Identificando fraudes
Thiago Sousa
Pirataria e fraude, infelizmente, existe em todos os segmentos de negócios, inclusive no café.
Num processo agrícola longo, cuja safra para se concretizar leva algo como 9 meses (isso mesmo, lembra a gestação de uma criança…), além de todos os trabalhos e serviços de preparação, comercialização e industrialização, espera-se que grãos honestos com honesta qualidade cheguem até as xícaras. Porém, a fraude é uma sombra que freqüentemente ronda as prateleiras com cafés industrializados.
Segundo publicação da American Chemical Society, um grupo de cientistas do estado norte-americano de Illinois, liderados por Gulab Jahm, desenvolveu uma nova metodologia para identificar fraudes em cafés industrializados.
Lembrando que os preços internacionais do grão verde vêm se valorizando desde 2003 e hoje cotados, segundo a Bolsa de New York (NY CSCE), a US$ 180 por saco de 60 kg, equivalente a quase o dobro da média histórica, o que dá inspiração a empresários do mal para vender produtos adulterados.
Dentre as fraudes mais comuns, estão impurezas que deveriam ser eliminadas durante a fase de preparação e padronização do café cru: cascas, paus e outros quesitos mais.
Além do óbvio prejuízo para o rendimento industrial, afeta-se a estrutura de comercialização do café a partir do produtor, uma vez que os grãos perfeitos estão dando lugar para impurezas.
Outra prática comum é a adição de grãos de milho, que durante a torra, devido ao elevado teor de açúcares de cadeia longa, gera bebida mais adocicada. É o que pode se chamar de “café milhorado”…
E justamente devido ao milho ser o elemento de adulteração mais comum, os pesquisadores norte-americanos basearam seu trabalho no fato de que o milho produz a substância denominada gama-tocoferol durante o processo de torra, que é mais conhecida como Vitamina E.
A equipe de pesquisadores avaliou seis marcas de café torrado e moído comercializadas nos Estados Unidos, das quais algumas industrializadas no Brasil.
Infelizmente, segundo Gulab Jham, uma das marcas brasileiras apresentou aproximadamente 9% de milho em seu “blend” ! Na verdade, uma lamentável “mistura”.
Jham justificou que este médoto pode ser empregado para averiguar este tipo de fraude em cafés industrializados do Brasil vendidos no varejo dos Estados Unidos, pois a Vitamina E funcionaria como uma impressão digital do emprego de milho.
Por outro lado, há quase duas décadas a ABIC – Associação Brasileira da Indústria do Café lidera importante trabalho de orientação do consumidor para escolher apenas produtos que estampem o Selo de Pureza. Mas, deve haver servera punição também, pois é caso de saúde pública e um crime grave.
Obviamente, o Selo de Pureza foi o primeiro passo para um trabalho educativo mais amplo junto ao consumidor, que hoje conta com o PQC – Programa de Qualidade do Café, que avalia e atesta o nível de qualidade dos cafés ofertados no Brasil. E, em breve, outras indicações poderão orientar quanto a separação do joio do trigo ou do café do milho e outras impurezas…
Você pode obter mais detalhes a partir do link abaixo
http://www.sciencedaily.com/releases/2007/09/070903094325.htm