Aeropress: Testes – 2
Thiago Sousa
Dando sequência ao preparo usando o AEROPRESS, após agitar o pó de café com a água quente dentro do cilindro, deve-se aguardar um pouco antes de iniciar o procedimento de prensagem.
Observe nesta foto a crema que fica na superfície do nosso café não pressionado.
Como a crema é formada por óleos de cadeia curta existentes no café, num sistema aberto, como corre no preparo em coador e na French Press, ela ficará na superfície. Sua coloração denota a qualidade da torra dos grãos do café, bem o frescor da torra, ou seja, se ainda há liberação de gás carbônico provenientes da reação de pirólise.
Sobre este assunto, você pode ver um pouco mais através deste link http://coffeetraveler.net/reflexoes-e-sugestoes/6-as-duas-mortes-do-cafe/ .
Alguns testes me revelaram que um bom período de espera antes de se colocar o êmbolo no cilindro do Aeropress varia de 30 segundos a 90 segundos. Quando comentar sobre os testes específicos com cada café, abordarei mais sobre este tema.
Com o êmbolo encaixado no cilindro, iniciei o procedimento de pressurização.
Usei uma caneca Bodun de parede dupla justamente para facilitar a visão do que ocorria na extração.
A borracha quefica na ponta do êmbolo é bastante justa, permitindo, no entanto, excelente acionamento. A contrapressão que o sistema exerce é impressionante!
Aos menos avisados, trata-se de um bom exercício físico, pois a resistência ao nosso acionamento é muito grande. Chega a ser divertido, como numa competição de empurrar…
É importante que o recipiente que recebe o café extraído seja resistente para não provocar acidentes. Veja nesta foto como fica uma pequena coluna de ar altamente comprimido entre o café e a base emborrachada do êmbolo.
Eis aqui o resultado: um encorpado café, transmitindo uma sensação tátil na boca que lembra o espresso, pois a bebida ganhou corpo.
Com grande diferença, fica a ausência da crema, retida no papel filtro.
A fase final da prensagem, quando o êmbolo toca na “bolacha” (como chamamos o pó de café compactado), ouve-se aquele ar que estava retido esvaindo-se.
Outro aspecto interessante é que o aroma se expressou muito bem após a extração, ou seja, o café na xícara ficou “completo”!
Minha única dúvida que ficou foi a de saber qual é a pressão que o êmbolo exerce durante a prensagem. Aparentemente é bastante grande, porém sem equipamentos adequados não há como mensurar.
Terminada a extração, tirei a tampa perfurada encaixada no cilindro. Em seguida, terminei de forçar o êmbolo, até que a ‘torta” ou “bolacha” saísse.
Nesta foto dá para ver como ela ficou.
A compactação ficou muito parecida com as das “bolachas” de máquinas de grupo!
Isso efetivamente me impressionou!!!
É incrível como o resultado na xícara lembra um serviço deespresso, porém, em meu entendimento, com maior riqueza de notas aromáticas, principalmente daquelas mais voláteis e que normalmente são preservadas quando o serviço utilizado é, por exemplo, o de coador.
Como se trata de um sistema misto, iniciando-se como um café de coador, porém com um tempo de extração muito mais breve, passando por uma prensagem a uma considerável pressão como num espresso, o resultado é fruto da mescla das melhores carcterísticas de cada um.
E é a partir daqui que farei comentários com alguns grãos de excepcional qualidade que preparei e testei na Aeropress!