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São Paulo

The Coffee Traveler by Ensei Neto

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Sobre os desafios da produção de café – 4

Thiago Sousa

Depois do rearranjo espacial, com a disseminação do sistema de plantio em renque, da introdução da irrigação, que foram tecnologias que permitiram que uma Nova Geografia dos Cafés do Brasil fosse desenhada, incorporando origens até então impensáveis, como o Oeste da Bahia e seus gigantescos pivôs centrais automatizados, algumas correntes pensantes viram a oportunidade de se testar o modelo de plantio Super Adensado.

De uma população de algo como 1.200 covas por hectare, passou-se para uma média de 3.600 plantas/ha, com a irrigação 5.000 plantas/ha rapidamente se tornou um padrão de densidade populacional de Cafeicultura Irrigada. Mas, as novas áreas chegaram a ter 10.000 plantas/ha (2,00 m x 0,50 m) com variedades de pequeno porte como o IAPAR-59, esparramadas inicialmente pelo Norte do Paraná e que tinham o objetivo de otimizar as lavouras de pequenos produtores.

Exageradamente, o título de maior densidade populacional ficou para uma propriedade nas chapadas de Unaí, MG, que debaixo de pivô central experimentou inimagináveis quase 17 mil plantas/ha!

Com o tempo, todos perceberam que o adensamento dificultava a mecanização, bem como doenças fúngicas se instalavam com muito mais facilidade e o resultado final da decisiva relação Custo/Produtividade se mostrava não muito mais interessante do que as lavouras projetadas para alta mecanização. Este resultado mostra como, mais uma vez, o chamado “Caminho do Meio” que Buda pregava é sensato: nem demais, nem de menos…

O movimento de adensamento tinha como lógica aumentar o faturamento por unidade de área a partir da maior produtividade, mas o que se observou foi que os custos de produção subiam desproporcionalmente ante às dificuldades de manejo, que obrigava maior emprego de mão de obra.

A segunda metade dos anos 90, logo após o retumbante sucesso do Plano Real, que trouxe a estabilidade econômica ao Brasil, fazendo desaparecer a sinistra lembrança da corrosiva Inflação, um ambiente propício a atrair investimentos estrangeiros se instalou em nosso pais. Com novas oportunidades de empregos urbanos surgindo aos borbotões, a população essencialmente rural foimigrando para as cidades em busca de tipos de trabalhos mais regrados (ah, a semana inglesa de segunda a sexta é fantasticamente sedutora…).

Assim, a mecanização das lavouras passou a ser tendência natural, criando-se uma mescla de modelos de agricultura européia nas pequenas propriedades, onde o produtor procura diversificar a atividade e onde tudo é executado por ele e pessoas da família, e de agricultura norte-americana para as médias e grandes propriedades, de alta tecnologia incorporada.

Se nas áreas planas como o Cerrado Mineiro, a Alta Mogiana e boa parte do Sul de Minas a mecanização é intensificada, nas áreas montanhosas novas técnicas e tecnologias vem sendo experimentadas também. Derriçadeira manual adaptada em corpo de motosserra e implantação de terraços nas lavouras em montanha são algumas dessas recentes inovações.

Tudo para superar o desafio de se produzir café.

No entanto, a incorporação de tecnologias impõe investimentos muitas vezes desproporcionais à capacidade ou realidade econômica dos produtores. A necessidade de investimentos crescentes e rotineiros, como atualizações de programas de computador e smartphones, cria um outro impasse.

É, o mar não está para peixe…