ser visto neste vídeo, motos de 50 cc, as chamadas “Cinqüentinhas”, que fazem um belo serviço: