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São Paulo

The Coffee Traveler by Ensei Neto

MERCADO

Juarez do Valle: Uma Homenagem

Thiago Sousa

A região do Cerrado Mineiro começou o convívio com a cafeicultura a partir do início da década de 1970, mais precisamente em 1972, segundo registros do extinto IBC – Instituto Brasileiro do Café, considerando-se o município de Patrocínio como referência.

Devido à característica geo-climática muito diferente das então tradicionais origens produtoras de Cafés do Brasil como a Alta Paulista, Norte do Paraná e Sul de Minas, os cafeicultores que se instalaram nos municípios do Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro e parte do Noroeste de Minas tiveram de vencer muitos desafios, principalmente os relativos à tecnologia agronômica.

O Cerrado era conhecido naquela época como região de terras de pouca fertilidade e, por isso, de baixo valor. 

A busca por tecnologias que fossem adequadas ao clima continental, que define praticamente duas estações no ano, e ao ainda desconhecido solo dos cerrados, fez com que os produtores se organizassem em associações, cuja representatividade institucional alavancou um promissor modelo de interação entre a pesquisa e a produção.

A primeira associação de cafeicultores do Cerrado foi criada em Araguari, vindo, a seguir, a de Patrocínio, de Monte Carmelo e Araxá.

Jovens e ousados, os cafeicultores intuitivamente criaram um novo sistema de organização, onde um organismo passou a congregar as diversas associações que estavam surgindo na região. Esse organismo foi fundado em 1993 e é conhecido como CACCER – Conselho das Associações dos Cafeicultores do Cerrado, liderarando as ações de marketing institucional e político.

Num período de grande efervecência criativa, nomes como Antônio Reinaldo Caetano, Francisco Sérgio de Assis, Aguinaldo José de Lima e Juarez do Valle se destacaram como verdadeiros motores para o crescimento institucional do Cerrado.

Certamente uma das mais privilegiadas e criativas cabeças era a do Juarez do Valle, então Presidente da Associação de Araxá. 

Talvez por sua impetuosidade, Juarez tenha sido mal compreendido por diversas vezes, mas sempre havia um toque criativo seu que o fazia reconciliar com todos.

O seu momento genial foi quando teve o repente para criar uma logomarca para a nova região, que está na foto acima.

Juarez comentava que essa logomarca, que hoje é vista nos principais destinos consumidores de café, ele “enxergou” quando estava amarrando os seus sapatos, sentado numa cadeira.

Seus pés estavam formando um ângulo entre si e ele visualizou os ramos estilizados de café com um grão cereja no centro. Rapidamente pegou uma caneta e num pedaço de papel começou a fazer os primeiros esboços, que logo se tornaram numa das logomarcas mais representativas do universo dos Cafés do Brasil. Coisa genial.

Nos últimos tempos, Juarez estava envolvido na promissora área de biodiesel e considerava-se muito feliz.

Mas, no dia 31 de julho ele nos deixou, de forma repentina, vítima de um ataque fulminante. 

A cafeicultura brasileira e, em particular, da região do Cerrado Mineiro tem uma grande perda.

Sempre sonhador, Juarez tinha grandes planos e projetos, que provavelmente estará realizando nos campos celestiais…

Nesta foto, uma homenagem ao Juarez: