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São Paulo

The Coffee Traveler by Ensei Neto

HISTORIA

Filtering by Tag: Paulo Oraggio

True stories from coffee People: Gente do café – 1

Thiago Sousa

Um pensamento corrente no mercado de café é o de que o café apaixona as pessoas, num delicioso cárcere de aromas e sabores. Igualmente, é comum se ouvir que o café é viciante na medida que as pessoas por ele cativadas acabam se envolvendo mais e mais.

Esta pequena série é para falar de Gente do Café, pessoas que criaram uma relação especial com café através de episódios de suas vidas ou, como dizem, True Stories from Coffee People

A primeira é a do Adauto Guimarães Neto.

Baiano de Salvador, Adauto cresceu num ambiente familiar altamente criativo, uma vez que seu pai, Cid, é um desenvolvedor de programas de computação. Fez Escola de Comunicações, apaixonado por Propaganda e Design. O bichim tem olho clínico, sim senhor!

Por levar uma vida intensamente maluca como toda pessoa da área de softwares, Cid pensou em adquirir terras para ter uma desculpa para espairecer. Conta ele que chamou um amigo, pegou um mapa do Estado da Bahia e aleatoriamente colocou seu dedo indicador num ponto. Era no município de Seabra,Chapada Diamantina, distante o suficiente para deixar a agitação do mercado para trás. Começou o plantio de café, porém muitas vezes não chegava à fazenda, instalando-se no boteco da cidade para beber e esquecer da vida. Findas as rodadas etílicas, retornava a Salvador.

Essa vida abestada seguiu até que Cid foi acometido da Síndrome do Pânico, resultado típico de gente altamente estressada. Deixou de sair de casa, não arriscava colocar o pé fora da soleira da porta sequer!

Apesar disso, a fazenda continuava, porém quase que abandonada. Foi quando Cid teve a idéia porreta de incubir ao Adauto a nobre missão de ser seu Olho Virtual. Era o ano de 2002, quando as câmeras fotográficas digitais ainda mal ensaiavam resolução melhor que 1.3 megaPixel! Adauto usava uma câmera fotográfica de película e em suas visitas à fazenda tirava um sem número de fotos que, após reveladas e ampliadas, serviam de material para discussão com seu pai. Incrível e genial, não?!

Na medida que as câmeras digitais evoluiram,  Adauto deixou a de película para trás. Com esse trabalho, Cid lhe orientava como deveria proceder na fazenda, cada providência que deveria ser tomada. De simples Olho Digital, Adauto começou a ter Olho Clínico para a lavoura e aos processos normais na produção do café.  A paixão estava despertada!

Daí, em outra inspiração do seu pai, Adauto iniciou-se na torra do café, com uma pequena indústria chamada Grão da Chapada, numa clara alusão à sua produção em Seabra, Chapada Diamantina. Considero genial esta estória!

Outra interessantíssima True Storie é a do Paulo Oraggio, que tem uma propriedade de café em Serra Negra, SP.

Paulo é cenógrafo e ator, porém viu no café sua grande paixão. Além do plantio, que impressiona pelo cuidado e tecnologia empregadas, que inclui um completo sistema de rebenefício com direito a uma selecionadora eletrônica (surpreendente para um produtor de pequeno porte!), ele iniciou uma pequena torrefação que leva o seu nome de família. Paulo, que faz as vezes de operador de máquinas de rebenefício, é também o Mestre de Torra, num belo e surpreendente trabalho.

No entanto, o curioso da estória real do Paulo é sobre seu nascimento e que me faz lembrar uma pergunta que minha filha Ana Luisa recentemente fez para mim: “Pai, o que quer dizerliteralmente?”

É muito comum ouvir de cafeicultores de tradicionais famílias que eles se dedicam tanto à cultura que dizem “ter nascido debaixo de um pé de café”…

Pois bem, o pai do Paulo era um funcionário de uma fazendinha da região. Quando sua mãe sentiu as contrações do parto, seu pai procurou levá-la ao hospital numa carroça, único veículo disponível na época. As contrações se tornaram mais frequentes e ainda estavam distantes da cidade. Seu pai não pensou duas vezes: ao lado de uma lavoura de café estendeu um lençol, deitou cuidadosamente sua mãe e então… ele fez o parto!

Literalmente o Paulo nasceu sob um pé de café pelas mãos maravilhosas do seu pai.

Chega a ser comovente, senão divertida essa estória!