Saia do Automático! – 2
Thiago Sousa
Continuando o tema sobre “Sair do Automático”, há alguns aspectos interessantes que gostaria de comentar.
No post anterior o ponto central estava na geometria da xícara, que mudou, digamos assim, a percepção da bebida. A extração foi feita a partir de um único portafiltro, porém os resultados, como registrei, foram diferentes. Maior área de contato com o ar, menor espessura da crema e assim por diante… muitos fatores que promoveram a modificação dos sabores que podem ser percebidos por nós!
Outro elemento que você pode modificar e experimentar seus resultados é a temperatura de consumo.
Uma vez extraído, qual seja o serviço escolhido, deixe o café esfriar. É um hábito comum no Japão, terra das chamadas “latinhas de café”, que vendem algo como 400 milhões de unidades por mês!
Ah, é importante lembrar que para isso você deve fazer apenas se o café for de grãos muito bons, selecionados e com alta qualidade, caso contrário, o resultado será desastroso!
Um paralelo pode ser feito com o chá. Há tempos atrás o chá era servido exclusivamente quente com um pouco de açúcar ( no imaginário do pessoal vinham os charmosos cubos de açúcar…), limão ou, eventualmente, um toque de leite integral. Assim como no café, no chá o sabor adocicado e delicado é muito apreciado. Para isso, existe um enorme cuidado durante a colheita, totalmente seletiva, buscando as melhores folhas.
Hoje em dia é muito comum, mesmo no Brasil, o consumo do chá frio e até gelado. Alguns já são comercializados em embalagens longa vida.
Beber café frio ou gelado não é uma heresia!
É questão cultural e, no caso brasileiro, uma tentativa de ”sair do automático”…
Mas, sempre respeitando-se o princípio de que os grãos devem ter sido colhidos plenamente maduros, passando pelos processo de secagem e rigorosa seleção dos grãos crus. E aí segue para uma torra cuidadosa e, por fim, a extração bem feita.
Experimente. Saia do automático!
Veja a seguir como foram preparadas as xícaras de espresso que deram origem a esta pequena série…