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São Paulo

The Coffee Traveler by Ensei Neto

SENSORIAL

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Xícaras de conhecimento – 3: Café, o sabor e o prazer

Thiago Sousa

Início de ano é tempo de olhar gavetas e armários e fazer um “balanço do ano”. Revistas e jornais, material datado, roupas que talvez não sirvam mais (ou porque engordamos ou não emagrecemos…) e por aí afora…

Nessa mexida de caixas e gavetas, encontrei escondido este antigo livro de receitas usando café, CAFÉ: o Sabor e o Prazer, publicado em 1982 para a Cia. União dos Refinadores, que deteve memoráveis e líderes marcas comoPilãoCaboclo e União, hoje parte do portfolio da Sara Lee do Brasil.

Minha intenção em postar sobre esse livro é para resgatar lembranças, porque aquela era uma época em que eu não bebia e gostava sequer de café, porém meus pais sempre foram, como grande parte da população brasileira, ávidos consumidores matinais do cafezinho.

O livro tem um total de 76 páginas com uma introdução histórica e receitas de bebida de café, drinques e sobremesas, num total de 70, apesar de que, algumas são, eu diria, variações sobre o mesmo tema.. Tem boas “sacadas” como a cor escolhida para os textos, em marron escuro, para lembrar que é de receitas com café.

Numa época que o mercado brasileiro era fechado devido ao ambiente econômico dominado por uma inflação dita “galopante” porque tão grandes eram suas variações, o pouco de acesso às tendências do “mundo de fora” era possível através dos filmes e música. 1982 era um tempo em que o mundo experimentava um período econômico muito forte, principalmente com a privilegiada posição que o Japão ganhava. Era o momento pós Flower Power, da Dance Music e Star Wars, além da superação da Guerra Fria. Enquanto isso, no Brasil, Jorge Amado chegava à grande massa, ao mesmo tempo em que os “loucos” por futebol se lamentavam pela “Tragédia de Sarriá”, quando talvez uma das mais incríveis seleções canarinho amargou uma derrota frente aos italianos na Espanha.

Assim, alguns nomes de receitas seguem a aura dessa época como Melba Coffee e Rock Banana (ah, este é pra lá de engraçado…). Nomes bem brasileiros não ficaram de fora: Sacode a Poeira e Saci Manhoso!

Devido à dificuldade de acesso às coisas feitas em outros países, foi um período em que fazer “clones”, “covers” e simulações de estrangeiros era muito comum, como a “febre” dos carros esportivos feitos em fibra de vidro e motor VW 1600 cc usado na dinossáurica Brasília ou de conjuntos com nomes em inglês e cantando como tal. Era tudo muito divertido.

Como receita bizarra do livro, tem o Rock Banana, que está na foto ao lado.

Sim, não é ilusão de ótica: o drink é servido numa banana e deve ter um furo para passar o canudinho!!!

E observe os “pezinhos”. Sorria, porque vale o sorriso…

Vamos aos ingredientes?

Café quente, licor de banana, rum, açúcar, gelo e uma banana da terra para servir de, digamos, taça. Corte a ponta da banana e retire cuidadosamente sua polpa, deixando o vazio onde será colocado o drinque. Bata os ingredientes numa coqueteleira e coloque dentro da banana. E não se esqueça do canudinho…