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São Paulo

The Coffee Traveler by Ensei Neto

MERCADO

Space Coffee um café especial diferente

Thiago Sousa

Grãos de café que foram ao espaço!

Um Café Especial diferente? Espacial!?

No último dia 02 de junho foram ao espaço grãos de café como parte de um interessante projeto científico desenvolvido pela JP Aerospace, de Carson City, NV, USA, e que se auto-intitula como “O Outro Programa Espacial Norte-Americano”.

Na realidade, a nave espacial não é nenhuma Enterprise, mas um balão especialmente desenvolvido para pesquisas espaciais que leva em uma pequena estrutura diversos experimentos científicos até a estratosfera, numa altitude aproximada de 27.000 m.

Os experimentos são de estudantes das escolas da região e como regra básica devem estar contidos em bolas de ping-pong (ou como os esportistas preferem, bolas de tênis de mesa), para que o maior número possa ser executado.

Os estudantes colocam, por exemplo, sementes diversas e sensores eletrônicos entre outros.

Daí o divertido nome de PongSat Project!

Veja, abaixo, a preparação dos experimentos, já alojados nas bolinhas de ping-pong.

Segundo John Powell, Presidente da JP Aerospace (www.jpaerospace.com), os estudantes não têm qualquer custo para o envio de seus experimentos ao espaço e todo o serviço é executado por voluntários, como professores, pesquisadores e outros profissionais.

Mais de 300 jovens cientistas já foram beneficiados nesse projeto.

O balão sobe a uma velocidade média de 240 metros por minuto, até atingir a faixa da estratosfera, onde se vê a curvatura da Terra e acima a escuridão do espaço sideral predomina. Nessa faixa, a temperatura chega a quase 90°C abaixo de zero.

Então, o balão estoura e cai vertiginosamente, ultrapassando a velocidade do som (340m/s) até o momento em que um paraquedas é automaticamente acionado. Geralmente, a distância da aterrissagem não é mais que 16 km do ponto de partida, na região desértica de Nevada, onde fica Carson City.

Veja, em detalhe, a estrutura onde ficam os experimentos:

Na Missão #33, foi levado um pouco de café para que, após essa incrível viagem, ele ganhasse statusde algo inusitado, um novo Specialty Coffee: Space Coffee.

O objetivo, segundo Powell, é o de levantar fundos para que o PongSat Project siga em frente e, porisso, esse pequeno lote de café está sendo leiloado no e-bay.

Muito legal, não?

Elegant Coffee: Ristretto

Thiago Sousa

Elegante. Simplesmente.

É assim que pode ser definido o ambiente do Ristretto Roasters, uma cafeteria e micro-roaster que fica na área NorthEast de Portland, OR.

Guardem este nome.

Idealizada e comandada pelo simpático Din Johnson, esta cafeteria se destaca pelos belíssimos espressos servidos num ambiente acolhedor e que emana muita elegância.

Apesar de estar numa área da cidade de Portland onde a maior parte das Coffee Houses são bastante alternativas, Din imprimiu à ambientação atmosfera lounge, que se reflete no serviço com baristas que transmitem vibração zen.

Din comentou que adora a alquimia do café e tem feito suas escolhas com origens como Ethiopia, alguns da América Central e, como classifica, essenciais Naturais do Brasil.

A torração é feita pessoalmente por Din, fazendo questão de ressaltar que faz parte do novíssimo movimento dos “Hand Crafted Coffees” ou “Cafés Artesanais”. As discussões técnicas sobre torra de café que Din gosta de acalorosamente participar mostram seu entuasiasmo e perfil de artesão.

A seguir, Din e eu, seu Coffee Traveler, diante de seu torrador:

Finalmente, uma composição com um café de filtro e um belo espresso que Din nos serviu:

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Black Coffee by Humble Pie

Thiago Sousa

Trânsito pesado, ar seco, poluição e aeroportos em pleno caos.

Estradas esburacadas, sem conservação, tornam as viagens muuuiito longas.

Esqueça tudo isso, por um momento.

Não pense na safra pequena cheia de grãos verdes, nem na cotação em queda livre do dólar na hora de vender o café.

Deixe de lado, por instantes, a lembrança de horríveis cafezinhos jazendo em garrafas térmicas, ou de espressos mal extraídos.

Hoje é sábado!

Imagine-o como um dia de renovação, de recarga de energias positivas e de muita inspiração!

Para ajudar, prepare-se para assisitr a uma interpretação inesquecível da canção Black Coffee pelo grupo Humble Pie. Ah, sim, com uma simples mas bem preparada xícara de café…

Ecologia e cafés sustentáveis

Thiago Sousa

A preocupação com as questões ecológicas tem crescido nos últimos anos, sendo que as recentes demonstrações das alterações climáticas tornaram todos mais sensíveis ainda.

Novas palavras e expressões foram rapidamente incorporadas ao nosso dia a dia, como “seqüestro de carbono”, “sustentabilidade”, “responsabilidade ambiental” e ecologia. Modelos de casas ecológicas estão surgindo, demonstrando como todos nós podemos contribuir para que o nosso planeta não seja tão judiado.

O conceito de sustentabilidade compreende um conjunto de ações e posturas adotadas por um sistema de produção que visa preservar os recursos naturais e as vegetações nativas, proporcionando às novas gerações sua continuidade sob maior sentimento holístico do mundo.

Assim, as reservas naturais numa propriedade, muito mais do que uma obrigatoriedade legal, podem ser um valioso instrumento de perpetuação da biodiversidade nativa.

Na cafeicultura, assim como em outras lavouras, o tema tem despertado grande interesse de todos os agentes da cadeia, desde os produtores, até as indústrias de torrefação e os consumidores. E Certificadoras que garantam um processo de produção com forte enfoque na sustentabilidade e na conservação ambiental estão desenvolvendo trabalhos muito interessantes.

Como já comentei anterioremente, a Certificação da RainForest Alliance, cujo selo de identificação possui o famoso “sapinho” (na verdade, é uma perereca…), possui normas de produção que visam a preservação da vegetação nativa, além de abordar aspectos sociais e comunitários. Hoje, além do café, são certificadas produção de madeira e frutas.

Conheça a seguir um pouco mais sobre essa certificação através do depoimento do Eduardo Trevisan, responsável pela área de café do IMAFLORA, certificador Rainforest no Brasil:

O valor da esmeralda: USD 17,196 por 60 kg!

Thiago Sousa

Durante a Conferência da SCAA – Specialty Coffee Association of America (Associação Americana de Cafés Especiais), que aconteceu de 04 a 07 de maio último, em Long Beach, CA,  participei de uma série de avaliações de cafés provenientes de vários países que possuem convênio de cooperação com a SCAA.

Esse evento, que é o Roasters Guild Cupping Pavilion, durou 3 dias quando mais de 30 profissionais da área de classificação de cafés especiais de vários países puderam avaliar amostras de cafés dos países da América Central, África, América do Sul e Pacífico.

Do Brasil, além de mim, seu Coffee Traveler, participou ativamente o Jack Robinson, que é o Degustador e Classificador do Café Bom Dia, de Varginha, MG. 

Haviam cafés realmente maravilhosos.

Nesse certame, o café da Hacienda La Esmeralda, de Boquete, Jaramillo, Panama, foi considerado o melhor, seguido de perto do Finca El Injerto, de Huehuetenango, Guatemala.

A classificação final do Cupping Pavilion pode ser verificada através do link

http://www.scaa.org/pdfs/news/SCAACuppingPavilion2007WinnerPressReleaseFINAL.pdf

Um dos concursos de qualidade de cafés que conta com o apoio oficial da SCAA é o que acontece anualmente no Panama e que tem o nome The Best of Panama.

O lote vencedor foi o da Hacienda La Esmeralda, de Boquete, Jaramillo, Panama, a exemplo do que ocorreu no certame de 2006.

Esta fazenda, que é propriedade de Mr. Price Parterson, está localizada numa região vulcânica e a mais de 1.200 m de altitude.

Apesar de sua relativamente pequena latitude, que é de 8°47’58″ Norte, como você pode verificar pelas informações nesse mapa do Google Earth reproduzido ao lado, as condições geográficas são impressionantes.

Junto com isso, há uma especulação de que a combinação com estas particulares condições geográficas e o emprego de uma variedade denominada “gueisha” dê um toque de sabor que lembra os grandes vinhos borbulhantes produzidos em Champgne.

Dois amigos, Tom Owens e Willem Boot, em particular, após a rodada final, comentaram sobre isso. Willem disse que havia pontuado com 97 pontos SCAA esse lote La Esmeralda, dizendo que reconhecia as características sensoriais da variedade gueisha.

Bem, no dia 29 de maio último, quando se realizaou o leilão via internet com a infra-estrutura e apoio da SCAA, o lote campeão, La Esmeralda Especial, foi arrematado por nada mais, nada menos  que estonteantes USD 130 per-pound, o que equivale a USD 17,196 por 60 kg (R$ 32.845,00 por saca de 60 kg)!

É o pode valer La Esmeralda…

Beber Café é Divertido

Thiago Sousa

As peças publicitárias de café, ao longo dos anos, vêm apresentando o “beber um café” como um momento de confraternização ou de relaxamento individual.

O temário, na realidade, é muito amplo, pois pode ser ressaltada uma origem e seus atributos de sabor, ou um sistema de preparo ou, ainda, um estilo de consumo.

Selecionei algumas peças que são muito divertidas e que se expressam por um ângulo inusitado:

1. Esta peça ressalta os efeitos da cafeína. Turbine sua vida, seja mais rápido!

2. A próxima peça, campanha do Nescafé, é minimalista e, por isso, genial. De novo, destaca o efeito da cafeína, porém numa linguagem sofisticada, que fica evidente pelo impacto do uso apenas das cores antagônicas “Preto & Branco”:

 

3. Irreverente é o mínimo que se pode dizer da peça da Stumptown, uma micro-rede Premium do NorthWest dos Estados Unidos. Revela o lado energético e até afrodisíaco do café…

Vintage 2

Thiago Sousa

Continuando a série, mais algumas peças incríveis:

Interessante vaporizador. Observe que há um réchaud a álcool na parte inferior.

Torrador manual, porém com aquecimento através do eixo central. É uma belíssima peça!

Elegante máquina para espresso Roma de 2 grupos.

Vintage 1

Thiago Sousa

Esta é uma pequena seleção de incríveis máquinas que são retrato de interessantes momentos da história do café.

Esta é uma cafeteira elétrica da Sunbeam de alumínio e cabo em baquelite.

Uma cafeteira para bares e restaurantes similar a nossa tradicionalíssima Imperial.

Incrível Moedor de café, sem retenção, utilizado em supermercados!

Spella Caffè

Thiago Sousa

Portland, a chamada “Cidade das Pontes” do estado de Oregon, North West dos Estados Unidos, tem uma das maiores concentrações de cafeterias que oferecem fantásticas xícaras de espresso e companhia.

Esta cidade, que é considerada como a que possui “A Melhor Qualidade de Vida” das cidades norte-americanas em 2006, é um vibrante caldeirão cultural e de culturas, com pessoas e estilos que vão dos mais alternativos aos de sofisticação “hi-end”. 

Há uma charmosa praça em Downtown Portland, onde você pode encontrar diversos trailers com diferentes serviços, que vão de refeições mexicanas às asiáticas, além de cafeterias.

Bem na esquina entre a South West 9th Avenue e a Alder Street você encontra a cafeteria do simpático Andreas Spella: é o Spella Caffè.

Andreas, cujo nome não esconde sua descendência italiana, é um roastmaster com passagem em algumas das mais tradicionais torrefações da região e resolveu, recentemente, estabelecer seu próprio negócio.

Ele mesmo faz escolha das origens e  artesanalmente as torra, criando um blend que já se tornou referência em Portland, e que  alguns críticos de gastronomia consideram obrigatória a passagem pelo Spella Caffè se você quiser saborear um belíssimo espresso acompanhado de alguns bolos e tortas que o próprio Andreas prepara.

Além de tudo, um Chef du Pâtisserie!

Pequenas mesas de ferro batido, evocando brasões antigos, ao longo da calçada criam um particular convite para desfrutar a vida, principalmente se o céu estiver ensolarado.

Além disso, Andreas é um bom papo, com grande conhecimento não somente na arte do café, mas em cultura no geral.

É isso que torna o seu café ainda mais especial.

Aqui, eu, seu Coffee Traveler, estou junto à janela onde Andreas faz o atendimento com seus impressionantes espressos.

Rain Forest: certificado de compromisso com o meio-ambiente

Thiago Sousa

Os efeitos do aquecimento global estão como manchetes em todas as mídias, alem de já fazer parte das discussões do dia-a-dia.

Tanto as revistas como os noticiários da tv mostram que o clima está mudando mais rapidamente do que se supunha e que alguma atitude tem de ser tomada. E neste caso, cada um de nos tem um papel importante.

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O primeiro sistema de cerificação com foco na preservação das vegetações nativas eh o da Rain Forest Alliance.

Com base de campo na Costa Rica, iniciou seus trabalhos com cafés sombreados, passando, posteriormente, para outras culturas e, inclusive, manejos de florestas.

Neste video, Oliver Bach, que eh o responsável pela área de certificação e divulgação da missão da Rain Forest Alliance, comenta um pouco sobre o maior envolvimento do produtor e consumidor sobre este importante tema:

Morrer de cafeína

Thiago Sousa

Em geral, há uma certa incorreção quando se comenta em relação à quantidade de cafeína existente em cada tipo de preparo de café.

Para facilitar a compreensão, devido ao fato de que a maior parte dos produtos contendo cafeína estão em base “água”, é importante saber que a extração aquosa da cafeína tem seu rendimento proporcional ao tempo de contato, ou seja, quanto mais tempo, por exemplo, o pó de café tiver com a água, mais cafeína será extraída.

Portanto, no espresso, apesar da maior pressão durante o processo de extração, o pouco tempo de contato, entre 20 e 30 segundos, faz com que, em geral, tenha-se cerca de apenas algo como 40% do que é possível ter num café preparado em coador de papel. Neste caso, quando se verte a água quente sobre o pó no coador, o tempo médio para se preparar entre 500 ml e 750 ml, que é a média da capacidade das garrafas térmicas ou dos jarros, fica entre 3 e 4 minutos. 

E, certamente, é um tempo muito menor em relação ao cafezinho tradicional, quando o pó é despejado na água fervente para depois passar por um coador de pano. Neste caso, considera-se que se consegue a quase totalidade do teor da cafeína disponível nos grãos.

Para se ter idéia, os grãos de café da espécie Coffea arabica  têm em média 1,0 a 1,2% de cafeína em peso, enquanto que nos grãos da espécie Coffeea canephora, 2,5%. Ou seja, em grãos das variedades Robusta ou Conillon (esta cultivada no Brasil), encontramos o dobro de cafeína do que nas variedades Mundo Novo e Bourbon, por exemplo.

Uma xícara de espresso é preprarada com 7 gramas, que correspondem em média a 50 grãos de café de tamanhos de peneiras #16, #17 e #18, lembrando que estes números se referem, na realidade, a furos com diâmetro equivalente a 1/16 de polegada, 1/17 de polegada e 1/18 de polegada, respectivamente (1 polegada = 25,4 mm). Logo, se forem exclusivamente grãos de arabica, considera-se que você ingere algo como 30 mg de cafeína.

Enquanto isso, num tradicional cafezinho, numa xícara de 50 ml, com uma proporção normal de 70 gramas para 500 ml, você ingere aproximadamente 100 mg de cafeína.

Pesquisas médicas revelam que um consumo normal diário aceitável é da ordem de 400 a 500 mg.

Outro detalhe: a cafeína é metabolizada pelo nosso corpo em aproximadamente 4 horas. Obviamente, algumas pessoas podem ser mais rápidas, outras mais lentas. Por isso, quando você se empanturra de cafeína, seja através de café, refrigerantes ou energéticos, após esse tempo você se sente novamente pronto para mais uma rodada.

Há um website muito interessante que tem uma calculadora para você saber a quantidade de cafeína ou de bebida para lhe matar…

http://www.energyfiend.com/death-by-caffeine/

Um café verdadeiramente animal…

Thiago Sousa

Kopi Luwak.

Guarde este nome.

É sinônimo de exotismo exarcebado para os “loucos” por café ou verdadeiramente iniciados…

Este café é obtido de uma forma muito singular, única no mundo, o que lhe dá status de um autêntico Café Especial…

Encontrado exclusivamente na Indonésia, Sudeste Asiático, estes raríssimos grãos sofrem um “sofisticado” processo de retirada da casca e mucilagem desempenhado por nada mais, nada menos que um pequeno animal conhecido como Luwak ou Civet Cat!

Nesta primeira foto, um pequeno luwak está escolhendo, através de seu espetacular olfato, os frutos de café perfeitamente maduros.

O luwak, cujo nome científico é o estranhíssimo Paradoxus hermaphroditus, lembra um gambá e possui hábitos noturnos, além de apreciador de pequenas frutas. Não se sabe ao certo o porquê, mas ele adora comer grãos de café.

Os grãos, ao passarem pelo seu estômago, acabam sendo descascados e têm a mucilagem que fica entre a casca e os grãos retirada pela ação das enzimas. Ou seja, temos aqui um “processo animal” para desmucilar um Cereja Descascado (CD).

Ao final, após um tortuoso passeio pelo trato intestinal, são defecados (infelizmente não encontrei outra palavra para descrever isso…) e permanecem no chão até que os colhedores cuidadosamente os recolham paraprocessá-los a seguir de forma, digamos, não animal.

Nos pequenos sítios, sofrem o processo de secagem em terreiros, onde ficam até atingirem a umidade em torno de 11%, mantendo o seu pergaminho como invólucro.

O nome do produto, Kopi Luwak, é originário da linguagem bahasada Indonésia, sendo que kopi significa café, enquanto que luwakidentifica o pequeno animal.

Devido ao seu aspecto estritamente artesanal na coleta dos grãos, a quantidade ofertada deste café é bastante restrita, fazendo com que seus preços atinjam valores exorbitantes.

É possível fazer os pedidos do um autêntico Kopi Luwak através do website www.animalcoffee.com , onde outras curiosidades sobre este exótico café podem ser encontradas.

Para se ter uma idéia, o café cru, entitulado como Natural Kopi Luwak, custa USD 80.00 por libra-peso ou o equivalente a USD 176.60/kg!

É possível adquirir este café torrado em grãos.

E aqui uma curiosidade: há ofertas de Roasted Kopi Luwak Robusta, por USD 80.00 per pound (= USD 176.60/KG) e Roasted Kopi Luwak Arabica, por USD 200.00 per pound (= USD 441.50/kg).

Interessante, não?

Veja que mesmo na Indonésia os grãos de arábica são mais valorizados que os de robusta *!

* Na realidade o nome Robusta se refere a uma variedade da espécie Coffea canephora, assim como Mundo Novo ou Bourbon são variedades da espécie Coffeea arabica

Questão: Um bom café tem que ser 100% arábica?

Thiago Sousa

Renato Fernandes é editor do website Café Point (www.cafepoint.com.br), um dos mais importantes fóruns de “Livre Pensar”, informações e debates sobre os diversos elos da cadeia produtiva do café.

Aqui, Renato, como Companheiro de Viagem, faz uma interessante provocação sobre o uso das variedades Robusta e Conillon da espécies canephora, tão desprezadas pelos produtores das nobres varietais de Coffea arabica:

É comum vermos, em embalagens de cafés gourmet ou especiais, a expressão “100 % arábica”, como garantia de qualidade. Assim como, lermos, em notícias que citam o robusta, a explicação de que este é usado para fazer café solúvel.

omo é bem relatado na página da Wagro – World Alliance of Gourmert Robustas, até a década de 70, o café importado pela Europa era predominantemente robusta e com essa matéria-prima, se produziam, inclusive, os spressositalianos. A Wagro nos conta também que, até meados dos anos 50, não havia um diferencial de preço tão substancial entre esses cafés, comercializados em Londres, e os arábicas suaves, comercializados em Nova Iorque. Somente após um quadro de escassez de arábica, estabelecido com as geadas ocorridas no Brasil, em 1955, se estabeleceu um prêmio para esse café, o qual se magnificou, com o tempo, levando ao diferencial de valor hoje existente.
Enquanto o mercado de arábica amadurecia, com novos atributos sendo destacados, no caso do robusta, junto com a diferença no preço, instalava-se um ciclo vicioso, que levou a menores tratos culturais e à negligência do seu processamento, já que se tratava de um produto de segunda categoria. O que foi mais drástico, no Brasil, pelo fato do conilon, nossa variedade de Coffea canephora (o arábica é C. arábica) ser, inicialmente, caracterizada por produzir grãos de menor tamanho. Além de, ao contrário do arábica, o robusta ser uma planta de fecundação cruzada, o que dificultava, em muito, os processos de melhoramento genético.

Assim como uma revolução na caracterização da qualidade do café arábica brasileiro vem ocorrendo, desde a década passada, no conilon, pode-se dizer que esta foi dividida em duas frentes. Primeiramente, uma equipe de pesquisadores do INCAPER, ligado ao governo do estado do Espírito Santo (estado que mais produz conilon no Brasil), desenvolveu variedades de conilon propagadas por mudas clonais, com produtividade e tamanho de grão bem melhores que os materiais plantados até então e, juntamente com isso, sistemas de adubação e podas, o que começou romper o ciclo vicioso, mencionado acima.

Rompido o primeiro paradigma e também devido às necessidades operacionais de grandes plantios empresariais de conilon, começou-se a processá-lo por via úmida (fazendo o famoso CD, mencionado por Neto em várias oportunidades, para o arábica). São justamente estes cafés conilon CD que começam a romper a barreira segundo a qual não se pode ter cafés gourmet com inclusão de conilon noblend. Possibilidade demonstrada em pesquisa recente feita pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e pelo CETCAF, também do Espírito Santo.

Em resumo, uma vez provado que, bem processado, o conilon pode estar nos blends de café gourmet, abre-se o espaço para que alguns de seus atributos, como maior corpo e formação de uma espuma mais duradoura nos spressos, possam ser as futuras justificativas para a sua inclusão se dê por complementariadade ao arábica, não por preço e, quem sabe daqui a nem tanto tempo assim, sejam vistas marcas de café estampando, por exemplo e orgulhosamente, as inscrição “90% arábica e 10% conilon do Brasil”.

Posters Colombianos: Sutileza e Brilho

Thiago Sousa

A Colômbia desde o princípio dos anos 80 investe generosa verba em marketing promocional para divulgar o “Café de Colombia”.

Através de uma estratégia muito bem estruturada e campanhas consideradas memoráveis ao longo desses quase 20 anos, o café produzido no vizinho país conseguiu se posicionar junto ao mercado consumidor como “O Mais Saboroso Café do Mundo”.

Repetir o mesmo bordão por tanto tempo acaba por fazê-lo uma verdade. Mesmo sabendo-se que o conceito de “O Melhor…” ou “O Mais…” é muito subjetivo e é escolha pessoal.

Na realidade quem pode julgar qual é ”o melhor” ou “o mais” é o consumidor.

Quero apresentar 4 posters, todos produzidos pela DDB Worldwide, que considero os mais brilhantes dos que ganharam páginas nas mais influentes revistas e magazines ao redor do mundo nos anos 80 e 90:

1. Genial comparação entre máquina e software!

2. É fashion… observe que a manta que a modelo está usando é a mesma do Juan Valdez, imagem símbolo do Café de Colombia.

3. Simplesmente brilhante! A silhueta, que se tornou conhecidíssima, basta para a comunicação. Este mesmo conceito foi utilizado pela vodka Absolut e pela Coca-Cola com sua tradicional garrafa de vidro.

4. Dispensa bula!

11° Mandamento: Não serás impuro.

Thiago Sousa

No final da semana passada foi veiculada no jornal Diário da Manhã, de Goiânia, GO, uma notícia sobre indústrias de café de Goiás que estavam comercializando café torrado e moído (T&M) com impurezas.

O Procon-GO autuou 18 empresas no total, sendo que três marcas são de Goiânia e as demais situadas nas cidades de Acreúna, Caldas Novas, Ceres, Ipameri, Itumbiara, Morrinhos, Porangatu, Rialma, Rio Verde, Catalão e Pires do Rio.

Palha ou Casca de Café, como empregada por essas empresas fraudadoras.

Na análise, realizada pela Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), com base na resolução 277/05 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, foram detectadas substâncias estranhas ao café, como cascas e paus, com os seguintes percentuais: Café Romeiro de Trindade (10,5%) Café 2 Irmãos (8,5%), Café Ouro Forte (6,5%), Café Monjolo (5%), Café Diamante Negro (4%), Café Serra de Caldas (3,5%), Café Trocipal (3,5%), Café Colono (3%), Café Ipameri (3%), Café Olímpico (3%), Café Rio Verde (3%), Café Franciscano (2,5%), Café Rio Negro (2,5%), Café Ouro Rico (2,5%), Café Faixa Nobre (2,5%), Café Goiás (2%), Café Caseiro Tradicional (1,5%) e Café Recheio (1,5%).

Pelo fato de existirem lavouras de café esparramadas ao longo das Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, além de se fazerem presentes em alguns estados da Região Norte, cria-se uma facilidade muito grande de aquisição de matéria-prima por parte da indústria de torrefação.

Grãos quebrados e pedaços de pau. Observe a presença de alguns grãos pretos: nestes estão os compostos fenólicos que conferem o “amargor medicinal”. 

Outro agravante é que na busca por uma matéria-prima de baixo valor (diferente de valor competitivo), a principal opção é o emprego de cascas de café, usualmente denominadas “Palha de Café”.

Devido à presença residual de açúcares da polpa, geralmente as cascas denominadas “melosas” acabam conferindo sabor adocicado à bebida, compondo blend, se é que assim poderíamos chamar essa mistura,  com os grãos quebrados, fermentados e pedaços de paus, por exemplo.

Esse tipo de fraude é mais comum no interior, pois além da fiscalização menos intensiva, há a cultura de se beber “cafezinho amargo e bem preto”, resultado de uma torra muito profunda de um blend com grãos deteriorados.

O ideal seria que o blend fosse composto por grãos inteiros, de boa qualidade ou, no mínimo, razoavelmente passável, dentro de um critério de avaliação que a ABIC – Associação Brasileira da Indústria do Café está desenvolvendo com o seu PQC – Programa de Qualidade de Café.

Por isso é importante sempre observar, ao adquirir o seu café Torrado e T&M (Torrado e Moído), se oSelo de Pureza ABIC está estampado.

A presença deste selo é a garantia de que não existem impurezas. Ou, se existirem, há a possibilidade de fazer valer os seus direitos contidos no Código de Defesa do Consumidor.

E, também, agora há o Selo de Qualidade ABIC, que você pode conferir a seguir:

Bebendo café frio: É gostoso?

Thiago Sousa

As formas de preparo e consumo de café, bem como de qualquer tipo de alimento, é fruto de forte componente cultural.

Por exemplo, o único país onde se consome o abacate com açúcar, e, por isso, como parte da sobremesa, é o Brasil. No restante do mundo, o tal do “avocado” é base de saladas e outros pratos frios, sempre salgados. Obviamente, há um susto recíproco quando um brasileiro experimenta pratos salgados com essa fruta, bem como dos estrangeiros vendo, em nosso país, o pessoal comendo abacate com uma camada branca de açúcar.

Regra de Ouro da Convivência Humana é saber respeitar as diferenças, principalmente aquelas de natureza cultural, mesmo não compartilhando delas.

No caso do café, o brasileiro tem no cafezinho sua forma clássica de preparo: pó fino, misturado à água fervente com longo tempo de contato, filtragem em pano e bebida final de considerável concentração.

Assim, o Cafezinho Clássico, preparado em coador de pano, passa a sensação de bebida mais encorpada, pois os poros do coador de pano são mais abertos que um de papel. É como se você comparasse tecidos “Super 60´s” e “Super 100´s”. A trama deste último é muito mais fechada.

O tempo de contato longo, muitas vezes porque o pó é despejado na água fervente antes de passar pelo coador, faz com que a extração da cafeína seja compreensivelmente elevada.

Percebe-se que tudo leva para que a bebida final seja encorpada, concentrada. Daí o porquê é servido em doses menores, normalmente em xícaras de 80 a 100 ml.

É como a diferença de embalagem de perfumes e colônias: perfumes são mais concentrados e ficam acondicionados em pequenos frascos, enquanto as colônias, mais diluidas, apresentam-se em frascos maiores.

No preparo doméstico, o coador de pano impera pela praticidade.

É o Cafezinho Moderno!

Pelo fato de sua trama ser mais fechada, a retenção de pó é quase total, bem como de parte de algumas gorduras de cadeia grande. O resultado final é uma bebida mais brilhante e menos encorpada, se comparada na mesma concentração com a do coador de pano porque há menos partículas em suspensão.

Ao permanecer em jarros abertos, preferencialmente de vidros, que não alteram o sabor, a temperatura do café decairá até atingir o equilíbrio com a do ambiente. E se você tiver preprado um café com grãos bem selecionados, ou seja, ausente de grãos defeituosos e imaturos, uma agradável surpresa pode acontecer.

Nossas papilas gustativas têm maior percepção dos sabores abaixo dos 45°C.

Portanto, ingerir qualquer coisa muito quente somente é possível perceber…quão quente essa coisa está!

Dependendo do blend ou da origem do café, conforme a temperatura da bebida cai, determinadas notas de sabor se evidenciam, como é o caso das que lembram caramelo e chocolate, que devido ao seu perfil sensorial são notadas em temperaturas mais baixas ou momentos após você engulir o café.

São sabores que normalmente compõe o que chamamos de “Notas de Fundo”, ou seja, percebidas mais ao final da permanência na boca.

Faça esse teste.

Quebre seus paradigmas!

Somente observe que a qualidade do café é muito importante: aqueles que contiverem grãos imaturos ou compostos fenólicos, por exemplo, terão amplificados o amargor típico, que acaba se sobrepondo aos sabores agradáveis.

Sobre sachês e cápsulas de café

Thiago Sousa

O setor de serviço de café tem evoluído intensamente, incorporando tecnologias e conceitos para facilitar a vida de quem é “louco” por café.

O serviço de espresso tradicional demanda máquina e moinho, que por si só dependem de instalações elétricas e hidráulicas muitas vezes especialmente projetadas, além de infra-estrutura própria. Só que muitas pessoas gostam desse tipo de serivço, o que fez desenvolver novas modalidades e conceitos.

Dentre os novos conceitos, a idéia central era a de se produzir equipamentos e, naturalmente, quantidades de café torrado e moído em doses individuais.

Ao reunir tudo isso, criou-se oportunidade para que escritórios e até o consumidor residencial fosse atendido.

Há a praticidade da dose individual, também conhecidas como “monodose”, um manejo simples e equipamentos acessíveis.

Existem máquinas que são universais, aceitando saches em geral, como estas da portuguesa Briel.

No entanto, algumas empresas investiram em tecnologia própria, desenvolvendo novos produtos para acondicionar e extrair um espresso.

Dentre essas, aquela que deu início a essa série de inovações é a indústria italiana Lavazza, com a introdução de cápsulas exclusivas para serem utilizadas em máquinas exclusivas.

Muito arrojo no design e, principalmente, uma comunicação eficiente com o consumidor, tornaram a Lavazza uma referência no mercado de café. Desenvolveram diversos blends de café, além de…consomeés, caldos salgados leves de diferentes sabores!

Recomendo a visita ao seu website e, principalmente, conheça o que eles chamam de “A mais incrível experiência em espresso”, que envolve uma coletânea de telas que lembram a técnica airbrushing, como os impressionantes gráficos de Moebius e Chris Achilleos na revista Heavy Metal.

Vale a visita!

www.lavazza.com/default/calendar/lavazza2007

Little Ben, Sweet Maria & Tom

Thiago Sousa

A estória de Tom e Maria é muito bela.

Tom Owens é um dos intrépidos caçadores de cafés de alta qualidade, rodando o mundo inteiro à procura de grãos absolutamente raros e exóticos. Por outro lado, sua forma de comercialização é totalmente eletrônica, sendo tudo feito através de seu website www.sweetmarias.com .

Recomendo a visita ao website do Tom para se ter uma idéia da profusão de origens de café disponíveis, equipamentos para o preparo doméstico e artigos como as belíssimas xícaras da belga Bodun.

Nesta foto, vemos Tom fazendo um atendimento on-line na Sweet Maria´s Office & Warehouse (escrítório e armazém), em Oakland, CA, que fica muito próxima a San Francisco.

É amor eterno que existe entre os dois e foi por isso que Tom emprestou o nome da Maria para batizar a empresa: Sweet Maria´s !

Maria, que transmite muita doçura e meiguice, sofre de arterioesclerose, tendo seus movimentos muito limitados. Devido às fortes dores provocada pela degeneração, ela  fica acamada por boa parte do tempo e apoia-se em sua bengala para andar pelo armazém e atender os clientes.

Esse sofrimento faz com que Tom tenha uma energia sobre-humana para fazer tudo o que ele faz, como, além das viagens quando participa de concursos de qualidade como juiz de cafés especiais, o controle do armazém e o atendimento aos clientes web.

Aqui vemos Maria, entre Bruno Souza, importador de cafés especiais da Costa Oeste, brasileiro e apreciador de um bom e certeiro Bourbon Jim Bean, e eu, seu Coffee Traveler.

Esta foto foi feita um pouco antes de Maria saber de sua gravidez.

Providencial.

Alguns trabalhos médicos demonstram que durante a gravidez algumas substâncias que o corpo produz acabam por amenizar as dores e a progressividade da arterioesclerose. Talvez seja até um toque divino…

Além disso, redobrou o ânimo de Tom para suas múltiplas atividades!

Conheça, agora, o pequeno Ben Otto:

Café e cachaça – Certificação orgânica

Thiago Sousa

A palavra “crise” em japonês é representada por um kanji ou ideograma que é composto por dois outros e que, respectivamente, significam “Risco” e “Oportunidade”.

Normalmente quando nos deparamos com um grande problema, o primeiro sentimento que nos abate é o de risco que automaticamente estimula nossa autodefesa, muitas vezes num misto de retração e medo. Daí, para a solução adequada do problema, é importante enxergá-lo de forma que chamamos de multiangular, quando oportunidades podem ser identificadas.

É como um ditado popular: “É sempre bom saber fazer de um limão uma limonada…”

Observe que a Fazenda Esmeril, em Patrocínio, tal qual a da Vinícola Cousiño Macul, está em área hoje considerada urbana. E deve ser lembrado que as atividades agrícolas vêm sendo desenvolvidas muito antes de se pensar que o “sertão se tornaria cidade”…

Porém, de forma sensata, para contornar esse momento decrise, ambos adotaram sistema de produção que não só viabilizasse seus negócios, mas que também acabou por impulsioná-los.

As lavouras de café e cana de açúcar de Danilo Barbosa possuem certificação que atende normas da IFOAM e JAS (Certificação Orgânica Oficial do Japão) entre outras.

A certificação orgânica possui diversas ramificações e em diversos mercados são normas oficializadas pelos governos desses países. Num próximo post farei um painel sobre este assunto.

Neste caso, as cultura de café e da cana de açúcar acabam contribuindo mutuamente para o equilíbrio dos solos onde cada uma está se desenvolvendo, quando seus resíduos são reutilizados dentro de uma visão holística que é, independente do modelo de produção, desejável na agricultura como um todo.

Vamos visitar a cave onde a cachaça Bendito Grau, de Danilo Barbosa, descansa placidamente antes de chegar aos palatos dos apreciadores da bebida que representa o espírito brasileiro: