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São Paulo

The Coffee Traveler by Ensei Neto

MERCADO

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Deslançando o mais antigo curso sensorial SCAA do Brasil

Thiago Sousa

Era Maio de 2005.

Cerrado Mineiro, em Patrocínio, MG.

Foi quando lançamos o Primeiro Curso Avançado de Avaliação Sensorial de Café com Metodologia SCAA – Specialty Coffee Association of America, voltado para profissionais das cooperativas da região e alguns degustadores convidados.

Aquele curso foi muito importante, pois estávamos testando diversas abordagens ao conteúdo do Exame para Certificação de SCAA Cupping Judges/Juízes Degustadores SCAA, bem como exercícios para verificar as habilidades sensoriais do pessoal. Afinal, boa parte dos resultados foram apresentados durante algumas das reuniões do SCAA Technical Standards Committee (Comitê de Normas Técnicas), do qual participei por completos 7 anos.

Depois de mais de uma centena de profissionais passarem por este curso, chegava o momento para que ele fosse oferecido a um público mais amplo. Assim, em Novembro de 2007 lançamos o Curso Avançado de Avaliação Sensorial de Café em São Paulo, SP, nas instalações doCPC – Centro de Preparação de Café do Sindicafé de São Paulo.

Em casa nova, através de uma aliança bem estabelecida entre Conteúdo e Infraestrutura, foi possível trazer o primeiro Exame para Q Grader no Brasil, no início de Dezembro de 2007, conduzido pelo Mané Alves.

De lá para cá, foram 22 turmas desse Curso Avançado, com pessoas de diversas partes do Brasil e até do Exterior.

Em todo esse tempo, quando quase duas centenas de pessoas entre Degustadores, Classificadores, Baristas, Professores de Cursos de Engenharia de Alimentos/Ciência dos Alimentos, Coffee Lovers, Donos de Cafeterias, Mestres de Torra e simples Loucos por Café passaram por este curso, que sempre manteve como regra básica o constante aprimoramento do seu Conteúdo.

Além dos tradicionais exercícios pedidos nos Exames de Q Grader como o Sensory Skills (= Habilidade Sensorial), que vão desde a exploração dos 36 aromas contidos no conjunto Le Nez du Café às temidas soluções que combinam os Sabores Básico (Doce, Salgado e Ácido), incorporamos temas inéditos como os Diferentes Sabores Amargos, avaliações em Diferentes Concentrações de Café e os Aspectos Sinestésicos na Avaliação Sensorial do Café.

Com a popularização do Exame Q Grader, em cujos laboratórios tive a oportunidade de certificar todos os existentes no Brasil como Inspetor Oficial do SCAA Lab Certification Sub Committee, a Metodologia SCAA de Avaliação de Café se tornou uma referência no mercado, tendo mais de 1.200 profissionais certificados, dos quais mais de centena e meia no Brasil.

São resultados pujantes e muito significativos para um país produtor que sempre foi conhecido pela enorme quantidade de café, porém sem um timbre de qualidade que o distinguisse ou o fizesse brilhar. Com mais profissionais capacitados, uma grande transformação começou a acontecer, surgindo lotes de café fantásticos das mais diferentes origens, fazendas e produtores.

O caminho está traçado e muitos já estão nele!

Assim, decidi que havia chegado o momento de um novo rumo, daí o DESLANÇAMENTO desse que é o MAIS ANTIGO CURSO SENSORIAL SCAA DO BRASIL.

Será a última turma, porém sem qualquer tristeza no ar…

Os ventos da mudança estão trazendo novos aromas pelo ar!!!

Novos degraus para o conhecimento: Licenciando Q Graders

Thiago Sousa

Uma verdadeira maratona!

Assim tem sido minhas últimas 2 semanas, dedicadas em Belo Horizonte, MG, na Academia do Café!

O CQI – Coffee Quality Institute (www.coffeeinstitute.org) é uma entidade fundada por membros da SCAA – Specialty Coffee Association of America (www.scaa.org),  com quem divide a sede em Long Beach, CA, USA, e tem operacionalizado o maior e mais bem sucedido programa de certificação de profissionais classificadores/degustadores de café no mundo  através do Q Grader System.

Utilizando os protocolos desenvolvidos pela SCAA através de seu Standards & Statistic Committee (Comitê de Normas e Estatísticas), que substituiu o Technical Standards Committee (Comitê de Normas Técnicas), o CQI tem difundido através de um grandioso grupo de profissionais os princípios da qualidade do café, da semente à xícara.

A formação de um Q Grader (título que pode ser traduzido como Avaliador Q, onde Q é de Qualidade) abrange conhecimento de todas as etapas de produção da nossa bebida preferida, desde os aspectos agronômicos e botânicos, passando pelas operações de colheita e secagem, daí para a armazenagem e comércio internacional, noções de torra de café e, finalmente, até os principais requisitos para uma correta avaliação sensorial. Aptidão conta muito, mas também a experiência profissional e o senso aguçado para buscar novidades…

Dentre o domínio, digamos, “do corpo”, que são as aptidões e perícias, tem maior peso a Olfativa e a do Paladar. Nariz e Boca, simplesmente!

Quais sãos os grupos de aromas mais comuns aos cafés? Seriam apenas os 36 que compõem o famoso conjunto Le Nez du Cafè?

E como ficam os Sabores e Gostos? Isoladamente e combinados, como se comportam?

Como a formação de um Q Grader, assim como o de SCAA Cupping Judge (= Juiz Certificado SCAA), foi estruturada a partir da visão de um comprador de país consumidor (os Estados Unidos), conhecer as principais Origens Produtoras de Café é algo obrigatório. E para isso, aprender a avaliar 36 diferentes origens como Etiópia, Kenya, Indonésia, Colômbia e Guatemala, por exemplo, além das brasileiras, também é matéria obrigatória!

A bem da verdade, os principais concursos de qualidade de café no mundo, além dos inúmeros lotes de café que circulam pelo mundo, estão sendo feitos com a hoje quase obrigatória participação de profissionais licenciados como Q Grader. No website do CQI você pode saber quantos e quem sãos os profissionais licenciados em cada país. Transparência é fruto de conhecimento aberto.

E compartilho este momento particularmente feliz com o maior dos meus Companheiros de ViagemBruno Souza, o Urso, que aceitou o desafio de fazer realizar Exames para Q Graders na Academia do Café (www.academiadocafe.com.br), em Belo Horizonte, tendo oCompanheiro de Viagem Mario Roberto Fernandez Alduenda, Instrutor Q do CQI, profissional mexicano com larga experiência em Ciência dos Alimentos, como o Diretor do Curso.

Duas turmas completas (mais de 25 profissionais de grandes empresas de comércio exterior, torrefações, cooperativas e até produtores) e outro tanto de profissionais que aproveitaram a oportunidade de refazerem alguns testes.

O Brasil precisa de mais profissionais com alta qualificação para auxiliar na busca da qualidade no café, que deve ser incessante. Para se ter idéia, a Coréia do Sul, com seus pouco mais de 30 milhões de habitantes, tem mais de 200 Q Graders, enquanto em nosso país, maior produtor mundial, pouco passa de 30 (trinta!).

Belô nestes dias respirou muito mais Café!

Guia da qualidade: Sabores dos cafés do Brasil

Thiago Sousa

Você saberia dizer quantas são as origens produtoras de Cafés do Brasil?

São bem conhecidas algumas regiões tradicionais e outras que ganharam destaque nos últimos anos, indo do Paraná até a Bahia, de onde saíram lotes vencedores do último concurso do Cup of Excellence no Brasil.

Esta era uma idéia antiga, mas que somente agora foi possível tornar realidade. Mapear as safras brasileiras de café através de seus atributos sensoriais. Parece simples, não é mesmo? Mas, definitivamente não é!

Lançado em meados de novembro de 2009, durante oENCAFÉ, Encontro da Indústria de Café do Brasil, na paradisíaca Praia de Guarajuba, BA, o Guia ABIC da Qualidade dos Cafés do Brasil, cuja capa pode ser vista na foto ao lado, foi um trabalho incrível. Desde as primeiras “trocas de figurinhas” que Nathan Herskowicz, Diretor Executivo da ABIC, Fernando Giachini, Diretor do Instituto Totum, e eu, seu Coffee Traveler, em meados de março de 2009, até a entrega dos exemplares durante o Encafé, um batalhão de profissionais foi mobilizado. O Instituto Totum assumiu a Coordenação Executiva do Projeto, empregando sua especialização em processos de certificação, enquanto que assumimos a Coordenação Técnica, sob o “guardachuva” institucional da ABIC.

Planejamento, ajustes, reuniões, contatos, esclarecimentos, escolha dos protocolos, metodologia, local e etecetera e tal (ufa!), nada poderia ficar de fora. Por se tratar de um primeiro esforço, optou-se pela simplicidade e objetividade. Foram buscadas as entidades representativas das origens tradicionais e que efetivamente representam o mosaico de sabores dos Cafés do Brasil. Pioneiro, desafiador e, até certo ponto, inesperada iniciativa de  uma entidade da indústria do café, o convencimento para que as organizações listadas participassem foi relativamente tranquilo, apesar de uma ansiosa curiosidade demonstrada por todos os profissionais que serviram de conexão com suas origens.

Enquanto isso, convidei Juízes Certificados SCAA e Q Graders Licenciados para tomar parte desse projeto. Foram listados profissionais que não mantinham vínculos com as entidades que forneceram as amostras para dar maior idoneidade ao processo. Em razão dos acordos mantidos pela ABIC com a SCAA – Specialty Coffee Association of America e o CQI – Coffee Quality Institute, os protocolos de avaliação de café adotados foram os da SCAA.

Se você quiser conhecer quem são os Juízes SCAA e Q Graders brasileiros, faça o download da lista completa no menu ao lado.

Quando finalmente chegou o momento de avaliar os cafés, o time se emocionou!

André Wagner de BritoProf. Flávio BorémGerson Giomo,Monica Leonardi (nossa primeira Juíza SCAA do Brasil),Messias LimaRubens Lucas (pessoal que devo muita gratidão pela “ralação”, bem como a equipe de apoio do CPC – Centro de Preparação de Café do Sindicafé SP)e eu tivemos longas discussões e ponderações sobre cada café, escolhendo as palavras e expressões mais corretas para identificar os sabores e aromas que encontrávamos. Instalou-se um clima de “sarau literário” regado a café, entremeado de inspirações e bochechos.

O resultado: cada café teve seus atributos postos num gráfico para facilitar a compreensão de sua essência.

O Guia pode ser adquirido através da ABIC, bastando fazer um pedido pelo endereço abic@abic.com.br , colocando como assunto Guia ABIC da Qualidade dos Cafés do Brasil.

Posso dizer que ficou muito bacana!