Contact Us

Use o formulário à direita para nos contactar.


São Paulo

The Coffee Traveler by Ensei Neto

MERCADO

Okinawa: Café Blue Ocean

Thiago Sousa

Você já imaginou beber café literalmente debaixo do mar?

Em Okinawa, grupo de pequenas ilhas que fica no extremo sul do arquipélago japonês, fica um dos mais completos e impressionantes aquários do mundo.

Deslumbrante!

Apenas isso…

Sua ilha maior, onde também fica a capital Naha, possui um litoral belíssimo, caracterizado pelas grandes formações de coral, que conferem um ton-sur-ton surpreendente. Por essas magníficas paisagens, Okinawa é considerada como o “Hawaii do Leste Asiático”. 

Aqui temos uma vista da entrada do Ocean Expo Park, um enorme conjunto científico e cultural com gigantescos aquários,  um parque botânico com um grande coleção de orquídeas e uma reconstituição de um antigo vilarejo.

Estas instalações foram construídas para a Expo 75, uma grande exposição internacional de tecnologia, e ficam na área próxima a Nakijin, onde existem ruinas de um castelo da época do shogunato, e a bela ilha de Iejima.

O destaque, sem dúvida, é o imenso aquário, que está literalmente dentro do Mar da China e onde é possível ver o impressionante bailado de uma fauna marítma que deixa a todos extasiados: diversos tipos de arraias, incluindo-se uma gigantesca manta do tamanho de carro compacto, tubarões e outros peixes.

Mas, o toque genial foi a instalação de uma cafeteria chamadaCafé Blue Ocean. Disputadíssimos lugares junto à parede de vidro permitem uma viagem submarina degustando uma xícara de café.

O café é fornecido por uma grande torrefação japonesa, honesto, preços acima da média, obviamente, mas nada surpreendente. Porém, é apenas um belo pretexto para se ver a quase etérea dança dos peixes a partir de um ângulo muito privilegiado.

Para finalizar, veja em close o bailado das águas vivas…

Café Kaian, Ginza, Tokyo

Thiago Sousa

Ao andar pelas ruas de Ginza, Tokyo, encontrei esta cafeteria, de nome Café Kaian.

Ambiente “clean”, com poltronas muito confortáveis em couro, fazendo composição com o tom creme das paredes e o aço inox que domina as áreas da cozinha e estação de serviço de café.

Numa área dominada por lojas de artigos esportivos, o Café Kaian, cujo nome provavelmente veio de um dos grandes escritores do Oriente Médio, se mostra uma ilha de conforto e qualidade dentre as cafeterias de rede.

Os cafés servidos são torrados na própria loja num torrador japonês Royal de 5 kg.

Na entrada da loja, há uma ante-sala onde funciona um balcão para a venda dos grãos torrados, bem como de diversos tipos de tortas e bolos. Todos com um visual de dar água na boca…

O serviço é o de café de coador, que você pode melhor observar nesta foto, onde a simpática atendente prepara o nosso pedido.

Juntamente com os amigos Juba e Careca, pedimos um Kenya, do Leste Africano, e um da Guatemala, América Central, este provavelmente um Antigua pela suas características sensoriais.

O café do Kenya se destaca pelo fato de apresentar um grande diferencial em relação às outras origens: é o único café que reconhecidamente apresenta um elevado nível Ácido Fosfórico. Este ácido é o que compõe a Coca-Cola.

O ácido mais usualmente encontrado nos cafés das diversas origens internacionais é o Ácido Cítrico, que está presente no limão, laranja e abacaxi, por exemplo.

Além disso, em geral, um bom representante kenyano possui sempre um intenso aroma floral, e sua acidez, devido ao Ácido Fosfórico, muito intensa, perfeitamente perceptível ao provocar o mesmo efeito nos dentes como quando você bebe uma Coke.

O outro ponto que gostaria de destacar é: os cafés servidos estavam excelentes, tanto devido aos grãos, de alta qualidade, quanto ao serviço.

Isto é importante ter em mente, pois desde que o serviço seja bem executado, um excelente café sempre irá proporcionar uma grande experiência para quem bebe. Veja que não é apenas o espressoque é sinônimo de um Café Especial.

Café Especial é um lote de café de alta qualidade, além de se associar a um determinado tipo de serviço que deve ser primorosamente executado, depois de corretamente torrado.

O ritual que um café de coador tem é muito atraente e pela sua necessidade de maior tempo para a extração nos ajuda a nos “desacelerar” no nosso dia-a-dia.

More from Kopi Luwak

Thiago Sousa

Sendo um dos posts mais visitado do blog, talvez pelo aspecto totalmente inusitado de sua produção, The Animal Coffee, como é conhecido e comercializado o café produzido pelo “gatinho” indonésio, dá muitas asas à criatividade para a postagem de comentários.

Dentre os diversos comentários postados, escolhi este, doCompanheiro de Viagem Arthur Diniz, pela finíssima análise sobre o produto e seus consumidores:

“No livro clássico ” A teoria da classe ociosa”, o genial economista Thorstein Veblen descreve o que chama de “Consumo Ostensivo” . Este café de cocô de gambá é um exemplo genial!!!!Além de ser caríssimo(o que satisfaz o esnobismo)é um castigo, melhor dizendo, uma gozeira aos deslumbrados – é cocô mesmo!kkkk! Adieu!! “

Porém, o ser humano é extremamente inclinado às experimentações; portanto, controvérsias à parte, o que vale para o que denomino de “Prática Sensorial” é ser agradável ou não. O restante segue muito os aspectos culturais da região de cada consumidor.

Harmonizando café & chocolate

Thiago Sousa

Os grãos de café e os de cacau têm uma trajetória muito parecida são frutos de árvores de produção anual produzidos em áreas localizadas entre os Trópicos de Capricónio e de Câncer. Curiosamente, também, os países produtores de cacau se confundem como países produtores de café, como o Brasil e o Equador, por exemplo.

Outro ponto em comum é o fato de que o cacau, assim como o café, possui 3 espécies de grande importância comercial, que são: Criollo, considerado o mais nobre devido à sua maior exigência na produção, porém com produto de excepcional qualidade sensorial; Forastero, mais rústico e de sabor neutro, servindo como base para a grande indústria do chocolate; e oTrinitario, que é um híbrido dos dois anteriores, mesclando de forma positiva os melhores atributos de cada um.

Para efeito de comparação, o Criollo corresponde à espécie Coffea arabica, com a diferença que a participação daquela espécia no mercado do cacau corresponde a aproximadamente 5% do total de volume. O Forastero atende a 80% do volume de cacau comercializado no mercado global e têm sua correspondência no café com o Coffea canephora. Finalmente, o Trinitario seria um híbrido como osSachimor e Catimor.

Tive a oportunidade de realizar um workshop sobre Harmonização de Café & Chocolate no último dia 17, durante a Etapa Paulista do Campeonato Brasileiro de Barista.

Muitas das informações obtive previamente com oCarlos Henrique Silva, da Vital Gourmet, que representa os espetaculares chocolates produzidos pela Valrhona.

Durante nossa preparação, pude conhecer com mais detalhes os processos de produção de cacau e de sua industrialização, onde muitos pontos são semelhantes aos processos do café. Sobre isso, abordarei em outro post.

A Valrhona é uma empresa francesa e produz chocolates de altíssima qualidade seguindo filosofia muito próxima a dos Cafés Especiais.

Foram escolhidos alguns países para a produção do cacau em razão dos sabores que cada origem confere ao chocolate. Sim, mais uma vez encontramos semelhança com o café: são ambos produtos de “terroir”, ou seja, resultados diretos das influências geográficas, botânicas e de manejo!

Existem alguns produtos que são representativos dessa incrível gama de aromas e sabores produzidos pela Valrhona, que é a contração de Vallée du Rhône: Jivari, que é um blend América do Sul, Caraibe, um blend do Caribe, Manjari, 100% Madagascar, e Guanaja, blend Venezuela-Equador. 

Para o workshop, escolhi os seguintes cafés desta nova safra: um café de Manhumirim, Serra do Caparaó, Bourbon Amarelo; um café de Patrocínio, de uma micro-região denominada Chapadão de Ferro, Mundo Novo; e um de Coromandel, MG, Catuaí Vermelho 144 e Mundo Novo.

Os resultados foram impressionantes principalmente ao combinar o Manjari com o Chapadão de Ferro, muito mineral e com toques aromáticos florais adocicados, e o Guanaja com o Coromandel, com marcante frutado a carambola e finalização a amêndoas.

Inesquecível!

Para conhecer mais sobre os chocolates, você pode visitar o www.valrhona.com .

Brazilian Coffee & Japan: 100 years of History

Thiago Sousa

No post anterior comentei sobre uma latinha com café pronto para beber comemorativa aos 100 anos da Imigração Japonesa no Brasil

Este produto em particular foi desenvolvido pela empresa UCC – Ueshima Coffee Company, que é a indústria de torrefação líder no Japão.

Gostaria de fazer mais um comentário sobre a latinha: se você conseguir adquirir uma, perceberá que a gravura do navio Kasato Maru está em alto-relevo!

Diversas tecnologias para aplicação de tintas especiais têm sido utilizadas nessas latinhas, criando efeitos visuais e táteis muito interessantes.

Ainda hoje, já descontadas as 12 horas adiantadas em relação ao horário de Brasília, meu amigo e Companheiro de ViagemSyouta Takemoto passou o link correto para visualizar informações sobre esse interessante produto:

http://www.ucc.co.jp/tankyu/b9_products.html

Takemoto san, como é conhecido, hoje uma das importantes pessoas da empresa UCC, viveu alguns anos no Brasil, quando fez, inclusive, seu curso de classificador de café em Santos. Sua paixão pelo Brasil é muito grande!

Nesta foto, ainda que de perfil, está Takemoto san durante o exame que juntos prestamos para nos certificarmos como Juízes SCAA.

Caso você não tenha domínio do japonês, ao menos poderá apreciar as belas fotos da propriedade do Sr. Shimosaka, que fica em Carmo do Paranaíba, MG.

Brasil-Japão: 100 anos de Café!

Thiago Sousa

Os laços que o café produziu entre o Brasil e o Japão são extremamente fortes e produtivos!

Além do enorme contingente japonês fora do Japão que mora no Brasil, onde algumas famílias já atingiram sua Sexta Geração, muitos produtos passaram a fazer parte do cotidiano nos dois países.

Certamente, o mais emblemático produto brasileiro junto ao imaginário japonês é o café, grão que originou toda essa incrível história…

Um dos modos mais populares de consumo de café são as latinhas “ready-to-drink” (= pronto para beber), encontráveis não apenas nas diversas lojas de conveniência, mas também nas incontáveis máquinas automáticas nas quais você pode acabar esbarrando em todas as esquinas de qualquer cidade do País do Sol Nascente. A propósito, a palavra Japão, que originalmente se escreveNihon (leia-se “ni-rron”), é composta de dois ideogramas: NI, que significa Sol, e HON, Verdadeiro.

As latinhas são padronizadas em 190 g (praticamente 190 ml) e confeccionadas em aço. O setor de litogravura, que é a tecnologia que estampa essas latas, é extremamente avançado no Japão, sendo algumas dessas latas verdadeiras obras de arte. Particularmente, eu tenho uma pequena coleção daquelas que considero especiais…

Em comemoração ao Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, a UCC – Ueshima Coffee Company, empresa lider do segmento das indústrias de café daquele país, lançou uma série especial, que pode ser vista na foto ao lado.

Num delicado fundo dourado, ganha destaque a imagem do inolvidável Kasato Maru singrando o oceano, com 3 grãozinhos de café em primeiro plano, ao lado de uma reprodução de um selo em cera vermelha alusiva aos 100 anos de imigração.

Mas, o grande destaque é a faixa que está abaixo da palavra BRAZIL, onde há menção de que o café contido na latinha é totalmente produzido na fazenda da Família Shimosaka.

Nesta foto, onde se vê outra parte da latinha, está a foto do Sr. Shimosaka, reconhecido como um dos pioneiros do Cerrado Mineiro, hoje região famosa pela alta qualidade de seus cafés e que, além de demarcada, é Denominação Geográfica.

A UCC criou, inclusive, um espaço em seu website para comentar mais sobre a imigração, cujo link recebeu o nome “tankyu” (= thank you):

www.ucc.co.jp/tankiu

Outro detalhe: em São Paulo, particularmente nas lojas do famoso bairro oriental da Liberdade, é possível encontrar essas latinhas para você experimentar. Elaborado com um pouco de leite e levemente adoçado, está na concentração típica do coffee, preparo comum no Hemisfério Norte.

The amazing Nespresso table…

Thiago Sousa

O futuro já chegou, sim!

Você já assistiu ao filme Minorty Report, de Steven Spilberg, e que tem Tom Cruise como seu principal ator?

Pois bem, lá o grande toque de inovação era a fantástica grande tela multi-toques totalmente interativa.

Na IFA 2008, feira de tecnologia na Alemanha, um stand vem causando grande burburinho ao mesclar tecnologia high-end com um conceito high-end de café. Com base na mesa Microsoft Multitouch, a empresa Atracsys, de Maurice Hälg, desenvolveu um software para a sofisticada divisão Nespresso da suiça Nestlé, que oferece cafés de alta qualidade em conceito inovador.

Ao colocar uma xícara de espresso (ou será simplesmente Nespresso?) sobre a mesa-tela, informações sobre o café podem ser acessadas, por ora apenas em inglês e alemão, conforme mostra o vídeo abaixo, produzido pelo Caio Terreran, da UOL Tecnologia.

Íncrivel e simplesmente apaixonante apresentação de uma dose do Ristretto Nespresso, que você pode verificar através deste link:

http://tecnologia.uol.com.br/ultnot/2008/09/01/ult4213u549.jhtm

Fotos em P&B – 3

Thiago Sousa

Finalizando esta série, mais algumas fotos interessantes:

O mágico momento da torra do café!

O processo de torra do café tem um paralelo com a fermentação alcoólica da uva, quando seus atributos são quimicamente trabalhados e, posteriormente, levados à apreciação dos consumidores. Os aromas e sabores do café, para serem liberados, precisam necessariamente passar pelo processo de torra, quando diversas reações acontecem, sendo a mais importante a de pirólise (piros = fogo, calor; lise = quebrar).

Ácidos podem ser evidenciados ou simplesmente defenestrados, sabores resgatados e etecetera e tal…

Aí vale o conhecimento, experiência e habilidade do Roastmaster (Mestre de Torra).

A prova ou avaliação sensorial do café é feita através do preparo chamado infusão, que é quando a água fica em contato com o pó e ambos não são separados. É como o preparo do chá.

A infusão é o melhor método porque muitos dos voláteis ficam preservados pela extração lenta e em pressão normal.

Pela Metodologia SCAA – Specialty Coffee Association of America, são avaliadas 5 xícaras por lote, inicialmente, onde cada xícara representa 20% do mesmo. Caso se perceba algo muito diferente, um defeito por exemplo, passa-se para 10 xícaras, para garantir maior precisão estatística.

Um perfeito Macchiatto!

Talvez o melhor que já me foi servido… este do Blue Gardenia, em Portland, OR. A textura do leite vaporizado ficou simplesmente impressionante.

Em 9 fotos você percorreu resumidamente todo o processo de produção do café, da planta à xícara.

Fotos em P&B -2

Thiago Sousa

Outra série de fotos interessantes.

Esta retrata escarpas em Alto Jequitibá, parte da Serra do Caparaó.

Os formatos das montanhas dessa serra são muito singulares, apresentando cortes muitas vezes surpreendentes. Observe a interessante composição que as lavouras de café, em primeiro plano, fazem.

Estes são grãos “cereja” ou maduros com luz por trás.

Os grãos ficam sempre nas intersecções dos ramos, chamados de “internódios”, onde ficam as gemas, que podem se converter em “florais” (produtivas) ou “vegetativos”(que irão formar ramos secundários). Quando são gemas florais, que se transformam em botões e depois frutos, em cada lado do internódio ficam 4 grupos de 4 botões, que se todos abrirem formarão um “buque” de 32 flores. Depois de vingarem, alguns caem porque não há espaço físico para abrigar todos os grãos.

Considera-se uma ”roseta” (conjunto de grãos ao redor de um internódio) ”cheia” com algo entre 12 e 16 grãos. Portanto, apesar da beleza da foto, esta roseta está com pouquíssimos grãos.

Esta foto foi tirada dentro de uma estufa para secagem em Divinolândia, SP.

Grãos colhidos maduros e secos com a casca recebem o nome de “Naturais”, referindo-se ao processo de preparo para a secagem. No máximo passam por um lavador, que é um equipamento para separar grãos “passas” de verdes e cerejas.

É uma seca mais lenta e minuciosa, porém os resultados normalmente são excepcionais e até surpreendentes.

Fotos em P&B (ou quase…) – 1

Thiago Sousa

Olhar paisagens e pessoas sob a ótica dos básicos e extremos Preto & Branco, obriga a um exercício estético muito interessante. Muitas vezes aquilo que, aparentemente, poderia ser “sem graça” com todas as suas cores, ganha dramaticidade e vida quando está apenas com o Preto, o Branco e suas nuances…

Veja algumas fotos que gosto muito:

Heliodora, no Sul de Minas.

Nuvem em Manhuaçu, MG.

A Lua e os Ramos de Café…

Uma questão de postura…

Thiago Sousa

Para alegrar o ambiente, porém com um toque de reflexão, vai aqui mais uma impagável tira do Dick Browne e o seu fantástico Hagar.

É a postura uma questão apenas de simples orgulho pessoal ou de estratégia?

Veja, absorva e pondere com um belo café ao lado…

Demoiselle: Uma Cerveja Preta com Café

Thiago Sousa

O preparo de uma boa cerveja tem como ingredientes uma excelente água, cevada maltada, fermento, lúpulo e um ingrediente complementar, que normalmente é o vai distinguir uma cerveja de outra.

Em Ribeirão Preto, terra de uma das mais famosas casas de chopp do Brasil, o Pinguim, uma cervejaria artesanal, a Colorado,  lançou uma cerveja preta que tem o café como o seu ingrediente especial!

O nome escolhido é o Demoiselle, em homenagem a Santos Dumont, cuja família tinha uma fazenda de café naquela região. Esta cerveja é do tipo Porter, elaborada com café da Alta Mogiana, SP, maltes importados e os ingredientes básicos, segundo Marcelo Carneiro Rocha, proprietário da Colorado.

O teor alcoólico é de 6%.

Para saber mais, você pode verificar através do link

http://www.gazetaderibeirao.com.br/conteudo/mostra_noticia.asp?noticia=1588918&area=92100&authent=3B3B74DC54EAB3B0914C66F7611988

Esta dica foi do Companheiro de Viagem Flavinho Gonçalves.

O exótico & O benemérito…mais uma do Kopi Luwak

Thiago Sousa

Imagine um blend p´ra lá de exótico…

Foi o que pensou o Roaster Master David Cooper, da Peter Jones Caffè, em Sloane Square, UK, ao imaginar um blend com dois ícones do marketing do café: o Jamaica Blue Mountain e o Indonesia Kopi Luwak!

CivetCat_musang2_1.jpg

Certamente o título de blend mais caro do mundo fica com esta casa, onde cada xícara é oferecida por incríveis 50 Libras Esterlinas (!), algo o equivalente a US$ 78 (setenta e oito dólares americanos) ou R$ 125,00 (!!!).

O café torrado em grãos é vendido a 324 Libras Esterlinas/kg, algo como inacreditáveis R$ 810,00 (!!!!).

Segundo Mr. Cooper, a torra desse blend leva em torno de 12 minutos para que o máximo do aroma e sabor possa ser obtido. 

Bem, além da experiência sensorial que pode ser, digamos, muito particular, há um lado humanitário ao se pedir por uma xícara do Blue Mountain-Kopi Luwak: todo o lucro proveniente da venda deste blenddurante o mês de abril (passado) será revertido para o Macmillan Cancer Support. 

Nesse caso, se o resultado da experiência sensorial não ficar à altura do valor pago, ao menos cada consumidor se sentirá recompensado por ter ajudado uma boa causa…

Você pode conferir esta notícia através do link

http://news.bbc.co.uk/1/hi/england/london/7340005.stm

Carinho e Criatividade: Cafeicultura dos Pequenos -1

Thiago Sousa

Com a disseminação de conceitos que são levados pelas certificações, os produtores agrícolas, em geral, estão se familiarizando com as diversas normas de produção, que envolvem aspectos referentes às Boas Práticas Agrícolas (BAP).

Estas chamadas Boas Práticas recomendam o criterioso emprego dos defensivos agrícolas, que são principalmente os herbicidas (“os que matam ervas”) e inseticidas (“os que matam as pragas = insetos”), além dos eventuais fungicidas (“os que exterminam os fungos = fontes de doenças”). Outros aspectos, como o uso de equipamentos para proteção no momento da aplicação desses produtos, bem como o equilibrado emprego dos adubos e dos cuidados durante a colheita, acabam influindo positivamente na obtenção de produtos agrícolas de melhor qualidade.

No caso do café, as principais certificações em voga como a Rainforest, que possui um rigoroso protocolo para os aspectos ambientais, a Utz Certified, que funciona semelhante a um modelo ISO de processos, além da Produção Orgânica eFair Trade (= Comércio Justo) também são muito atentas aos procedimentos agronômicos, pedindo, por exemplo, a separação de produtos alimentícios, que no caso são os grãos de café, dos defensivos.

Observe que é o simples emprego do “Bom Senso”… não se mistura, por exemplo, sabão em barra com um pacote de açúcar numa mesma sacola!

A micro-região onde está o município paulista de Divinolândia caracteriza-se pela sua cafeicultura de pequenos produtores, onde a média é da ordem de 5 hectares por produtor.

Para se ter idéia, chega a ser muito menor do que muitas das áreas médias de glebas (frações identificadas de lavouras) de grandes produtores. Na região do Cerrado Mineiro, por exemplo, as glebas ou talhões em média têm de 15 a 20 hectares!

Localizada na mesma escarpa onde está a mineira Poços de Caldas, as altitudes de produção de café em Divinolândia são possivelmente as mais elevadas do Brasil, pois sua média situa-se em torno de 1.200 m acima do nível do mar, 100 metros a mais, por exemplo, que as lavouras da Serra da Mantiqueira, MG. Assim, um clima privilegiado com efeitos amplificados pela altitude propicia cafés excepcionais.

Mesmo tendo em sua quase totalidade pequenos produtores, os cafeicultores de Divinolândia procuram atender os requisitos das principais certificações.

É o caso do Ivan Santos, cuja lavoura de café está a quase inacreditáveis 1.400 metros de altitude.

Com um capricho imenso, Ivan pessoalmente conduz a colheita, junto com o seu pai, e cuidadosamente faz o descascamento dos cerejas, que seguem para a seca nos terreiros concretados. A primeira foto mostra os grãos ainda envoltos por uma fina casca denominada “pergaminho”, que é constituída basicamente por celulose.

Para melhor preservar o seu café seco, Ivan forrou literalmente o pequeno cômodo de madeira que funciona como armazém com embalagem de leite longa vida. Incrível, não?

Ou seja, o Ivan conseguiu um excelente resultado usando sabiamente sua criatividade…

Aliás, por falar em criatividade, observe esta foto abaixo. É uma pequena vila ou “Corrutela” (como dizem os locasi) próximo ao Ivan. Para que a seca dos grãos, algumas famílias usam a própria rua como terreiro literalmente asfaltado!

Eu diria que, neste caso, já se trata de um abuso de criatividade…

COFFEEA: a Photo Book by Marcos Piffer

Thiago Sousa

Aos “loucos” por café e arte: este é um livro de fotos simplesmente deslumbrante!

Publicado pelo próprio Marcos Piffer, o livro, na realidade um impressionante acervo de belas fotos em profissionais Preto & Branco, é o resultado de mais de 50 viagens que ele realizou às mais diversas origens brasileiras de café desde 2003, quando realizou um trabalho fotográfico para uma empresa.

Marcos centrou suas lentes e abriu foco basicamente em rostos e expressões das pessoas que fazem a saga do café.

Sua primeira foto é justamente uma em que ele captou o mágico momento que antecede a floração, conhecida como “Fase Vela”, pois as pétalas, estimuladas pelo relógio biológico do cafeeiro, ganham um formato que lembra as antigas velas em castiçais.

Isto é emblemático, pois sugere o início da saga que será apresentada ao longo de mais de 150 fotos.

Da mesma forma, Marcos deu grande importância ao plantio do café, quando um dos grupos mais numeroso de fotos desfila, captando diferentes detalhes.

Naturalmente, a colheita recebeu o maior destaque.

Agora, o nome do livro é muito interessante: “COFFEA - O Café no Brasil no Século XXI”.

Considerei, no mínimo, instigante, a escolha do subtítulo. Afinal, o Brasil é reconhecido pela sua cafeicultura de vanguarda, com os mais renomados centros de pesquisa, ao mesmo tempo em que o parque industrial oferece uma gama de máquinas e implementos nem de longe sonhados em outras origens produtoras.

No entanto, retratar fortes imagens, ainda mais dramáticas em P&B, e que, se cuidadosamente, você se lançar às viagens que cada uma pode lhe proporcionar, a impressão que se tem é a de que tudo não passa de um longo retorno ao passado.

A verdade é que ainda é uma minoria que desfruta de toda a tecnologia disponível, o que nos faz pensar de que, na realidade, muito do que ainda se pratica na cafeicultura do Brasil se mantém desde que o Vale do Paraíba abrigava os primeiros “Barões do Café”.

Há uma ponto positivo nisso: o toque humano é imprescindível, seja ao habilmente colher somente os grãos mais maduros, seja ao manejar os grãos no terreiro, durante a secagem, com um ritmo que nem todo DJ consegue reproduzir..  

Com textos de Eduardo Carvalhaes Jr, Simonetta Persichetti e Soren Knudesen, o livro pode ser encontrado na livraria FNAC. São mais de 200 páginas, em formato 25 cm x 33 cm, com acabamento em alto luxo.

Sem dúvida, algo para ter em sua estante. 

Espaço Café Brasil – 2

Thiago Sousa

Novidades no Brasil para os “loucos” por café:

* Observe atentamente o interior deste porta-filtro.

Percebeu sua coloração escura, lembrando… uma frigideira revestida com Teflon?

Isso mesmo!

Este porta-filtro é mais uma grande ”sacada” do pessoal da La Marzocco, a tradicional fabricante florentina de máquinas de espressopremium. O conceito pensado ao se fazer o revestimento com o teflon foi justamente para que não houvesse qualquer tipo de efeito de arraste provocado por imperfeições da superfície metálica do recipiente que acolhe o filtro com o pó de café compactado. Porém, ainda não conseguiram revestir os “bicos” por onde saem os cremosos espressos bem extraídos.

De qualquer forma, o resultado é muito interessante!

* Uma super-seleção de cafés de fazendas identificadas de diversas origens brasileiras.

São mais de 10 (dez) diferentes lotes de café selecionados pela Georgia Franco, da Lucca Cafés Especiais, de Curitiba, PR.

Incrível, não?!

É o mesmo modelo empregado há anos nas cafeterias de ponta da West Coast, fonte de onde a Georgia bebeu para se inspirar e montar a suaLucca. Para que isso se tornasse realidade, foi necessária grande dose de arrojo e visão de futuro, pois somente os “loucos” por café é que acreditam que a qualidade é a principal bandeira para um mercado tão efervecente quanto o dos cafés especiais. Ou deliciosamente “loucas”, como a Georgia.

Para que esses interessantíssimos cafés pudessem ser servidos corretamente, durante o 3. Espaço Café Brasil o stand da Lucca Cafés abrigou a única Clover S1 em solo brasileiro. Ou seja, outra generosa dose de ousadia e de forte crença na qualidade.

Tiger, da Bunn Corporation.

Um nome para não ser esquecido!

Esta máquina super-automática recentemente lançada pela Bunn, empresa norte-americana lider na fabricação de equipamentos para infusão (Brewers), aquecedores de água de alta performance (Warmers) e moinhos de alta precisão, possui diversos conceitos inovadores.

O que chama a atenção é o seu design, limpo e, ao mesmo tempo, imponente. Destaque para a delicada iluminação em azul, conferindo sofisticação.

Porém, é em seu interior que estão as verdadeiras “pérolas”: uma inteligente separação dos setores (eletrônica, bombas e moinhos), um genial sistema para se promover a aeração do leite sob baixa temperatura (sim, o leite aerado sai com discreto aumento de temperatura em relação ao reservatório) e um eficiente sistema de auto-limpeza a cada ciclo de trabalho.

Tanto o espresso solo quanto o cappuccino extraídos pela Tiger impressionam pela qualidade e, principalmente, pela estabilidade, ou seja, mesmo um serviço sob regime intensivo, os cappuccinosapenas sofrem discretas variações na consistência de seu leite aerado.

Arte & Café: by Oliviero & Marirosa

Thiago Sousa

Arte é a expressão criativa dos sentimentos humanos.

E, obviamente, você pode encontrar essa “expressão artística” em diversos elementos e situações, inclusive ao beber um belo café…

Existem vários trabalhos artísticos envolvendo o café, porém este, em particular, considero muito interessante, pois as composições combinam os diversos “estados” do café, como os grãos inteiros, grãos moídos e sachês, por exemplo.

Elaborado por Oliviero & Marirosa Toscani, esta exposição, denominada FACCE & FIORI, fez presença dentro do SCAA Show deste ano.

Confira as belas e interessantes composições:

Esta é a entrada da Mostra FACCE & FIORI.

Sustainable Coffees: Negócios integrados – 3

Thiago Sousa

Como fazer os negócios agrícolas rentáveis?

Talvez a resposta esteja no processo denominado “Integração”. Os técnicos ligados à Economia Agrícola chamam de Processos Integrados quando há uma forte interação entre os diferentes processos produtivos dentro de uma mesma propriedade ou mesmo região, propiciando maior eficiência nos trabalhos, bem como no aproveitamento dos recursos em geral.

Esta propriedade, dentro do Distrito de São Roque, em Venda Nova do Imigrante, sintetiza esse conceito.

Numa área menor que 10 hectares (1 hectare = 10.000 m2), equivalente à área quase 20 campos de futebol, o que para a agricultura é considerada pequena, este produtor possui lavoura de café, em pouco mais de 2 hectares, além de gado leiteiro, grãos e mandioca.

Parece pouco?

Pois é, além de tudo, tem também uma área com cana-de-açúcar!

Em pequenas salas adaptadas da antiga sede da fazenda, existem diversos setores de agro-indústria instalados, desde obenefício de café, uma pequena torrefação que atende a região, produção de farinha de mandioca, um pequeno laticínio onde são produzidos queijos curados ao estilo da região de Parma (o aroma estava simplesmente inebriante…) e um pequeno alambique.

A casca do café, rica em potássio, serve de adubo para o cultivo de grãos e parte do pasto que alimenta as vacas que produzem o leite. Este leite, com grande teor de gordura, se transforma em belíssimos queijos ao estilo “Parma”, cujos pedidos são feitos antecipadamente!

Sim, os queijos são numerados e possuem o nome do comprador, que aguarda longos meses para poder saborear esses excelentes exemplares. Parece conto de fadas: vender a produção antecipada!

O esterco do gado serve de fonte nutricional para as lavouras de café, grãos e cana de açúcar. E desta sai a já conhecida cachaça “Temosinha” (isso mesmo, sem o “i”…).

Veja abaixo, a “cave” onde a Temosinha descansa em tonéis de madeiras nobres e, também, pode ser degustada…

Isto é Sustentabilidade Próspera!

Sustainable Coffees: Cafés do Espírito Santo – 2

Thiago Sousa

Tornar viável os negócios para os pequenos produtores é o grande desafio, pois para isso é necessário mudar muitos paradigmas.

Como coloquei anteriormente, grandes grupos afirmarem que praticam a sustentabilidade pode soar fácil ou mesmo oportunista, pois é um discurso que cativa e é parte das exigências dos novos consumidores. No entanto, fazer com que os pequenos e familiares efetivamente possam participar desse processo, onde o principal fundamento é a viabilização dos negócios e sua manutenção, o que gera a verdadeira Sustentabilidade, pode ser resolvido através de esforços conjuntos das iniciativas privadas, públicas e o compromisso dos próprios produtores.

O nome que tem sido empregado para este tipo de negócio é o FAIR TRADE, que numa tradução livre seria algo como “Comércio Justo”. Sua imagem tem sido associada a produtores miseráveis, funcionando muito mais como esmola do que um estímulo a uma produção sustentável.

Creio que uma nova máxima para esse mercado é o de “Rimar Sustentabilidade com Prosperidade”. Até porque se você dá esmola durante muito tempo para uma pessoa e esta não evolui, algo está errado no modelo. Não foi criado nada que tenha sustentabilidade, mas, sim, acomodação e clientelismo.

O modelo que tem se mostrado cristalino dentro dessa nova visão, em que a Sustentabilidade anda junto com a Prosperidade é o desenvolvido em Venda Nova do Imigrante, ES, cujo desenho pode ser compreendido através das palavras do coordenador da PRONOVA, cooperativa daquela região e responsável pelo suporte e organização dos produtores, Evair Viera de Melo.

Acompanhe:

18 de junho de 2008: Cem anos por um grão de café

Thiago Sousa

100 anos de Imigração Japonesa no Brasil!

Foi o fluxo de imigrantes mais bem datado em nosso país, pelo fato de virem de um outro tão longínquo e com pessoas de traços muito diferentes dos ocidentais. Em 18 de junho de 1908 atracou no Porto de Santos o navio Kasato Maru, trazendo as primeiras 165 famílias japonesas para o Brasil.

E sabem quem foi o responsável por tudo isso?

Sim, se você respondeu o café, acertou em cheio!

Vamos lembrar: na segunda metade do Século XIX o Brasil já havia assumido o posto de maior produtor mundial de café, porém sua produção era toda conduzida por mão-de-obra escrava. Com a assinatura da Lei Áurea, pela Princesa Isabel, extinguiu-se a escravidão, após uma sucessão de leis que já prepararam o caminho para este desfecho, como a Lei do Ventre Livre.

Sem escravos, os fazendeiros de café tinham de repor a mão-de-obra, fazendo surgir com mais intensidade os fluxos de imigrantes, incialmente da Europa, e, depois, do Japão.

O Japão no início do Século XX estava com sua economia abalada por diversas guerras travadas no Oriente, além do que havia uma forte necessidade de iniciar sua integração à Revolução Industrial. Caso ainda não tenha visto, o filme O Último Samurai (The Last Samurai), de 2003, com Tom Cruise e Ken Watanabe, mostra um pouco desse período de transição no Japão, durante a Dinastia Meiji.

Firmou-se um convênio entre o Brasil e o Japão estimulando a imigração. Como mote, corria de boca em boca que num longínquo país chamado BU-RA-DI-RU (=pronúncia japonesa para Brasil) “o ouro dava em árvores”!

Era o que bastava para que muitos decidissem se aventurar num país desconhecido para conseguirem uma melhora na sua vida financeira. Obviamente, foi uma grande decepção ao saber que não era ouro que dava em árvores, mas uma frutinha vermelha chamada ko-hi (pronuncía-se ko – rrí, para o equivalente em japonês de ‘café”), cuja bebida eles consideraram mazui (= sabor ruim) por ser muito forte, tanto na cor quanto no sabor. Afinal, o chá sempre foi a bebida mais importante para o japonês.

Meus avós paternos, de quem herdei o nome, chegaram no fluxo de 1918, seguindo diretamente para o interior de São Paulo, para a fazendo da família Adhemar de Barros.

Vivenciaram toda essas histórias e, depois, compartilharam com os seus descendentes. A admiração do meu avô pelo país foi tão grande que no início da década de 30 ele se naturalizou brasileiro. De qualquer forma, minha iniciação no café foi um retorno às origens.

Os japoneses se instalaram principalmente no Norte do Paraná e na Alta Paulista e região central de São Paulo. Daí existirem tantas comunidades nipônicas nesses lugares.

E o café foi ganhando presença no mercado japonês, sendo este um dos mais importantes e sofisticados do mundo.

No Japão, há uma nítida preferência pelos Cafés do Brasil, quando você conversa com pessoas com mais de 40 anos, que consomem principalmente o café de coador.

O Japão hoje, também, já se rendeu ao movimento dos Cafés Especiais. A Starbucks possui já presença maciça e outras redes norte-americanas também mantém um bom ritmo de crescimento.

Por isso, o café é responsável pela vinda dos japoneses ao Brasil, formando a maior comunidade fora do Japão, sendo São Paulo a maior cidade de nikkeis (nome dados aos descendentes em geral) no mundo.

Incrível como esse grãozinho mexe com o mundo!

BANZAI.