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São Paulo

The Coffee Traveler by Ensei Neto

MERCADO

Sustainable Coffees: Sustentabilidade, e aí? – 1

Thiago Sousa

Uma das palavras mais bombardeadas pela mídia nos últimos tempos é a “sustentabilidade”. De supermercados aos bancos, das empresas de cosméticos às editoras. Todo mundo está falando essa nova palavra…

São vários os sentidos para Sustentabilidade ou “Sustainability”, que vieram de “Sustainable”.

Em inglês, sustainable significa sustentávelou amparado, sendo utilizada pela primeira vez no mercado do café por David Griswold, que foi um dos Presidentes da SCAA – Specialty Coffee Association of America, e é Presidente da empresa Sustainable Harvest Importer, fundada em 1997 e baseada em Portland, OR, e que é especializada em cafés de alta qualidade produzidos por pequenos produtores  de café em todo o mundo. Veja nesta foto, tirada no escritório da Sustainable Harvest, a partir da esquerda, Bruno Souza, da BECCOR, Mariana Caetano, então Assessora da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, eu, seu Coffee Traveler, e David Griswold.

Seu trabalho envolve o suporte às comunidades de pequenos produtores nas regiões mais carentes das principais origens de cafés, como o treinamento e orientação voltados para a produção de cafés de alta qualidade, noções de conservação ambiental e de organização social. Você pode conhecer mais sobre o trabalho do David Griswold através do website www.sustainableharvest.com .

Dentro da origem da palavra Sustentabilidade ou Sustentável, veio uma série de conceitos que foram se agregando, muitos dos quais impostos por grandes corporações e empresas, como o de “Ser Sustentável pela Preservação Ambiental, pelo Bem-Estar e tratamento digno aos funcionários, pelo Uso Racional dos Recursos Naturais e, certamente o mais importante, pela Sustentação Financeira do empreendimento”.

Essas condições exercidas por grandes corporações não são nada difíceis de serem executadas, pois trata-se muito mais de um dever de reciprocidade do que por questões financeiras. Afinal, se dezenas ou centenas de pessoas são contratadas para exercer as mais diversas funções dentro de uma empresa, para o equilíbrio das relações laborais este deve se extender dentro das regras de Deveres e Direitos.

Levar esse emaranhado de conceitos, mas que, ao se destilar acabam por se resumir em “ser rentável de forma justa”, para pequenos produtores ou empresários é a parte mais difícil!

Existem, porém, diversos excelentes exemplos de trabalhos visando a Sustentabilidade dos negócios de comunidades de pequenos produtores em todo o Brasil, e iniciarei com o que está acontecendo no Espírito Santo, em sua região de montanha.

Em Venda Nova do Imigrante, pequena cidade há pouco ainda emancipada, um círculo virtuoso se criou e faz com que haja um crescimento econômico consistente em todos os aspectos. Encravada no lado voltado ao Oceano Atlântico da Serra do Caparaó, um impressionante esforço conjunto entre o poder público, iniciativa privada e pessoas está produzindo uma silenciosa, porém exuberante transformação.

Observe nesta foto o trabalho de um cafeicultor capixaba mexendo o café em seu terreiro.

Conduzido pela PRONOVA, uma cooperativa de pequenos produtores de café e que está realizando vendas para diversos destinos internacionais, os produtores procuram fazer todos os serviços dentro do conceito das Boas Práticas Agrícolas e de Manejo de Café, num grande laboratório que permitirá a certificação de processo de produção para toda a coletividade. E saiba que são mais de duas dezenas de produtores!

Posando orgulhoso ao lado de seus instrumentos de trabalho, aliás todos feitos por ele mesmo, está o septuagenário Sr. Antonio Avanci, que nos recebeu em seu pequeno sítio, de apenas 3 hectares.

O ar de limpeza e capricho está representado nesta foto, que capturou um momento particularmente feliz.

O comprometimento com a qualidade, o empenho em fazer “bem feito” e, principalmente, fazer tudo com grande alegria.

Talvez seja esse um dos grandes e secretos ingredientes para se criar um ambiente próspero.

Aliás, será que Sustentabilidade não rima melhor com Prosperidade?

The Starbucks' Dilemma

Thiago Sousa

Está repercutindo muito o anúncio do fechamento de 600 lojas das suas quase 7.000 existentes em território norte-americano ostentando a famosa logomarca verde com o desenho em linhas brancas da emblemática sereia. Isto representa quase 9% do total, além de significar, em conjunto, um corte de aproximadamente 12.000 postos de trabalho numa ceifada só.

Em se tratando de uma rede que tinha como característica o crescimento contínuo, um movimento inverso pode representar um revés muito grande. Porém, se avaliarmos com frieza os números e, também, sua estratégia maluca de crescimento, certamente alguns indícios do que hoje está se passando estavam visíveis.

Seus problemas se iniciaram exatamente quando se pensava que uma solução financeira havia sido encontrada: a abertura de capital através da oferta de ações em bolsa.

Este tipo de mecanismo pode se tornar numa afiadíssima lâmina de dois gumes: se por um lado permite uma robusta capitalização da empresa, naturalmente através da aceitação de inúmeros novos sócios, por outro faz a empresa refém de um vicioso modelo de geração contínua de lucros. Isso mesmo, para quem fez o investimento, lhe interessa o retorno em volumes sempre expressivos.

Isso explica o porque do crescimento desenfreado que a Starbucks experimentou a partir do início deste Século, com um plano de expansão considerado maluco por muitos especialistas em Franchising e negócios imobiliários: muitas vezes as lojas ficam tão próximas, mas tão próximas uma das outras, que em diversos casos é possível encontrar duas lojas numa mesma quadra!

Grande volume de negócios necessariamente não representa que o lucro seja grande também…

Por outro lado, a partir de uma certa escala, tentar manter o mesmo ritmo alucinante de expansão de lojas, algo como dobrar o seu número a cada 2 anos, torna-se tarefa hercúlea: o dobro de 5 é 10, porém o dobro de 3.000 é 6.000!

Em seu atual tamanho, a Starbucks coloca-se como uma das maiores indústrias torrefadoras norte-americanas, ao lado de uma Procter & Gamble, Sara Lee ou Kraft. Afinal, seu volume de café cru está por volta dos 1,9 milhões de sacos de 60 kg ,  que significa 10% do total de café cru importado pelos Estados Unidos! 

Ou seja, o seu grande trunfo do início, que é o que caracteriza o mercado de cafés especiais, se perdeu: com esse tamanho, a Starbucks deixou de ser contra-cultura e passou a ser parte do establishment(= Sistema Vigente). Era isso que chamava os novos consumidores, que como todo bom jovem, gosta de “ir contra o sistema”, ou, simplesmente, “ser do contra”…

Resta saber como Schultz, seu primeiro grande Presidente e de volta ao posto, irá resolver essa questão.

Ousadia e compromisso no ar

Thiago Sousa

A Federación Nacional de Cafeteros de Colombia tem se destacado ao longo dos anos pela sua grande competência em promover o Café da Colômbia em todo o mundo.

No final dos anos 70, elaborou-se sofisticada estratégia de marketing promocional elegendo um ícone que é o personagem Juan Valdez, um típico pequeno produtor de café, e sua mula Conchita, que representa o mais importante meio de transporte para milhares de cafeicultores que vivem nas montanhas colombianas.

Comentei em post anterior a vitoriosa campanha de substituição do produtor que personifica o Juan Valdez. Ou seja, tudo é muito bem arquitetado e todas as oportunidades muito bem exploradas.

É a metodologia de uso de teasers (pequenas peças de comunicação gráfica) para que o nome e o que ele evoca se mantenham permanentemente na memória das pessoas.

O grande lance foi a aliança comercial com a Avianca, que é a companhia aérea colombiana, anunciada em 20 de junho. Três de suas aeronaves que fazem vôos internacionais, principalmente para os Estados Unidos e Europa, terão a logomarca Juan Valdez estampada nas fuselagens.

É incrivelmente genial esta estratégia, uma vez que em importantes aeroportos de vários países consumidores, muitas pessoas verão frequentemente a logomarca.

Afinal, Juan Valdez é Café de Colombia.

Café de Colombia é Juan Valdez.

Simples e direto.

Assim como foi durante muitos anos nas finais do Torneio de Roland Garros, um dos mais emblemáticos torneios de tênis do mundo.

Muitos já me perguntaram porque é que o Brasil não fez o mesmo?

Certamente, é questão de foco e cultura, pois o Brasil sempre se vendeu como o maior produtor de café do mundo, apenas. Ufanismo pretencioso, complementado por declamar alta tecnologia, mecanização e grandes propriedades como marca registrada.

Enquanto isso, os outros países produtores perceberam que os consumidores se compadecem das dificuldades dos pequenos cafeicultores, e daí o porquê sempre se mostrar pequeno. Esta imagem forte que os humildes transmitem acabou estimulando a formação de movimentos de solidariedade e comércio justo.

Quem pode ajuda quem precisa.

Em comunicação de massa, tocar o coração é muito mais eficiente do que fazer o cérebro pensar…

Assim, Juan Valdez e sua inseparável Conchita estão, agora, literalmente ganhando os céus…

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Brasil Barista Cup: Copa Barista 2008

Thiago Sousa

E o Brasil definitivamente está na estrada dos Cafés Especiais e dos eventos do Novo Mercado!

Durante o 3. Espaço Café Brasil, parte da FISPAL 2008, que é uma das mais importantes feiras da indústria de alimentos do mundo, de 23 a 26 de junho, o evento que conseguiu chamar a atenção de todos foi a COPA BARISTA.

Com regras baseadas no WBC – World Barista Championship (Concurso Mundial Barista), a Copa envolveu 24 profissionais de diversas cidades brasileiras, agrupados em duas chaves onde competiram entre si até a eletrizante final.

Cada embate, com dois baristas, tinha um juri composto por dois juízes técnicos, que avaliaram os aspectos relacionados ao uso correto do moinho e da máquina de espresso, além da organização da estação de trabalho, equatro juízes sensoriais, incumbidos de avaliarem os aspectos de apresentação e características sensoriais do espresso, do cappuccino e de uma bebida de própria criação a base de café. Na foto ao lado pode-se observar a performance da barista mineira Daniela Capuano, sendo avaliada por Paul Germscheid.

A fase classificatória ocorreu no dia 23, enquanto que as oitavas de final se desenrolaram ao longo do dia 24. Porém, a temperatura começou a subir no dia 25, quando aconteceram as quartas-de-final, ou seja, oito dos melhores baristas brasileiros se apresentaram para definir os quatro semi-finalistas.

A grande final, que fechou vibrantemente a terceira edição do Espaço Café Brasil, foi entre o carioca Léo Moço, que é o barista do Rubro Café, e a Tatiane Rodrigues, de Campinas, SP, representando a Cafemaq.

O duelo final foi muito emocionante, pois ambos foram os baristas com melhor performance ao longo da Copa, evidenciados pela elevada pontuação que ambos atingiram também nesta última.

Cada barista, para preparar e servir os espressos,cappuccinos e bebidas, tinha cronometrados 15 minutos, tempo no qual, também, deveria manter a estação limpa e organizada. Ou seja, um misto de rapidez, eficiência, domínio técnico, controle dinâmico e sensibilidade na escolha do blend de café, juntamente com criatividade para elaboração de uma bebida que mantivesse o sabor do café como referência, foi a combinação para o grande vencedor.

E o grande campeão foi o barista carioca Léo Moço, que em sua perfomance final foi perfeito em alguns quesitos, principalmente no cappuccino, segundo alguns juízes sensoriais. Mesmo terminando sua apresentação com 5 segundos de atraso em relação à Tatiane, pelo excepcional trabalho, Léo conseguiu reverter o resultado.

Fez juz ao prêmio final, composto também por uma belíssima máquina S1 da La Spaziale, aqui entregue pessolamente aos dois finalistas pelo Presidente da La Spaziale, Mr. Mauricio Macagnani.

Nesta foto, os Quatro Grandes Baristas da Copa(a partir da esquerda): Daniela Capuano, de Belo Horizonte, MG, Otávio Linhares, do Lucca Café, de Curitiba, PR, eu, seu Coffee Traveler, o campeão Léo Moço, do Rubro Café, Rio de Janeiro, RJ, e Tatiane Rodrigues, da Cafemaq, de Campinas, SP.

Prestaram bem atenção?

Cada um deles veio de uma cidade diferente, demonstrando que o Brasil, hoje, possui excelentes profissionais nos mais diversos locais.

Esta foi a grande revelação desta Copa Barista!!!

Ou seja: Senhores consumidores, sejam mais exigentes…

Espaço Café Brasil – 1

Thiago Sousa

Sim, o Brasil ingressou definitivamente no mercado dos Cafés Especiais!

No dia 23, segunda-feira, foi aberto o 3° Espaço Café Brasil, que é efetivamente a primeira feira de Cafés Especiais do Brasil.

Diferentemente dos eventos que vêm acontencendo em nosso país, muito mais devido às iniciativas das entidades de produtores, o Espaço Café tem pautado por abranger toda a Cadeia do Café, desde produtores até os serviços, incluindo-se máquinas e equipamentos.

A organização está nas mãos de uma jovem equipe coordenada pelos “bravos e destemidos”Caio AlonsoMarcos Haddad e Flávio Carrara, que estão ajudando a tornar o café ainda mais “fashion” no Brasil.

Tarefa difícil?

Certamente, pois não podemos nos esquecer que o Brasil pelo fato de ser o maior produtor mundial de café, possui ainda um perfil de consumo típico de países produtores. Dessa forma, muitos dos melhores cafés acabam sendo exportados, ficando os de qualidade mediana para menos. Isso sem falar em produtos adulterados e até impróprios para o consumo, como o que ocorreu no início desta semana com o Secretário de Segurança do Rio de Janeiro (foram encontrados fragmentos de vidro moído!!!).

Dentre os eventos, há o Auditório de Inteligência do Mercado, onde diversas palestras são apresentadas, atendendo a demanda de produtores, industriais e consumidores; o Barista Jam, onde workshops para profissionais e “loucos” por café podem desvendar o fascinante mundo do café; e a Copa Barista, uma eletrizante competição entre baristas brasileiros demonstra o vigor deste mercado.

Diversas cafeterias foram montadas para a apresentação de excelentes cafés brasileiros, afora exposição de máquinas antes só disponíveis para iniciados, como a Clover S1.

Farei outros posts sobre este importante evento e que estimulo a todos os “loucos” por café colocarem como evento obrigatório em suas agendas.

Café no Papel – 4

Thiago Sousa

E o Brasil também possui uma revista especialmente concebida para o mercado de café!

Aliás, para os cafés especiais.

Surgido de um projeto de conclusão de curso do paulistano Caio Alonso Fontes, que se uniu ao Marcos Racy Haddad, a revista Espresso hoje é reconhecida no Brasil como uma genuína publicação cujo conteúdo é totalmente voltado para o setor cafeeiro. A iniciativa foi corajosa, porém fruto de um meticuloso estudo de mercado.

O resultado: a fundação da Café Editora Ltda.,  que leva café até em seu nome!

O projeto gráfico está no mesmo nível de suas congêneres internacionais, porém possui uma característica única ao abranger tópicos como gastronomia e outros “prazeres da vida”, como viagens, música e cinema.

Assim como uma bel xícara de café, o propósito da revista é o de levar novas experimentações ao leitor.

Publicação bimestral, é encontrada nas principais cafeterias do Brasil, tanto nas capitais quanto em algumas cidades do interior que já despertaram para o novo mercado do café.

Como diz a minha filha Ana Luisa, “O café é fashion !”, e merece uma publicação a altura.

Você pode saber mais sobre a revista e também ter informações sobre assinaturas através do website www.revistaespresso.com.br .

Café no Papel – 3

Thiago Sousa

No post anterior comentei sobre a Fresh Cup Magazine, a mais influente publicação do mercado de cafés especiais.

Graças à alta qualidade e da visão que Ward Barbee & Jan Weigel impuseram à revista, um grupo muito qualificado de profissionais acabou se formando nessa incrível “escola”.

O crescimento e consolidação do mercado dos especiais propiciou o surgimento de “filhotes” da Fresh Cup como algo natural.

A Roast Magazine, cuja sede também é em Portland, OR,  é  o primeiro “filhote”, liderado pela dinâmica Connie Blumhardt.

Como o próprio nome diz, põe o seu foco nos torrefadores de especiais. E aqui um detalhe interessante: o que caracteriza a indústria dos cafés especiais é que sua imensa maioria é composta de pequenas torrefações, muitas delas parte da própria loja que comercializa o café.

Poucos são os casos de indústrias que já atingiram um porte considerado médio para os padrões das grandes indústrias como a Sara Lee ou Kraft. A única empresa de grande porte que estampa ainda um selo de “Specialty” é a Starbucks.

Para se ter uma idéia desse gigantismo, há a especializadíssima Intelligentsia Tea & Coffee, de Chicago, considerada uma das maiores dentro do segmento de “verdadeiros” Specialties, torra anualmente o equivalente a pouco menos de 2% do volume da Starbucks, algo como 18.000 sacos de 60 kg.

Um exemplo brasileiro desse tipo de torrefação é a Lucca Cafés Especiais, de Curitiba, PR, ou aCafeteria Santo Grão, de São Paulo.

A Roast mantém um belo time de colunistas, que compõem bimestralmente excelentes artigos técnicos da “Arte da Torra”, sobre moagem e mesmo origens interessantes para novos blends.

Caso tenha interesse, para assinar ou conhecer mais, acesse www.roastmagazine.com.

A sequência lógica após versar sobre “origens e mercado”, de forma ampla, e “tecnologia e conhecimento para a indústria de torrefação”, é o foco no serviço.

Assim, o “filhote do filhote” da Fresh Cup é a Barista Magazine, lançada em meados de 2006.

Sim, uma revista que fala diretamente à comunidade de baristas!

Competições, máquinas, moinhos e, é claro, muitos, mas muitos espressos

A linguagem tem ritmo caleidoscópico, assim como são muito “cool” as fotos, muitas delas feitas pelos próprios baristas-contribuidores.

É interessante observar que há uma sede muito grande de conhecimento das origens, por isso boa parte das matérias tratam de viagens dos baristas às diferentes partes do mundo onde o café é produzido.

Isto pode ser um grande incentivo aos baristas brasileiros, que devem também ampliar seus conhecimentos através de viagens e experimentações nas fazendas. Uma sólida carreira se constrói combinando arte, inspiração, técnica e conhecimento, finalizando com uma pitada de paixão!

A revista tem como editora Sarah Allen, conhecidíssima pelo seu carisma e largo sorriso. Também, como não poderia deixar de ser, tem como base a cidade de Portland, OR, e você pode saber mais e até assinar a Barista Magazine através do website www.baristamagazine.com.

Café no papel – 2

Thiago Sousa

Fresh Cup Magazine é a mais emblemática publicação do mercado dos cafés especiais.

Lançada em julho de 1992 pelo inesquecível Ward Barbee e a sempre adorável Jan Weigel, é a mais antiga revista voltada para este fervilhante mercado.

Como todas as coisas pioneiras, a Fresh Cup, como é carinhosamente chamada, surgiu de um surto visionário dessa incrível dupla, sendo que o seu primeiro número foi elaborado num hoje “vintage” Macintosh Plus no porão da casa de Jan, em Portland, OR. Seus primeiros números foram distribuidos nas cafeterias dessa região, além de algumas indústrias torrefadores.

Iniciou, assim, a trajetória marcante da Fresh Cup como um precioso espresso!

Nesta foto, tirada em Charlotte, NC, em 2006, a partir da esquerda: Bruno Souza, o mais especializado importador de cafés especiais do Brasil na América do Norte, o saudoso Ward e eu, seu Coffee Traveler.

A dupla Ward-Jan sempre foi muito criativa, lançando inovadores conceitos ao longo dos anos, como a NASCORE, considerada a primeira feira especializada em cafés especiais nos Estados Unidos, em agosto de 1995, na cidade de Portland, OR, o A to Z Coffeehouse Guide, um importante guia para aqueles que pretendem abrir sua cafeteria, e o Fresh Cup Roadshow, em janeiro de 2006, como uma feira itinerante de cafés especiais desenhada para apenas profissionais desta indústria.

Seu conteúdo é abrangente, abordando aspectos desde as diferentes origens mundiais de café verde até discussões técnicas de importantes Mestres de Torra, por exemplo.

É também da Fresh Cup um interessante quadro sobre o mercado de café mundial expresso numa Tabela Periódica. Posso dizer que é um trabalho de arte genial!

Porém, em julho de 2006 Ward Barbee falece, deixando uma grande lacuna não apenas para a Fresh Cup Magazine, mas para a própria indústria dos cafés especiais. Ward estava na Itália e sofreu um fulminante infarte.

Com suas tiradas deliciosamente finas, além de muitas vezes acidamente instigantes, Ward imprimiu independência e arrojo no mercado através da revista e das atividades criadas a partir dela. Mas, antes de tudo, ele vivia intensamente cada momento, o que era plenamente perceptível em cada edição da revista.

Hoje, Jan, que nesta foto está ao lado de Bruno Souza, da BECCOR, é a “Publisher”, enquanto a vigorosa e bela Julie Beals é a incansável editora.

Nas últimas edições o foco nas origens ganhou grande peso e isso torna a revista ainda mais interessante para aqueles que gostariam de conhecer mais sobre os diferentes países produtores de café.

Você pode assinar a revista através do websitewww.freshcup.com, que hoje possui assinantes em muitos países, fazendo a cabeça dos “loucos” por café…

Café no Papel – 1

Thiago Sousa

Apesar do visível domínio da internet e seus “filhotes” (blogs, microblogs e twitts) na propagação de notícias e novidades, ainda a mídia impressa mantém sua destacada importância. Certamente, a especialização das publicações com análises aprofundadas garantem um público fiel, além de estabelecer bases para formar opinião.

No mundo do café, a revista mais tradicional em circulação é aTea & Coffee Trade Journal, que circula desde 1901. Seu fundador, William Ukers, falecido em 1954, dá nome a outra tradicionalíssima publicação, o Ukers’ InternationalTea & Coffee Directory & Buyer’s Guide, que funciona como uma completa lista de integrantes da cadeia do café, desde produtores, exportadores, distribuidores e indústrias de café de todo o mundo.

Dessa forma, é de se esperar que o grande público do centenário “Tea & Coffee Trade Journal” seja composto pelos exportadores e distribuidores de café verde, seguidos dos profissionais da indústria de torrefação.

Os seus artigos têm forte enfoque nos negócios de café, que você pode conferir pelo grande número de inserções de propaganda de indústrias de máquinas e equipamentos, além de diversas empresas de serviços e produtos acessórios à produção industrial.

Além do café,  o chá compartilha aproximadamente 40% das 96 páginas, mas com artigos que têm semelhança de abordagens como os do café.

Caso você tenha interesse em mais informações, acesse o website www.teaandcoffee.net, que lhe permite, também, fazer uma assinatura.

Uma outra publicação que chama a atenção é a mexicanaMundo del Café.

O México tem mantido crescimento mediano em relação ao resto dos países produtores de café, sendo que sua produção concentra-se na região Sul, em Chiapas, próximo à divisa com a Guatemala.

Esta publicação é bilíngue, inglês-espanhol, com abordagens técnicas focadas muito na área administrativa, principalmente do foco de  ”Gestão de Negócios”, e também do setor de negócios, focando nas tendências globais de mercado.

Seus artigos possuem certo ar acadêmico e seu público acaba não sendo muito vasto, concentrando-se, devido aos temas, nos produtores de café.

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A maior xícara de café do mundo – 2008

Thiago Sousa

Recordes existem para serem quebrados.

No ano passado, 2007, no Panamá construíram a maior xícara de café até então, com capacidade para 2.840 litros de cafezinho.

Mas, como tem brasileiro que não leva desaforo para casa, no Espírito Santo, na cidade de Brejetuba foi construída a xícara que detém o novo recorde, digno de figurar no Guiness Book.

Segundo o texto do link enviado pela Companheira de Viagem Elaine Marriel, esta gigantesca xícara tem medidas descomunais!

A xícara, como pode ser vista nesta foto de autoria de Eliana Gorritti, tem 2,3 metros de diâmetro e altura de 1,5 m. Portanto, 3.500 litros de café podem ser preparados, garantindo o novo recorde com muita folga em relação ao panamenho…

O pires possui 3,4 m de diâmetro, sendo que a produção deste conjunto, que é todo em chapas de aço inox, levou mais de 2 meses para ser fabricado pela empresa metalúrgica Fimag, de Cariacica, ES.

O coador, para não ficar atrás, tem 2 metros de diâmetro com 2,5 m de altura, sendo composto de 12 camadas de tecido.

Dessa forma, comporta nada mais nada menos que 300 kg de café em pó, cujo preparo leva em média 1 hora!

Haja cafeína…

Esta grandiosa xícara será apresentada neste dia 31 de maio, durante o Festival Café & Cultura de Brejetuba.

Tall Lattè no Japão

Thiago Sousa

Uma curiosidade normal é o de se saber quanto custa um mesmo produto em diferentes locais do mundo. É o velho sentimento de “querer saber se o pasto do vizinho é mais verde …”

Mas, economistas têm utilizado esse conceito justamente para verificar o chamado “poder de compra” de um grupo de moedas a partir de uma comparação entre os valores de um dado produto em diferentes localidades empregando uma moeda única. Como exempo, importante revista de economia faz esse tipo de análise usando o “Big Mac” como um produto-referência, pois seus ingredientes e também a forma como é preparado seguem um padrão em todo o mundo. Portanto, fica muito fácil se verificar onde ele está “mais caro” e “mais barato”.

Como as lojas Starbucks hoje estão presentes em diversos países, alguns de seus produtos podem também ser empregados como referência para comparar o poder de compra de diversas moedas.

Assim, na foto abaixo há um tiquete de uma loja Starbucks no Japão, onde estão discriminados dois “Tall Latte”, por 720 yen (ou 360 yen unitariamente, que equivale a R$ 5,69) e dois pedacinhos de “Bolo de Banana”, cada qual a 230 yen (= R$3,64).

Sci-Fi Coffee

Thiago Sousa

A tecnologia está presente em tudo e quando se fala em tecnologia, o Japão é o país que possui especial destaque.

Após a Segunda Guerra Mundial, os esforços de reconstrução do país, assim como ocorreu na Alemanha, foram centrados na educação com particular foco na tecnologia. Afinal para um país que tem área semelhante ao estado de São Paulo, porém 50% montanhoso e até inóspito, com vulcões e geleiras, e uma população próxima aos 150 milhões de pessoas, não existem muitas outras opções.

No serviço de café, o Japão se destaca por apresentar alguns que são muito próprios, como o sistema Sifão (Syphon), que no ocidente tem um assemelhado com o nome como Globo ou Globinho, como existe no Brasil.

Seu funcionamento é simples, seguindo algumas leis básicas da física: a água é aquecida no globo inferior, enquanto que em cima fica o recipiente com o café moído, retido por uma fina malha metálica. Cria-se vácuo e a água ferve a uma temperatura menor que 100 graus Centígrados, subindo para o recipiente onde está o café.

Ao se resfriar levemente, inicia-se a filtração, ficando o café moído na tela metálica que comentei.

A UCC – Ueshima Coffee Co., empresa lider na indústria de café do Japão, possui uma rede de cafeterias especializada neste serviço. Observe o sistema de aquecimento: é um conjunto constituído de aquecedores que funcionam com o princípio de indução de calor por cerâmicas especiais.

Exclusivo?

Sim, e caríssimo: um equipamento desse fica por volta dos 20 mil dólares!

Outro curioso equipamento apresentado pela UCC durante o SCAA Show foi este que é todo contruído seguindo as referências de equipamentos de extração encontrados em laboratórios de química.

Engenhoso e altamente preciso, pois o objetivo é o de manter um fluxo de água rigorosamente constante.

Para o Companheiro de Viagem Gustavo Gonzalez, da Nucoffee, que presenciou comigo uma extração, isso lembra um equipamento de tortura: imagine gotas de água caindo simultaneamente em cada orelha…

“Preciosismo com a precisão”!


Confira o funcionamento desses dois equipamentos para Sci-Fi Coffees (Café de Ficção Científica) no vídeo a seguir, ao som da música “Behind the Mask”, composto por Ryuichi Sakamoto e performance da Yellow Magic Orchestra:

Handpresso: Espresso Everywhere "Live"

Thiago Sousa

Beber um espresso em qualquer lugar?

Creio que este é um dos grandes desejos dos “loucos” por café…

Há algum tempo fiz um post sobre o Handpresso, uma maluca invenção francesa que adaptou uma bombinha de encher pneus de bicicleta para preparar um espresso empregando sachês.

Na Feira da SCAA em Minneapolis, havia um representante que apresentou os diversos kits disponíveis para o mercado norte-americano.

Handpresso sozinho, que vem numa caixa especialmente elaborada, sai por volta de USD 215 no varejo.

Mas existe um kit muito sofisticado, que está nesta foto.

Numa bela maleta em couro, estão incluídos diversos apetrechos para criar uma atmosfera mais sofisticada mesmo na mais fechada mata em que você estiver…

Veja a seguir o vídeo com a demonstração “Ao Vivo” de uma extração por Handpresso. Foi utilizado um sachê normal, de forma que praticamente qualquer marca poderá ser utilizada nesse “brinquedo”.

O espresso que provamos não estava bom, pois faltou crema. Provavelmente a água estava com temperatura bem abaixo do ideal, para mim.

Mud Truck: The Intrepid Street Coffee

Thiago Sousa

New York é a cidade mais amada do mundo.

É onde você encontra de tudo (ou quase tudo), das coisas mais sofisticadas e exclusivas até as mais criativas e inusitadas.

Obviamente, na esteira do crescimento do mercado de Cafés Especiais (Specialty Coffee), a incrível Ilha de Manhattan passou a abrigar cafeterias da estirpe das melhores encontradas na West Coast.

No entanto, algo de absolutamente novo está em NYC: The Mud Truck !

Já pensou numa cafeteria que é itinerante, montada num carro-forte recuperado pintado de inesperada e berrante cor alaranjada, naturalmente servindo excelente espresso e suas variações?

Isso é o Mud Truck.

E talvez muito mais…

O que torna apaixonante e ao mesmo tempo instigante o mercado dos Cafés Especiais é justamente porque ele não está totalmente definido, ou seja, ainda está se estruturando. Porém, para mim, o seu ingrediente mais apimentado é que é um forte movimento de Contra-Cultura.

Em inglês, esse estilo é o tal do “cool”, diferente do sofisticado, que também fica perfeitamente abrigado nesse grande guarda-chuva chamado Specialty Coffee.

O Mud Truck é idéia e serviço de um genial hippie chamado Greg Northtrop.

Greg quis fazer algo diferente, totalmente alternativo como espírito e serviço, mas sem perder o olho na qualidade dos grãos de café.

Qualidade é o outro importantíssimo pilar dos Cafés Especiais.

Greg também possui um pequeno restaurante e que surpreendentemente possui um atendimento de solidariedade muito nobre: existem lugares reservados para os “homelesses” (pessoas “sem teto” da região), junto aos clientes normais, para saciar a fome com suas magníficas sopas. Esse desprendimento lhe rendeu menção de um parágrafo na conceituadíssima revista Fortune, denotando que gestos de solidariedade são ingredientes indispensáveis para a verdadeira promoção humana.

Nesta foto, Greg recebe o grande Companheiro de Viagem Bruno Souza, da BECCOR, em sua “Sala de Reuniões”. Tem o espírito Mud Truck não?

Em Minneapolis, MN, estivemos juntos num restaurante muito “cool” chamado Hell’s Kitchen (www.HellsKitchenInc.com) onde experimentei um hamburger de carne de bisão.

Pessoal, esta é uma pedida que recomendo!

Nesta foto, a partir da esquerda, está a Sara Georges, que nos serviu e tem a “cara” do Hell’s Kitchen, eu, seu Coffee Traveler, e o Greg.

Greg está utilizando como base em seu blend cafés brasileiros, que depois farei mais comentários. Na verdade, boa parte do sucesso, além do grande apelo do seu caminhão alaranjado, é o seu espresso, hoje objeto de elogios da crítica em NYC.

Para conhecer mais sobre o Mud Truck e saber o seu roteiro acesse www.themudtruck.com .

E divirta-se!

A Invasão Porteña no Brasil

Thiago Sousa

Durante muito tempo, o pessoal do Hemisfério Norte pensava que a capital do Brasil era… Buenos Aires!

Afinal, a Argentina, por uma série de razões históricas, teve um desenvolvimento sócio-cultural bastante avançado em relação ao Brasil, sendo que sua capital, essa sim, Buenos Aires, foi considerada a metrópole cultural do Hemisfério Sul.

Com o seu ar cosmopolita, impulsionado por uma renda “per capita” com distância olímpica em relação a do Brasil na época, além de uma fervilhante atividade cultural, esta cidade, que ainda hoje fascina muita gente, incorporava os modismos europeus. E, obviamente, os Cafés ao estilo francês com confortáveis poltronas, atendimento esmerado e uma generosa oferta de pratos rápidos e bebidas, ganharam sua devida importância na Capital Porteña.

Para boa parte dos brasileiros com mais de 35 anos, a primeira grande viagem ao exterior tinha como destino a Argentina e, certamente, o pedido “mais pedido” era para que se trouxesse o indefectívelalfajor, de preferência o Havanna

Há pouco mais de 3 anos a Casa Havanna iniciou uma grande operação no Brasil com a instalação de quiosques para a venda do seu famosíssimo alfajor, cujo coberto com chocolate e o recheio de doce de leite é o meu favorito, além de sua cafeteria, o Café Havanna. Em São Paulo, à Rua Bela Cintra, Jardins, fica esta charmosa casa.

Para saber mais, você pode consultar o link www.havanna.com.ar .

O Companheiro de Viagem Luiz Barbosa, de São Paulo, a quem agradeço pela dica, comentou da abertura de uma casa do Café Martínez, que tem base em Buenos Aires.

Segundo Luiz, esta casa fica na Alameda Santos, quase esquina com a Rua Pamplona, praticamente atrás da famosa torre da FIESP.

Esta casa está completando 75 anos de operação, possuindo dezenas de lojas na capital porteña e arredores.

Como ponto de destaque, há em seu website, www.cafemartinez.com.ar, um link para um vídeo produzido pelo The History Channel, dentro da série A História dos Alimentos, que trata rapidamente da origem do café nos planaltos da Ethiopia e os caminhos que trilhou até chegar ao hoje chamadoCoffee Belt entre os Trópicos de Câncer e Capricórnio.

Produzido na Argentina, ao final o vídeo enfoca a ambientação de uma das lojas do Café Martínez.

Café, Kapeh & Outros Produtos

Thiago Sousa

Já se imaginou lavar o rosto com um sabonete a base de café? Ou adicionar um óleo a base de café numa banheira para uma revigorante imersão?

O grão de café possui um número impressionante de substâncias que o compõem, muitas delas hoje com diversos estudos que comprovam efeitos benéficos para nossa saúde, como os ácidos clorogênicos, que são poderosos anti-oxidantes, que podem auxiliar no retardamento do processo de envelhecimento.

Porém, uma família de produtores de Três Pontas, no Sul de Minas Gerais, teve a idéia de aplicar algumas das substâncias do café em produtos de higiene e cosmética.

Nesta foto, por exemplo, são vistos os sabonetes que lembram a seqüência do processo de amadurecimento do café, com o “Café Verde”, “Café Maduro” e “Café Torrado”. Neste, por exemplo, existem fragmentos de café torrado e moído que funcionam como esfoliante.

Ou seja, uma idéia muito inovadora!

Outro ponto interessante é que são empregados cafés produzidos segundo normas da certificadora Utz Certified, garantindo-se, assim, toda a procedência e rastreabilidade da matéria-prima café nos produtos.

Nesta foto o Juliano Araujo, cuja família é proprietária da tradicional Fazenda Rancho Fundo, é o agrônomo responsável pela produção de café.

O nome kapeh tem origem maia e significa café.

E aqui há uma nota curiosa: a fazenda da família do Juliano já era certificada pela Utz Kapeh (= bom café, em maia), como anteriormente era conhecida essa certificadora que tem base em Amsterdam, Holanda, e que é uma das mais difundidas certificações de processo de produção de café no Brasil. Você pode saber sobre a Utz através do link na coluna ao lado.

Juliano e sua mulher, Vanessa, que é a responsável pela linha Kapeh, tinham muito interesse em utilizar esse nome, pois é muito fácil sua pronúncia nas diversas línguas, quando souberam que a Utz estava alterando seu nome, pois passou a ter atividade mais abrangente, além da cerficação das fazendas de café. Bingo!

Você pode saber mais sobre isso pelo endereço www.kapeh.com.br .

Horiguchi Coffee: Reference for Specialties

Thiago Sousa

O mercado japonês se destaca por oferecer cafés de excelente qualidade em média, comparativamente a outros países consumidores. São um pouco menos de 8 milhões de sacas de 60 kg líquidos de café adquiridos anualmente em diversas origens, dos quais mais de 30% do Brasil, com alto padrão de exigência na qualidade.

Um pouco desse sucesso no Japão se deve ao fato de que o japonês é um povo ávido por informação de sólidas bases, quase que sempre científica. Basta você acompanhar os programas da poderosa emissora NHK via satélite para entender o que estou comentando.

Eles procuram destrinchar tudo, vão a fundo em cada questão, mesmo nas mais triviais.

Assim, como era de se esperar, dentre os “loucos” por café apareceram figuras hoje importantíssimas como Mr. Toshihide Horiguchi, conhecido como Horiguchi san, um dos mais respeitados especialistas em café do Japão.

Horiguchi teve uma formação eclética, tendo vivido no exterior e feito andanças pela Europa antes de se decidir pelo ramo do café.

Estabeleceu-se em Funabashi, região metropolitana de Tokyo, com o Horiguchi Coffee, uma cafeteria no estilo da West Coast dos Estados Unidos.

A princípio, nesta loja, ele também fazia a torra num torrador de 15 kg. Hoje, possui um local específico para a torra de café.

Além da loja, cuja entrada pode ser vista na primeira foto, com pés de café em primeiro plano, Horiguchi percebeu a necessidade de se aprofundar na questão da qualidade do café, criando, posteriormente, o seu Horiguchi Coffee Research Institute, muito conhecido em japonês como Horiguchi Kohikobo.

Muito bem equipado para os mais diversos testes de torra e de diferentes serviços de café, é, ainda, um espaço para a realização de cursos e palestras sobre qualidade de café.

Eu, seu Coffee Traveler, tive a satifação de ministrar com Mr. Horiguchi uma palestra em conjunto durante a SCAA Conference que ocorreu em Atlanta, Georgia, em 2004. Foi uma experiência gratificante e que estabeleceu uma forte amizade desde então.

Sua loja tem a “cara” Horiguchi.

Elegante e charmosa, com madeira clara como material dominante e diversos nichos nas paredes, onde, além de peças para venda, ficam expostos quadros, souvenirs de suas viagens internacionais, além de certificados de seus cafés emoldurados para o conhecimento dos seus clientes.

Uma grande máquina de 3 grupos faz o principal serviço de espresso e as bebidas derivadas, porém, ainda o tradicional coffee, que é mais diluído que o nosso cafezinho, é o campeão de vendas como serviço de café.

A pastisserie também tem o toque Horiguchi. Com delicadas massas, que muito lembram doces vienenses, fazem o deleite visual e gustativo, compondo um excelente conjunto com os impressionantes cafés oferecidos.

Em seu menu, estão cafés de diversas origens, pessoalmente garimpadas em suas diversas viagens aos países produtores. Cafés dos países do leste africano, Guatemala e outros Centrais, além de um Brasil Cerrado, do Companheiro de Viagem Gláucio de Castro, integram essa seleção.

Um outro destaque: com sua verve artística, Mr. Horiguchi é um apreciador das transparências, colecionando peças em vidro.

Porém, sem dúvida, sua coleção de peças de Murano, a famosíssima origem italiana para vidrarias artesanais, é digna de nota.

Ou seja, além da “viagem” sensorial com os excepcionais cafés e deliciosos bolos, a experiência visual pode ser inesquecível para quem vier a visitar esta importante cafeteria.

Um museu do café…do outro lado do mundo

Thiago Sousa

Fica no Japão um dos mais completos e impressionantes museus sobre o café do mundo.

Instalado numa ilhota onde fica um grande complexo industrial em Kobe, o UCC Coffee Museum é uma visita obrigatória para todos os “loucos” por café que estiverem passando por aquela região.

Kobe é uma das principais cidades portuárias japonesas, tendo sido a que recebeu as primeiras visitas de naus portuguesas, que desde o final do Século XV já singravam os mares em busca das cobiçadas especiarias que somente o Oriente possuía. Desta série de visitas originou-se uma série de palavras e até um bolo com nomes que têm a sonoridade da língua portuguesa. “Castera” (pronunciando-se kas-te-ra sem acentuação), som que lembra castelo,  é o nome dado a um bolo que é parecidíssimo com o mais básico dos bolos brasileiros, o “Pão-de-Ló”, pois quando os portugueses ofereceram aos japoneses esta sobremesa, estes lembraram-se do formato dos tradicionais castelos japoneses.

A cidade de Kobe possui uma área histórica localizada em sua parte mais alta, enquanto que junto ao mar a cidade possui uma arquitetura arrojadamente futurística, como se tem nas grandes cidades japonesas. Parte dessa arquitetura, que ainda cheira a novo, deve-se à reconstrução que se seguiu ao mais violento terremoto que a região já sofreu, em 1995.

A UCC – Ueshima Coffee Co. é a maior indústria de café do Japão, líder nesse mercado. Além da sua linha de café, possui uma série de diferentes redes de cafeterias, tipicamente japonesas, e restaurantes de refeições rápidas.

No entanto, é justamente a paixão pelo café que move essa empresa, presidida pelo dinâmico Mr. Tatsushi Ueshima. A UCC possui uma divisão agrícola, que coordena os trabalhos em fazendas próprias na paradisíaca ilha de Kona, no arquipélago de Hawaii, e na mítica região do Blue Mountain, na Jamaica.

O museu fica ao lado da principal planta da UCC, como pode ser vista na primeira foto. Sim, por incrível que pareça, aquela torre de vidros azulados é a área industrial, que prima pela altíssima tecnologia desde a recepção do café cru, o processo de torra até o empacotamento. É uma planta simplesmente impressionante.

O museu procura oferecer uma visão sobre a cultura do café, sua história e desenvolvimento, além de diversos vídeos que mostram a forma de consumo em diversos países.

Abaixo, uma foto da área histórica, vendo-se em primeiro plano os diversos tipos de torradores:

Com uma excepcional infra-estrutura, o museu conta, além de uma curadora, local para pesquisas históricas e bibliográficas. Inclusive, todos que se dispuserem a conhecer o museu, ao preencherem uma ficha cadastral, são levados a caminhar pelas diferentes áreas temáticas, do plantio até as diferentes formas de consumo.

Como boa surpresa, ao final você recebe um cartão e um pequeno certificado de que você é, agora, um “Entendido em Café”!

Apesar de fora do tradicional circuito turístico que os ocidentais fazem no Japão, este é um local que os “loucos” por café não podem deixar de visitar.

Akihabara´s Maid Cafes

Thiago Sousa

Akihabara é um conhecidíssimo bairro de Tokyo, capital japonesa, como um verdadeiro centro de compras de materiais e equipamentos eletrônicos. O seu equivalente brasileiro, mantendo-se, obviamente, as devidas proporções, seria a famosa região da Rua Santa Efigênia, no centro de São Paulo, SP.

Só que, como tudo que existe no Japão, em Akihabara tudo é superlativo, tanto em quantidade como em qualidade de produtos.

No entanto, recentemente um fenômeno vem gradativamente mudando a paisagem desse bairro: são os chamados “Maid Cafes”.

Estes Cafes, que além do coffee servem outras bebidas e refeições leves, têm como atendentes garotas vestidas de copeiras ao estilo vitoriano, com suas roupas com muitos babados e um visual virtualmente fetichista.

Aliás, a temática dessas casas está totalmente baseada nos mangás (quadrinhos tipicamente japoneses) e animes (animação para adultos), o que acaba dando um tom mais adulto e, principalmente, focado em clientes masculinos.

Neste vídeo de autoria do “Japan in Motion”, caso você domine o idioma japonês, é possível ouvir a maid sempre se dirigir ao cliente como “meu amo”: 

Mais recentemente, este fenômeno, como é tratado pela mídia japonesa, começou a mostrar uma variante inesperada: Maid Cafes com atendentes travestidos, ou seja, homens vestidos como empregadinhas vitorianas!

Talvez por farra, talvez por hobby ou talvez por alguma chamado muito íntimo da Natureza…

Veja neste vídeo uma divertida abordagem sobre os meninos:

Você pode ter mais informações no website http://www.kotaku.com/, especializado na cultura Otaku, palavra japonesa que se refere às coisas como anime, games, fetiches e exotismo.