Trip to Yemen – 1: Sana’a & Old City
Thiago Sousa
Para todo “louco” por café o Yemen faz parte do imaginário como a mística terra do Mocha Coffee, de ter, provavelmente, o mais antigo cultivo sistematizado de café e de ser o berço do café bebida. Tive a maravilhosa oportunidade de conhecer tudo isso através de um convite para participar do 2nd International Coffee Conference on Arabica Naturals, de 12 a 14 de dezembro, em Sana’a, Yemen.
Este evento, que tem como princípio discutir os principais aspectos econômicos, técnicos e sensoriais do café arabica Natural, que é o fruto maduro secado com a casca, teve sua primeira edição há 3 anos atrás em Cancun, Mexico, numa iniciativa doCompanheiro de Viagem Manuel Diaz Pineda. Apesar da inegável valorização dos cafés processados como descascados e desmucilados ouFully Washed, os grãos secados como Naturalcompõem a grande maioria dos ofertados no mercado internacional. Ao se trabalhar com a água, a separação dos grãos imaturos se torna muito mais fácil, seja porque flutuam devido à menor densidade ou por não terem a casca retirada pela quase ausência da polpa. No entanto, sua contrapartida é altamente contaminante ao bem mais precioso do planeta: a água.
Do Brasil ao Yemen foi uma longa jornada, que teve conexões em Madrid, na Espanha, e em Cairo, no Egito. No check in em São Paulo o primeiro sinal de que seria uma viagem p’ra lá de emocionante: fui atendido pelo supervisor da TAM porque eu deveria ser talvez o primeiro a ir para Sana’a, capital do Yemen, pela companhia.
Chegando quase ao final da madrugada do dia 11, tirei o atraso descansando até às 14h30! OK, culpa do jet lag devido às 5 horas de diferença de fuso adiantado e das mais de 30 horas de viagem…
A primeira providência foi trocar moeda para o Rial Yemeni, aprender a pronúncia de algumas palavras básicas e tomar um roteiro para conhecer um pouco da cidade. Apesar de ser a capital, Sana’a não é a mais antiga nem a mais populosa cidade daquele país, porém guarda um dos tesouros que é a chamadaOld City ou Bab Al Yemen. Os yemenis são conhecidos pela sua veia mercante, que pode ser observada até nas crianças. Comercializar faz parte da natureza daquele povo.
A Cidade Antiga, como boa parte das cidades da antiguidade, tem uma grande muralha lhe envolvendo e imponentes portais de acesso. Apesar de abrigar muitas residências, um colorido e ruidoso complexo comercial se estende por quase todas as ruelas, onde disputas frequentes por espaço entre carros e pedestres acontecem. Num incrível ambiente como este, qualquer um se sente como umIndiana Jones do filme Raiders of Lost Ark!
Estava acompanhado dos Companheiros de Viagem Mike Makonen e Tadese Meskela, ambos da Ethiopia, o que facilitou compreender como existe um forte intercâmbio entre este país do Leste Africano e o Yemen desde tempos remotos, além de tornar muito divertida o passeio pelas labirínticas ruelas de Bab Al Yemen. Esta cidadela tem pouco mais de 700 anos e a imponente torre que pode ser vista nesta foto é também a sua mais antiga.
É possível encontrar uma diversidade de artigos como especiarias (muito aromáticas), frutas, mel (deliciosíssimo) e queijos de leite de cabra na, digamos, Seção de Alimentos; roupas e os tradicionais lenços de cabeça na Seção de Vestuário; artesanato em prata, cobre e as onipresentes jambiyas (adagas que quase todos os homens costumam levar à cintura), Seção de Artesanato.
Sendo rota de comércio desde antigos tempos, Bab Al Yemen também possui sua Caravan Serai, que é uma hospedaria especialmente desenhada para as caravanas de mercadores dos diversos artigos que comentei. Com baias para os camelos ficarem, amplos espaços para deixar as mercadorias e quartos para os viajantes descansarem, hoje servem de espaço para abrigar e ofertar alguns dos produtos mais nobres como frutas secas e especiarias, mas mantém uma aura mística e cheia de estórias para contar.
Bem, mas isto fica para o próximo post…