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São Paulo

The Coffee Traveler by Ensei Neto

MERCADO

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Das mesmas mãos que colhem café – 2

Thiago Sousa

Continuando a comentar o tema “Arte & Café & Oportunidades”, há um outro caso que vale a pena ser apresentado.

Apoiado pelo Café Cristina, cuja produção de café vem do pequeno município de Cristina, na Serra da Mantiqueira, MG, certamente, um dos locais mais privilegiados para a produção de excepcionais cafés de montanha, Daí a razão para muitos cafés bem classificados nos diversos concursos de qualidade serem desta localidade.

A cafeicultura de montanha é obrigada a utilizar um modelo de produção onde tudo é feito de forma manual, pois os íngremes declives não permitem que tratores trafeguem pelas ruas de café sem o risco de tombarem. Portanto, a mecanização se torna inviável.

Com a necessidade de todas os chamados tratos culturais do café serem feitos exclusivamente pelas mãos, o número de trabalhadores nas propriedades acaba sendo bastante grande na média. Durante o período de colheita, há serviço para todos, inclusive para as mulheres, que acabam integrando o batalhão de colhedores de café para ajudar no orçamento doméstico.

O problema, conforme já mencionei no post anterior, surge no período fora da colheita.

Nesta iniciativa, o Café Cristina apoia o trabalho das artesãs, que utilizam-se de diversas técnicas para produzir artigos vendidos na cafeteria em Brasília, DF.

Aqui o barista Paulo mostra um belíssimo trabalho de bordado que já se tornou um dos mais vendidos. Encontrei outras peças como divertidas luvas forradas e charmosas almofadas. No geral, há uma grande riqueza nos padrões e técnicas, alguma com alto nível de elaboração.

Foram confecionados cartões para apresentar e divulgar esse rico artesanato, como pode ser visto na foto ao topo.

Das mesmas mãos que colhem café – 1

Thiago Sousa

Há um quase silencioso movimento se instalando nas regiões produtoras de café.

É, no entanto, diferente porque se trata de movimento que está trazendo à tona uma das expressões mais valiosas do ser humano: demonstrar seus sentimentos através da arte.

Nas tradicionais regiões produtoras de Cafés do Brasil, como na Alta Mogiana e Sul de Minas, onde a cafeicultura se consolidou no início do século passado, o modelo de relação de trabalho existente envolve um conceito denominadoParceria. Este sistema basicamente consiste na divisão de responsabilidades e de produção, onde cabe ao parceiro, que normalmente mora com sua família na propriedade, fazer a parte operacional dos trabalhos como aplicação de adubos e defensivos, além da colheita e secagem quando da sua época, enquanto que o dono das terras deve suprir todas as necessidades de insumos para o bom trato da lavoura. Ao final da safra, quando custos e renda são apurados, é feita a divisão do bolo financeiro.

Em alguns locais esse modelo é também denominado de “À Meia”, dando-se o nome demeeiro ao parceiro.

Em outras propriedades, há a clássica cultura de se oferecer residência às famílias dos funcionários, que contam com estrutura básica e até uma pequena área para horta, por exemplo. Conheço casos, como os da Da. Nazareth Pereira, matriarca da Fazenda Sertão, em Carmo de Minas, MG, que tem famílias com 3 gerações de funcionários morando na propriedade.

Uma das questões mais delicadas sempre foi a de como poderiam ser criadas diferentes oportunidades ao restante da família, pois muitas vezes é apenas o homem da casa que fica na lida da lavoura, enquanto que as mulheres eventualmente durante a colheita do café acabam tendo oportunidade de gerar mais renda para a família.

Uma iniciativa para dar novas oportunidades às famílias de trabalhadores do café surgiu em Igaraí, pequena cidade que fica próximo a Mococa, na região Mogiana, SP.

Este projeto, liderado por uma profissional com experiência em Recursos Humanos, começou com a capacitação das mulheres na arte do bordado com temas ligados à produção do café. Com os primeiros resultados, abriram-se novas perspectivas, estimulando ao aperfeiçoamento da arte, que pode ser vista nas fotos deste post.

Nesta foto vemos Silvia, uma das artesãs, posando orgulhosamente ao lado de seu trabalho exposto durante as competições do Campeonato Brasileiro Barista 2009, em São Paulo, SP.

Além da autoestima elevada, esse projeto leva a cultura do café para outras localidades e pessoas através do artesanato!

Para saber mais, você pode acessar o site www.cafeigarai.com.br .

Vale a pena conhecer.