Cidades polo de café 1 - Manhuaçu-MG
Thiago Sousa
O café é plantado no Brasil numa ampla faixa de latitude, que sai dos 13° Sul, no Oeste da Bahia, até o Trópico de Capricórnio, em São Paulo e Paraná.
Importantes e tradicionais origens produtoras estão nessa faixa, sendo que cada qual tem uma cidade-polo, isto é, uma cidade que acaba concentrando o comércio de café de uma dada região.
As lavouras de café, como plantas perenes e (não se esqueçam!) frutíferas, recebem tratamentos praticamente durante todo o ano como adubações, aplicações de defensivos contra pragas e doenças, entre outros.
Para que todas essas operações aconteçam em tempo certo, a cafeicultura, digamos assim, acaba criando uma ampla teia de serviços e venda de produtos em cada região. Por exemplo, casas especializadas em venda de adubos e defensivos podem ser vistas nas principais cidades, bem como outras que vendem máquinas e equipamentos.
E como não poderia deixar de acontecer, se existe a venda de máquinas e equipamentos novos, oficinas para consertos e reparos de usados acabam surgindo também.
É por isso que uma cultura perene como o café acaba criando muita riqueza nas regiões onde se instala, pois diversas oportunidades de negócios são criadas.
Mecânicos especializados, técnicos em manutenção de diversas máquinas e serviços agronômicos também fazem parte desse movimentado universo.
Já na ponta do comércio de café, que como país produtor, o Brasil possui diversas cidades onde núcleos comerciais estão instalados.
O comércio de café cru, também chamado de “café verde” (green coffee em inglês), envolve uma série de empresas e serviços como armazéns, empresas que fazem a seleção e preparo do café para exportação, e as exportadoras propriamente ditas.
Nas chamadas cidades-polo de café normalmente são encontradas as principais casas exportadoras de café, muitas das quais são poderosas empresas globais que mantém escritórios e representações em todo o mundo.
Veja na foto a seguir uma vista de escritórios de exportadores em Manhuaçu, na região das Matas de Minas, em Minas Gerais:
Essas empresas são responsáveis pelo escoamento do café verde brasileiro para os principais países consumidores na Europa, América do Norte e Ásia.
Normalmente mantém uma equipe técnica que faz a avaliação dos lotes que estão sob compra, além do pessoal especializado em logística e comercialização. Estes são os responsáveis para que os pedidos de seus clientes sejam atendidos corretamente, seja quanto ao tipo e padronização do café, seja na quantidade, que é expressasacas de café de 60 kg.
Uma das maiores empresas globais no comércio de café é a EISA, que faz parte do Grupo ECOM, presente em praticamente todos os países produtores de café.
Como não poderia deixar de ser, mantém escritórios nas principais cidades-polo de café do Brasil, como em Manhuaçu.
Aqui o gerente geral é o Carlos Alberto Barbeto, o Beto, que é um genuíno português de Angola!
Muito simpático e prestativo, Beto é figura muito conhecida nessa praça e nesta foto está ao lado do Sérgio D´Alessandro, que é produtor em Manhumirim e diretor da SCAMG -Specialty Coffee Association of Minas Gerais.
Ao lado de ambos está um belo trabalho da esposa do Beto, Noemi, que é artista plástica e, aproveitando todo o ambiente cafeeiro de Manhuaçu, cria obras de arte com materiais típicos da cafeicultura como grãos de café e sacaria de café, entre outros.
Para se ter uma idéia, por Manhuaçu passam anualmente algo como 3,5 a 4 milhões de sacas de café, concentrando boa parte da produção de café das Matas de Minas, que acabam seguindo para muitos destinos dos Cafés do Brasil no exterior.