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São Paulo

The Coffee Traveler by Ensei Neto

MERCADO

Filtering by Tag: Juan Valdez

Juan Valdez, o conquistador

Thiago Sousa

Recentemente causou comoção entre a comunidade cafeeira do Brasil, mais propriamente entre os produtores, a declaração do então presidente da poderosa FNC – Federación Nacional de Cafeteros de ColombiaGabriel Silva, de que o Brasil deverá ter as primeiras lojas da rede de cafeterias Juan Valdez em breve.

A reação dura do setor de produção do Brasil aconteceu num particular momento em que os preços recebidos pelos produtores brasileiros pelo café de referência no mercado, o Tipo 6 com Bebida Dura para Melhor, chegou a ser a metade do recebido pelos colombianos.

Na verdade, anos atrás, quando a Federación iniciou a implantação das primeiras lojas justamente no coração de Manhattan, NYC, USA, muitos desdenharam porque essas lojas estavam mais para ponto de encontro de imigrantes colombianos na Terra do Tio Sam do que para uma promissora cafeteria de público globalizado. Pouco tempo depois, numa iniciativa apoiada peloMAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a Cooxupé, maior cooperativa de café do Brasil, sediada na mineira cidade de Guaxupé, iniciou uma operação de cafeterias em solo chinês.

A verdade é que as coisas feitas com planejamento, executadas com todo o rigor e controle e que tenham, principalmente, comprometimento bem arraigado, dão certo.

No início, causou-me um certo sentimento de que muito havia a ser ajustado para que um trilhar pelas pedras do sucesso pudesse acontecer efetivamente. A torra empregada ressaltava demais a já conhecida alta acidez do café colombiano, atributo desejado pela indústria de torrefação mundial como imprescindível elemento para composição de blends. Mas, em condição solo poderia ser exagerada e, logo, deixar de ser agradável para o consumidor.

Outro ponto era a comunicação um pouco confusa em relação aos diferentes tipos de café oferecidos de acordo com específicos perfis sensoriais. Aromas, sabores e diferentes intensidades de corpo deveriam ser ainda traduzidas corretamente aos consumidores para que estes pudessem compreender cada bebida. Afinal, para qualquer pessoa de outro país certamente iria perceber todos esses diferentes cafés como simplesmente “Colombia”, assim como ocorrem com os cafés tipicamente “Brasil”, apesar de muitos já saberem de origens como Sul de Minas, Mogiana e Cerrado, por exemplo.

Aproveitando minha estada no Chile, estive visitando nestes dias várias lojas Juan Valdez instaladas na vibrante Santiago, justamente para testar o serviço e os cafés. Nesta foto acima, está o Companheiro de Viagem Patrício Seelenberger, que nos tem acompanhado, junto aos novos produtos Juan Valdez, que são cafés com diferentes certificações.

Os “caras” fizeram a lição de casa!

A comunicação ficou mais clara para o consumidor, que tem uma grande oferta de diferentes produtos, de acordo com o perfil sensorial desejado. Esta foto ao lado mostra o menu criado pela rede para orientar o cliente.

Num sofisticado projeto de agrupamento de cafés por tipos de certificação de processos como Utz CertifiedFair Trade eRainforest, combinados com os perfis sensoriais específicos, conseguiram criar um modelo inclusivo de seus produtores ao projeto. É claro que ainda a demanda é ínfima ante os milhares produtores colombianos (= cafeteros), porém dá um claro sinal para onde a FNC quer a convergência.

E mudaram a torra!!!

Surpreendentemente, devido à técnicas de torra bem executadas, conseguiram diminuir a tradicional intensa acidez, tornando os cafés equilibrados e que estimulam o consumo pela delicadeza de sabores.

Si, señor, para ser um conquistador tem de exibir talento e competência. É o que Juan Valdez e sua inseparável Conchita estão demonstrando em diversas paragens e, talvez quando menos esperarmos, também no ainda segundo maior mercado consumidor do mundo

Juan Valdez no Brasil: Café Colombiano para brasileiros

Thiago Sousa

Pessoal, preparem-se: o presidente da poderosa FNC – Federación Nacional de Cafeteros, da Colombia, Gabriel Silva, declarou neste domingo, dia 02 de agosto, ao jornal El Tiempo que a partir de 2010 as primeiras unidades da rede de cafeterias Juan Valdez serão abertas no Brasil. Esta foi sua última entrevista como presidente da Federación antes de assumir a pasta de Ministro da Defesa daquele país.

Silva salientou a importância da entrada no mercado brasileiro após visitar recentemente as principais regiões produtoras de café do nosso país, como o Cerrado Mineiro, quando teve a confirmação de que em breve este será o maior mercado consumidor mundial dentro de poucos anos.

Segundo dados da ABIC, o Brasil consome hoje perto dos 17 milhões de sacas de café de 60 kg por ano, enquanto que os Estados Unidos, ainda o maior mercado consumidor mundial, algo como 18 milhões. Porém, devido ao vigoroso crescimento que o mercado brasileiro experimenta, não está longe de atingir a liderança mundial.

Silva aproveitou para divulgar os primeiros resultados do ambicioso plano de renovação das lavouras colombianas, parte de um grande plano estratégico coordenado pela Federación e que prevê que em 2014 a produção de seu país atinja a marca dos 17 milhões de sacas de café.

Tudo isso acontece num momento em que a cafeicultura dos dois países passam por momentos muito distintos: enquanto que o café colombiano, como matéria-prima, mantém o maior diferencial de valor ante ao brasileiro (praticamente valendo o dobro do café brasileiroSantos Tipo 2!) e sua rede de cafeterias Juan Valdez teve o reconhecimento por especialistas em branding (= marcas de produtos/serviços) de que deverá assumir posto de marca global, no Brasil há um tenso clima entre os produtores devido aos elevados custos de produção combinados com os baixos preços, além de uma visível guerra entre lideranças e produtores sobre os rumos da cafeicultura brasileira.

Se observarmos que as declarações do Señor Gabriel Silva foram feitas após visitar o Brasil e suas principais regiões produtoras de café, das quais que possuem o maior nível de tecnologia e programas, ainda que tímidos, de comercialização de produto torrado, podemos concluir que realmente os colombianos são muito competentes na arte de fazer “barulho no mercado”.

Algumas explicações são importantes: a disparada de preços dos cafés colombianos se deve em parte à sua quebra de safra. O clima foi adverso e praticamente uma das colheitas não ocorreu conforme o esperado.

Há ainda um componente técnico a ser considerado, pois o café da Colombia é muito importante para conferir acidez aos principais blends no mercado. Deve ser lembrado que no Hemisfério Norte, o café é muito consumido no serviço conhecido como “coffee”, que tem quase que a metade da relação pó/águaque no caso do “cafezinho”. Sim, isso é relevante porque em baixas concentrações, a percepção humana para o sabor ácido é 750 vezes maior do que para o sabor doce. Portanto, num café mais diluído, a acidez é um sabor que ganha muito destaque!

Apesar de soar assustadora a notícia, deve ficar claro que “bombardear” o concorrente em seu momento de fraqueza faz parte de táticas de marketing, porém isso não significa que necessariamente eles terão sucesso. Isso porque muitos produtores brasileiros estão realizando um belíssimo trabalho também.

Veja nesta foto o menu de origens de uma microrrede premium de cafeterias de Portland, OR, o Ristretto Coffee Roasters, e  sinta orgulho ao ver que o café vulcânico brasileiro doChapadão de Ferro produzido pelo cafeicultorRuvaldo Delarisse é o mais caro!

E logo mais esse incrível café terá sua nova safra também oferecida no Brasil por cafeterias genuinamente brasileiras. Portanto, à medida que o consumidor brasileiro tenha acesso a mais informações sobre os excelentes cafés que o nosso país produz, que empresários se disponham a adquirir, torrar e oferecê-los, o reconhecimento do consumidor certamente virá, estabelecendo um círculo virtuoso de negócios. Ainda o mercado brasileiro é jovem nesse segmento, daí surgirem algumas distorções de conceitos por ações com toques de perversidade…

O importante é que o consumidor não tenha medo de experiências sensoriais, que são fundamentais para aprender a reconhecer os verdadeiros cafés de excelente qualidade daqueles que se dizem como tal e nem sempre cumprem o prometido.

Educação, experimentação e possibilidade de escolha. Naturalmente, junto com trabalho sério, bem estruturado e executado. Tarefa de todos nós envolvidos nos cursos, treinamentos e educação. Devem também integrar este time as cafeterias e seus profissionais, além das entidades que hoje lideram estes trabalhos, como a ABIC.

Daí, quem sabe, seja o tempo dos Cafés do Brasil, em grãos e lojas, pisarem em outros solos…

Juan Valdez: Uma outra lição de marketing

Thiago Sousa

Recebi do Companheiro de Viagem Paulo Vischi o seguinte texto:

The world’s next Coca-Cola or Starbucks is more likely to emerge from Asia, the Middle East or South America than the US or Europe as global economic wealth shifts.

In research prepared for the Financial Times, Wolff Olins, the consultants behind the London 2012 Olympics logo and the Product Red campaign, has tipped five food and drink brands from emerging markets to become global brands.

They comprise Juan Valdez Café, a Colombian coffee chain; Almarai, a Saudi dairy and fruit-juice company based in Riyadh; Patchi, a Lebanese boutique chocolate chain; ChangYu, China’s biggest wine producer; and United Spirits, India’s largest liquor group, which owns Scotch whisky Whyte & Mackay.

“It used to be possible to be a global brand by dominating the US market,” said Melanie McShane, a strategist at Wolff Olins. “That’s changing rapidly. Now you have to be number one in Asia.”

“They comprise Juan Valdez Café, a Colombian coffee chain”….perdemos….

Esta é do próprio Paulo, que é um dos grandes nomes da área de “Branding” no Brasil.

Mas o porque de tanta tristeza?

O reconhecimento de uma marca pelo mercado, bem como o seu valor, é o bem mais valioso que uma empresa pode ter. Observando as rápidas mudanças observadas nos hábitos de consumo em todo o mundo, percebe-se que as marcas de ponta não mais identificam um produto ou serviço simplesmente, mas evocam um estilo de vida.

Veja o tom divertido e descontraído desta microrrede premium de cafeterias de Portland, OR, USA, o Ristretto Coffee Roasters.

Bacana, não?

Estimula a experimentar os seus serviços de café pela mensagem de que sua vida fica mais alegre.

Outro exemplo da conexão de uma marca forte com o estilo de vida é usar uma camiseta Abercrombie & Fitch. Simples, descolada e relaxada, mas de alta qualidade, que significa “valiosa”!

O conceito de novas marcas globais, segundo a pesquisa doFinancial Times, mostra uma outra tendência: a de reconfiguração da geografia econômica. É a vez dos países emergentes ou novas potências. Veja a lista das cinco marcas que deverão se tornar poderosíssimas: Juan Valdez Café como marca de rede de cafeterias; Almarai, empresa da Arábia Saudita de laticínios e sucos de frutas; Patchi, rede libanesa de lojas de chocolate;ChangYu, vinícola chinesa (!); e United Spirits, empresa indiana dona da marca de whiskey Whyte & Mackay.

Na verdade, é uma aposta dos analistas da consultoria Wolff Olins, portanto, isso pode ou não se concretizar. No entanto, o ponto mais importante é o fato de que uma rede de cafeteria que vende café de um único país, a princípio algo impensável como um projeto global, está se tornando um programa consolidado. Obviamente, o que está por detrás disso é muito maior, pois fica a imagem irretocada de um país que produz cafés de alta qualidade e que também sabe servi-los.

Os vultosos investimentos que a poderosa Federación Nacional de Cafeteros – FNC vem fazendo há muitos anos em marketing já retornaram multiplicadamente para a Colombia. Com prestígio e um irresistível sabor global.

É uma lição e tanto de marketing…