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São Paulo

The Coffee Traveler by Ensei Neto

HISTORIA

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True stories from coffee people: Gente do café – 3

Thiago Sousa

A estória real que gostaria de contar é sobre os esforços que algumas pessoas fazem para manterem viva a memória do café em nosso país.

O Companheiro de Viagem Luiz Roberto Saldanha Rodrigues formou-se me agronomia pela tradicionalíssima Escola Luiz de Queiroz, USP de Piracicaba, uma das mais tradicionais escolas dessa natureza do Brasil. Ainda nos bancos da faculdade conheceu a bela Flávia Garcia Jacob que, como imãs, jamais se separaram desde então.

Viveram no Mato Grosso, cuidando de um propriedade onde se criava gado de corte. No entanto, havia uma idéia fixa por parte de Luiz, que havia conhecido a legendária Fazenda Califórnia, que fica em Jacarezinho, Norte Pioneiro do Paraná, próximo à divisa com o Estado de São Paulo por Ourinhos.

Depois de uma longa negociação, a Fazenda passou às mãos de sua família em meados da década de 2.000, iniciando, então, um minucioso trabalho de recuperação da vasta documentação histórica dessa impressionante propriedade.

No início do século passado, quando o Brasil já mantinha por décadas o posto de maior produtor mundial de café, desbancando a Indonésia e sua mítica Sumatra, muitas casas de comércio internacional vieram para cá, formando base de negócios.

Naquela época, o governo brasileiro permitia que a exportação de café fosse feita apenas por empresas que tivessem mantivessem a atividade agrícola também. Esta foi a razão pela qual o grande empreendedor norte-americano Leon Israel adquiriu terras em Jacarezinho e instalou a Fazenda Califórnia, há mais de 80 anos atrás. Toda a estrutura da fazenda foi elaborada por professores da Univerdade da California, cujos documentos estão cuidadosamente expostos no escritório da fazenda.

Em 1948 a fazenda já possuia 800 ha de café (pasmem!), uma enormidade ainda hoje, conduzidos com tecnologia que impressiona. Imagine tijolos fabricados no local, com excepcional capacidade térmica, compondo um grandioso terreiro com longos dutos de água por onde os grãos de café escorrem para serem distribuidos em diferentes pontos. Ou um mapeamento do solo datado de 1948 que identificava perfeitamente aptidão em cada fração da fazenda, reproduzido na foto ao alto!

A casa exportadora de Leon Israel chegou a exportar, ainda na década de 50 algo como 5 milhões de sacas de café cru. Para se ter idéia de dimensão desse número basta dizer que a Guatemala produz em média 4 milhões de sacas de café anualmente.

O grande mérito do Luiz e da Flávia é o de cuidarem com carinho especial todo esse acervo histórico, recuperando, inclusive peças como um completo consultório odontológico, uma central telefônica que funcionava perfeitamente na década de 40 ou mesmo o belíssimo torrador de 6 kg da Royal de mais de 100 anos atrás.

Preservar a memória histórica permite que possamos compreender melhor o que e como fazemos as coisas hoje, além de nos dar pistas de como podemos ainda evoluir.

Certamente existem outros abnegados Luizes e Flávias Brasil afora, cuidando, recuperando e participando à comunidade parte da rica história do café em nosso país. Porém, para este registro ficam estes dois como parte desta estória real…

Renovar para permanecer…

Thiago Sousa

Porto de Santos é o maior porto do Brasil pelo movimento e diversidade de mercadorias que passam pelas suas docas.

O chamado “Miolo” do Centro Velho de Santos, onde fica  a maior parte das casas de comércio de café, tem nas ruas XV de Novembro, retratada nesta foto, Frei Gaspar e do Comércio como referência. É certo que a pauta de exportação do Brasil se diversificou com outros produtos agrícolas, industrializados e minérios, mas a referência para Santos ainda é o café, que foi sua origem.

Para se ter uma idéia, nesta foto onde vemos o trecho final da famosíssima Rua XV de Novembro, aos conhecedores, estão instaladas empresas que juntas exportam próximo de 9 milhões de sacas de café (!!!) por ano, mais que o dobro, por exemplo, do que produz a Guatemala.

Um dos grandes méritos das empresas instaladas nessa região, e aqui vale a pena mencionar o papel desempenhado pela veneranda ACS – Associação Comercial de Santos, foi o de manter muito da arquitetura original dos prédios, muitos deles seculares.

Ponto obrigatório para visitas é o atual Museu do Café, no belíssimo prédio onde funcionava anteriormente a Bolsa de Café.

Um grupo de trabalho foi formado para cuidar desse incrível pratrimônio histórico e cultural, restaurando centímetro por centímetro, revitalizando móveis e os impressionantes vitrais que podem ser vistos em quase todas as janelas. Observe nesta foto o Brasão do Brasil e os vidros trabalhados de cada célula da porta de entrada do Museu.

Uma das iniciativas vitoriosas do grupo que administra o Museu foi a instalação da Cafeteria do Museu, que inclusive faz a torra no local. A cafeteria possui uma variada oferta de cafés, além do blend do dia. Surpresa foi encontrar uma versão doChapadão de Ferro como um dos cafés diferenciados.

Segundo o Companheiro de Viagem Eduardo “Duda” Carvalhaes, ativo participante do grupo gestor, existe um programa formal de treinamento dos baristas e que vem gerando grande movimentação de jovens carentes, que acabam sendo, após passagem pela Cafeteria do Museu, pinçados por outras empresas do mercado. Belo projeto, não?!

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A revitalização do Centro Velho de Santos tem apoio da ACS – Associação Comercial de Santos, pois sua diretoria entende que atraindo jovens em busca de entretenimento diferenciado e de qualidade, cria-se um círculo virtuoso, gerando novos projetos e, assim, valorizando toda a região. Até há pouco tempo o cais sempre teve sua imagem no período da noite ligada à prostituição e o alto risco.

Projetos como o Bikkini Barista que envolve diferentes ambientes que oferecem serviços para quase o dia todo, como cafeteria e restaurante, além do badalado Lounge que “bomba” nos finais de semana, atraem inclusive gente de São Paulo. Veja nesta foto a parede de LEDs que fica noLounge… impressionante, não?

Restaurantes e bares com ótimo ambiente e serviços (ah, não deixe de experimentar o prato de resistência em Santos:Meca Grelhada!) dão o ar da graça durante o dia, mas assim que a Lua passa a dominar o firmamento, é hora de agito em casa como o belo espaço da Typographia Brasil. Música brasileira, samba de primeira.

Por outro lado, voltando ao comércio de café, existem além das casas exportadoras diversas empresas de serviços de suporte como laboratórios, despachantes e armazéns, num ambiente de alta tecnologia.

Vale uma visita a Santos para conhecer mais sobre a História dos Cafés do Brasil e toda a impressionante cadeia em que o café está estruturada. Por certo, apenas com visão de cadeia pode-se ter maior compreensão da lógica desse mercado e, aí, encontrar muitas e boas oportunidades.