O chef dos reis e o café
Thiago Sousa
Antonin Carême é considerado como a primeira celebridade entre os Chefs, tendo atendido diversas casas reais ao longo de sua breve vida, alçando a gastronomia a novos patamares de conhecimento, experimentação e ousadia.
Carême teve como ato genial a preservação de suas observações sobre o “como pensar”, “como executar” e “como apresentar” um perfeito serviço através da codificação de suas receitas em uma série de livros.
Tendo vivido no final do Período Napoleônico, transitou, a partir da França, pela Inglaterra e a Rússia, sempre pesquisando novos produtos para a elaboração de inovadores pratos.
Em 1815, Carême já possuia clara visão de como deveria ser o serviço de café, já recomendando que este fosse servido à mesa. Esta alteração no serviço foi introduzida após observação feita pelo Marquês de Cussy, que era um apreciador de café, e que se queixava que, nos jantares, o esta saborosa bebida sempre chega fria no salão.
O primeiro banquete servido ao Czar Alexandre, após a segunda queda de Napoleão, foi preparado por Carême, que introduziu uma sobremesa com café, mais precisamente “Musse de Café Mocha”.
Lembro que “Mocha” é uma origem produtora de café localizada no Yemen, na Península Arábica.
Para conhecer um pouco mais sobre esse personagem, recomendo a leitura do livro “Carême”, de Ian Kelly, publicado no Brasil por Jorge Zahar Editor. É um livro que mescla, ao descrever a trajetória do “Rei dos Chefs”, história, arte e alta gastronomia. Além disso, o livro apresenta um belo acervo de ilustrações em bico de pena do próprio Carême, juntamente com um conjunto de pranchas coloridas que retratam a época e seus personagens.
Esta é uma foto do Royal Brighton Pavilion, onde diversos banquetes preparados por Carême foram servidos.
Finalmente, vale a pena observar a seleção de receitas para se compreender como era a visão de um Chef de 200 anos atrás.