Certificações, sustentabilidade e mercado
Thiago Sousa
Uma das palavras mais em voga entre os produtores agrícolas tem sido Sustentabilidade. São mais de 10 anos que esta palavra, cunhada inicialmente em inglês (= sustainability), ganhou espaço na mídia e entre as pessoas, porém ainda hoje existe uma grande dúvida sobre o que ela realmente significa.
Dentre a tríade de conceitos que em geral estão incorporados à Sustentabilidade (Meio Ambiente + Social + Econômico), o que ganhou mais destaque e é até amplamente utilizado pelas grandes corporações é o de adotar práticas para preservação do Meio Ambiente. Daí vieram outras palavras que passaram a ser muito empregadas como parte desse ideário, integrantes da família “Eco”, como por exemplo Eco Friendly (= Amigo do Meio Ambiente).
Uma das questões mais delicadas é o de vigiar para que não ocorra uma banalização do termo, vindo a perder seu significado principal. Afinal, na arena de marketing, idéias malucas e outras nem tanto pululam como grama após a chuva.
Outro ponto que praticamente ao mesmo tempo ganhou espaço foi o do respeito às condições dos trabalhadores, sendo este o enfoque da Sustentabilidade Social. Auxiliar na promoção dos pequenos produtores, capacitando-os e inserindo-os no mercado de forma plena e organizada foi a bandeira levantada pelo movimento Fair Trade, que logo ganhou mecanismos de certificação.
Estimular os pequenos produtores a se organizarem sob uma perspectiva empresarial tem rendido excelentes resultados em comunidades das Montanhas do Espírito Santo e Circuito das Águas de São Paulo, onde a diversificação das atividades tem feito sensível melhoria na qualidade de vida dos produtores.
O segredo do desenvolvimento é estimular a evolução das atividades e negócios, criar mentalidade empreendedora e ter métrica dos resultados por mérito. É isso que distingue o espírito humano.
Nesta foto, vemos o pequeno produtor Ivan Santos e seu pai, deDivinolândia, SP, que reaproveitaram embalagens longa vida para forrar a parede de madeira de seu pequeno depósito de café. Simplesmente criativo!
Finalmente, vem à tona o tema que talvez seja o grande estimulador dos outros dois no Tripé da Sustentabilidade: o da Sustentabilidade Econômica.
O que motiva o homem a empreender é o sentimento de crescimento das suas criações. Como resultado, uma situação financeira melhor. Só que esta questão se torna complexa na medida que para se trabalhar com certificações novos custos e participantes da cadeia impelem a custos maiores para dar as garantias de que as coisas estão sendo feitas obedecendo critérios estabelecidos.
O que leva um produtor escolher um determinado tipo de certificação? O que ele leva em conta no momento de optar um ou outro modelo?
Certificar-se ou não certificar-se?
Que benefícios efetivamente os produtores tem recebido depois de aderirem a um modelo de certificação de sustentabilidade? Está sendo sustentável para ele?
Observe quantas questões estão no ar… E para dar um panorama do momento atual, o venerável IAC – Instituto Agronômico de Campinas e entidades certificadoras como o 4C e o Imaflora estão promovendo o 2° Simpósio de Certificação de Cafés Sustentáveis, que irá acontecer de 17 a 19 de novembro próximo, em Poços de Caldas, MG. Gente de toda a cadeia produtiva irá comentar sobre a vida real de quem se certificou. Vale a pena participar!
Veja neste link o vídeo convite feito pelo Companheiro de Viagem Sérgio Parreiras, um dos coordenadores do evento: