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São Paulo

The Coffee Traveler by Ensei Neto

ORIGEM

Cafés del Peru: Cafés

Daniel Kondo

Pela avaliação dos técnicos, a Safra 2009-2010 do Peru é menor, mas esperam uma expressiva para o próximo ano.

As lavouras realmente estão prometendo uma boa safra, ao menos nas áreas da Selva Central, como pode ser conferido nesta foto. Rosetas cheias, não?!

O emprego da técnica de sombreamento é devido às baixas latitudes das áreas peruanas de café, saindo de algo de pouco menos de 7. Sul a até 12.Sul. As sombras das árvores tem um papel muito grande para se evitar uma ação mais incisiva dos raios ultravioletas, principalmente próximos à linha do Equador. As culturas de café nessas localidades, tem de compensar, ainda, uma média mais elevada de temperaturas com o plantio em altitude, o que agrava ainda mais o problema com os raios ultravioletas. Estes provocam queimaduras nas folhas, diminuindo a eficiência da fotossíntese, por exemplo.

Plantar próximo à divisa dos Hemisférios é sempre muito complexo!

E você pode saber um pouco mais sobre esse “truque” da Natureza no artigo “O Natural, o CD e os Cafés do Brasil” em Reflexões Sobre o Café, no menu ao lado. (http://coffeetraveler.net/?page_id=210)

A exemplo do que acontece na Colombia, as entidades de produtores no Peru estão se mobilizando para melhorar continuamente a qualidade dos cafés, pois há uma visão clara de que a quantidade de certificações que possuem e que estampam as fachadas das cooperativas logo será um padrão normal. Portanto, volta à tona o tema Qualidade Sensorialcomo pilar de resistência.

Bem, vou comentar um pouco dos cafés que provei. Ótimo saber que eram todos “frescos”, da safra!!!

Tive a oportunidade de provar cafés das 3 macrorregiões produtoras: Selva del Norte, Selva Central e Selva del Sud. E posso dizer que muitos deles foram surpreendentes.

Há uma expectativa generalizada de que algumas notas de aroma/sabor são raras e específicas, porém tivemos diversas interessantes discussões sobre isso com vários especialistas de lá e pudemos concluir que realmente existem aquelas que são devidas a uma correta tecnologia de torra dos grãos.

Uma outra preocupação foi verificar as águas peruanas, uma vez que boa parte delas tem origem na Cordilheira e, portanto, podem ter um teor bastante alto de sais. Bingo!

Depois de provar 8 diferentes águas minerais de diversas áreas do Peru, 6 apresentaram teores acima de 300 ppm. A Sacosani, de Arequipa, por exemplo, chegou a impressionantes 1.270 ppm. Isso altera sensivelmente a percepção dos sabores.

Cafés que me impressionaram foram os de Chirinos eBalcones, de Cajamarca. Para mim, simplesmente estupendos pela impressionante doçura a mel. De localidades do norte, de plantios de 1.400 a 1.600 m de altitude, revelaram notas básicas como caramelo e chocolate (obrigatórios em cafés de alta qualidade) e frutas como nectarina. Mas, sem dúvida, foi a sua doçura que me encantou. Local a ser visitado!

Havia um de Nuevo Jaén, Amazonas, de fincas a 1.600 e 1.800 m de altitude, que repetiu as características.

Do sul, mais precisamente de Incahuasi, também de grandes altitudes, a alta acidez cítrica, que lembra os colombianos de Armenia, tinha o fundo a chocolate e manteiga num equilíbrio perfeito.

Com um trabalho focado e persistente, o resultado deverá ser incrível em breve.

Por isso, fiquem atentos para os Cafés del Peru!

Café del Peru: Selva central – 2

Daniel Kondo

Chanchamayo é região que tem a cidade de La Merced como polo, situada a 750 m de altitude rodeada por uma impressionante cadeia de montanhas, braços amazônicos dos Andes Peruanos, sendo conhecida como a maior produtora de café do Peru.

As propriedades que visitamos cobriam parte de La Florida,Perené e Miguel Grau, sempre com lavouras sombreadas, em latitude sul que variava de 10.30′ e 11.15′, o que justifica e pede o sombreamento.

Partindo de carro, iniciamos a viagem por sinuosas estradas de terra depois de 30 minutos por boas rodovias. E, aí começou a subida da serra…

As propriedades que visitamos eram de produtores que fazem parte das cooperativas das regiões e era perceptível um bom nível técnico na condução das lavouras. O Peru tem produzido em média 3 milhões de sacas de 60 kg por ano. Considerando-se que sua franca maioria é de cafés certificados, principalmente como orgânicos, mostra porque a média de preços que os cafés vem obtendo situa-se na faixa de US$ 2.20 por libra-peso FOB Porto de Lima.

O consórcio com plantas frutíferas, principalmente a banana, é muito comum para viabilizar comercialmente a operação. Ah, uma coisa que aprendi: usam o nome “banana” quando é a fruta de mesa, e “plátano” para culinária, como cozida ou assada.

Haroldo explicou que como as propriedades estão em locais muito acidentados e distantes das cidades, todo o transporte de coisas mais pesadas é feita no lombo de animais, e muitas vezes o chacrero prefere levar alimentos a adubos para a suachacra (= sitio). Com isso, além da natural dificuldade para a utilização de máquinas e equipamentos, optou-se por empregar técnicas da agricultura orgânica. Observe na primeira foto a quantidade de árvores leguminosas, cujo objetivo de seu plantio é o de prover sombra e ao mesmo tempo capturar nitrogênio para fertilização natural dos solos.

As variedades mais plantadas, nas fincas visitadas, eram a Caturra, como nesta foto, com sua tradicional “ponta roxa”, Catimor e Típica, junto de um eventual Bourbon. Vi que a população de cafeeiros, que pode ser considerada baixa, é algo que ainda está em discussão. No geral são colocadas 2 plantas em cada cova. Comentei sobre mudanças benéficas que a separação pode trazer para a produtividade, além de uma melhor distribuição espacial dos ramos produtivos das plantas.

A 1.300 m de altitude fica a Finca Santa Carmen, da Sra. Ilda Mariño, em Miguel Grau,Chanchamayo, que aqui posa ao lado de sua lavoura.

Ela faz parte de um programa de aperfeiçoamento técnico oferecido pela sua cooperativa e que inclui a renovação das lavouras. Em média, as lavouras peruanas, segundo informações do agrônomo Haroldo, tem 20 anos, algumas com variedades não tão adequadas, outras que tiveram problemas em seu plantio e que seguem com baixa produtividade. Daí um programa de renovação de lavouras tem como objetivo aumentar a produtividade das lavouras peruanas, além de outros benefícios.

A Sra. Ilda, como boa parte dos produtores da região, tem sua finca certificada como orgânica, já atendendo os principais destinos de Café del Peru.

Depois de visitar diversos produtores, alguns com produtividade que  impressionam, seguimos para a sede da Cooperativa de Perené.

No laboratório da cooperativa estava acontecendo um curso de introdução de avaliação de café, especialmente desenhado para filhos de produtores. Eram 14 jovens com idade média de 18 anos e muuuito interessados!

Segundo a direção do Café Peru, capacitar os produtores ou a nova geração de produtores faz parte de seu plano estratégico para que os processos produtivos e, também, os de controle de qualidade e comercialização ganhem em profissionalismo, consistência dos produtos e sua qualidade, juntamente com agregação de preço e valor. O objetivo é ter produtores que saibam provar seus cafés segundo a Metodologia SCAA, através de convênios firmados com o CQI – Coffee Quality Institute, ligado a SCAA – Specialty Coffee Association of America, para que aprimorem seus trabalhos de campo e na comercialização. Fantástico!

Tive a oportunidade de provar alguns cafés, dividindo a coordenação de uma rodada com o instrutorElias Coronel. E 2 cafés da região Sul, de Incahuasi, próximo a Cuzco, me deixaram entusiasmado com seus sabores exóticos!

Cafés del Peru: Selva central – 1

Daniel Kondo

Cafés del Peru.

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O Peru é conhecido hoje como o maior produtor mundial de cafés orgânicos certificados.

Foi uma viagem surpreendente para mim, pois várias questões que até então eram míticas começaram a fazer sentido. Por exemplo, a área de café é dividida em três grandes territórios, ligados às chamadas “Selvas”: Selva del Norte, Selva Central y Selva del Sud. (Ooops, já incorporei o español aí…).

A parte Norte tem como referência as províncias de Cajamarca e Jaén, enquanto que ao Sul, Cuzco e o sagrado Machu Pichu.

Devido ao curto tempo, a convite do Café Peru – Central de Organizaciones Productoras de Café y Cacao del Peru, pude conhecer apenas uma parte das áreas cafeeiras da Selva Central. Café Peru trabalha como uma federação de cooperativas e organizações locais, promovendo o desenvolvimento da produção e comercialização do café e cacau do Peru através de programas de capacitação técnica, extensão rural e outros serviços.

De Lima até La Merced, cidade que serviu de base, são aproximadamente 350 km. Porém, me disseram, durante os preparativos no dia 06 de novembro, que a viagem dura em média 8 horas de ônibus. Pensei comigo: “puxa, os ônibus daqui devem ser muito lentos….”

Às 22h, juntamente com o engenheiro agrônomoCarlos, cuja família vive m La Merced e que seria o meu guia, tomamos um confortável ônibus de 2 andares. Carlos se espantou quando me viu apenas com uma camiseta, enquanto ele estava com um casaco relativamente, eu diria, “pesado”. “Você vai passar frio”, ao que respondi “Mas todos me disseram sobre o calor da Selva”. E foi aí que me dei conta (aham… nada como dar uma olhadinha mais detalhada nos mapas!) de que teríamos de atravessar a cordilheira dos Andes Peruanos para alcançar a Selva Central. E assim foi.

Depois de quase 1h e 30m por autopistas modernas, iniciamos a subida da cordilheira. Ao passar porCasapalca (mais de 4.200 m de altitude!), era visível o gelo por sobre as áreas mais elevadas e, é claro, uma rápida sensação de frio. Digo rápida porque logo o motorista do ônibus ligou a calefação tão forte que quase assou o povo…  Ficou entendido, também, porque a viagem é demorada, pois a estrada é sinuosa, muito movimentada e com impressionantes conjuntos de aclives/declives.

Eram 6h30m da manhã quando chegamos em La Merced.

Depois de um merecido banho no hotel, dei uma rápida volta pela praça central, a Plaza de las Armas, onde fica a igreja matriz. E logo ouvi um zunido como enxame de vespas: diria que quase literalmente era um “enxame de vespas”!

Diversos mototaxis rondavam a praça em busca de passageiros. Lembrou-me a lendária Romi-Iseta, dos anos 60, porém com algo mais: entreeixo mais largo, permitindo acomodar 2 pessoas, mais o piloto, como numa “moto limusine”. São todos transportes oficiais e cada um dos donos acaba caprichando mais que o outro no visual dos seus mototaxis, com diferentes adornos e itens de conforto!

Logo reencontrei o Carlos e fomos tomar um desayuno tipicamente criollo (que é como pode ser chamada a cultura do interior): uma sopa com pedaços de carne de porco, arroz e mandioca cozida; um tipo de banana da terra cozida, um tipo de batata doce e suco de guanabana, fruta que lembra a pinha. Foi um “pequeno almoço”…

E daí, com o agrônomo Haroldo, coordenador regional pelo Café Peru, fomos visitar as áreas produtoras de café.

Um novo mercado de café no Chile

Daniel Kondo

O Chile vem experimentando um impressionante momento econômico, que pode ser perfeitamente captado pelas inúmeras construções e expansão dos diversos tipos de negócios.

Aproveitei para visitar as cafeterias chilenas em Santiago depois de quase 2 anos depois de minha última viagem.

A evolução nesse tempo foi muito grande.

Anteriormente, a não ser pelas já instaladas 11 lojas da Starbucks e uma ou outra loja pequena, o que havia era modelos definidos pelas duas maiores redes do país, Café Caribe e Café Haiti, ao estilo “Café y Piernas”.

OK, as máquinas Gaggia e Cimbali de 4 grupos, sempre douradas, impressionam, pois cada casa tem no mínimo 3 dessas, o que nos dá uma idéia do que o pessoal gosta de café…

Mas, como sempre digo, o mercado de café tem um típico ambiente globalizado, onde as tendências acabam se esparramando por todo o planeta, desde que uma boa idéia seja lançada.

No caso específico do movimento dos cafés especiais, o Chile também já experimenta os primeiros passos. Devido a uma cultura voltada para a gastronomia, fortemente influenciada pela indústria do vinho, diversas escolas de alta gastronomia se espalham pelo país, sendo uma das referências o INACAP, que se assemelha ao SENAC no Brasil, com cursos em nível de tecnólogo e superior pleno.

Vinho e Café possuem muitas similaridades, o que permite um trabalho muito estreito. E se o país tem uma trajetória estupenda com o vinhos, certamente para a entrada do café esta relação pode ajudar bastante.

Com a melhoria econômica, os chilenos passaram a viajar e trazer consigo novos conceitos na área do consumo de café, daí hoje existirem pessoas com bom trânsito no nosso mundo, como os baristas Matias Lama, proprietário do Espresso Bar, e do Juan Mario Carvajal, que mantem o centro de treinamento Sierra de los Andes, que participou como convidado  de uma das edições do concurso Cup of Excellence.

De novo, como sempre digo, a dupla dinâmica: educação e experimentação. Juan Mario, por exemplo, participou ativamente das oficinas para baristas oferecidas durante aSemana do Café Gourmet do Brasil sob as batutas da Cleia Junqueira e do Bruno Ferreira. Educação, treinamento e mais conhecimento. É assim que se cria batalhões de novos treinadores, para que mais pessoas possam conhecer mais e mais sobre o café, sua arte e suas diferentes formas de consumo.

Visitando a cafeteria Espresso Bar, tive a oportunidade de pedir um café orgânico do Peru, muito bem extraído pelo barista da casa, Lucas, que aqui posa ao lado do pacote do café. Máquina e moinhoLa Marzocco, além de produtos de excelente qualidade, desde águas e sucos até doces e lanches, num ambiente muito bacana.

Como sempre deve ser!

A implacável invasão das pestes!

Daniel Kondo

Pois é, as mudanças climáticas provocadas pela ação humana em nosso planeta estão trazendo efeitos cada vez mais perversos!

Do degelo da calota polar, que faz elevar o nível das águas dos oceanos ao aumento da temperatura média, muita coisa está mudando em nosso dia a dia. Talvez um dos maiores realinhadores da história do planeta Terra seja o clima, cujas alterações podem provocar a extinção de espécies com pouca capacidade de adaptação.

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Os cientistas dizem que os insetos possuem excepcional capacidade de sobrevivência à condições das mais inóspitas como o caso da barata ante uma hecatombe nuclear.

Sim, esse temível inseto voador e que apavora 9 entre 10 mulheres consegue sobreviver a altíssimas doses de radiação!

Na foto vemos de forma ampliada um dos maiores vilões da cafeicultura: o Hypothenemus hampei, conhecido pelo carinhoso nome de Bicho da Broca do Café.

Como todo bom inseto adora um clima quente, por isso sua infestação tem seu auge no verão que coincide com a época que os grãos de café experimentam sua fase de mais rápido e intensivo crescimento, correspondendo mais ou menos com a nossa puberdade. Nessa época os grãozinhos literalmente se esticam, como a nossa molecada, ao passar da fase chumbão para a do verde/verdão. Nessa fase, como é de se esperar, a casca é mais fina e, portanto, mais fácil de ser perfurada pelo inseto, que tem no seu bico uma poderosa ferramenta cortante,  indo se alojar no interior agradável e providente de todo o alimento que precisa.

Ao perfurar as sementes do café, abre portas para ataques de fungos e bactérias, podendo gerar sabores devido à fermentações indesejáveis e outras contaminações, derrubando definitivamente a qualidade da bebida. Além disso, dependendo da voracidade com que o inseto se alimentou, a semente pode ter de um furo a vários, quando, então, recebe o nome de “grão rendado”, pois lembra visualmente às rendas executadas por artesãs dos fios de algodão.

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Estudo recentemente publicado pelo ICIPE – International Centre of Insect Physiology and Ecology com cientistas nos Estados Unidos, Alemanha e Colombia, verificaram o potencial efeito devastador que o aumento global da temperatura está provocando no caso das facilidades de sobrevivência do Bicho da Broca do Café. Regiões antes nunca afetadas como o imponente Monte Kilimanjaro, no Kenya, estão sendo implacavelmente atacadas por esse “pestinha” . Outras origens produtoras de café cujas lavouras se encontram a elevadas altitudes como Colombia, Ethiopia e Tanzania, começaram também a sofrer inédito nível de ataque desse pequeno e indesejável inseto, aumentando consideravelmente o prejuízo financeiro causado aos produtores, pois esses chamados Grãos Brocados são considerados como defeitos e, logo, tem de ser descartados. Os problemas de bebida se intensificam, pois grãos com um único furo e contaminados são difíceis de serem retirados.

Esses cientistas preveêm um futuro dificíl nesse sentido.

Para se ter idéia de como esse problema é crônico no Brasil, veja nesta foto a reprodução de um cartaz de 1927 sobre uma Campanha de Combate à Broca.  Há um belo estudo histórico sobre este assunto feito pelo pesquisador André Felipe Cândido da Silva e que você pode acessar através deste link:

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-59702006000400010&script=sci_arttext

Origens vulcânicas!

Daniel Kondo

Para esta turma do 8. curso avançado, reservei uma seleção muito bacana de cafés de diferentes origens e outras surpresinhas…

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Depois de uma verdadeira “maratona” sensorial, calibrando olfato e paladares, o pessoal chegou às provas com cafés. Além de diversas origens brasileiras, coloquei alguns cafés colombianos e da América Central, como El Salvador, Honduras e Costa Rica.

Foi muito proveitoso e alguns dos participantes provaram pela primeira vez cafés dessa natureza.

Mas, o prêmio foi a última sessão, que contou com cafés de origem vulcânica.

Nesta primeira foto estão o Cláudio Masson, de Bariri, SP, Rogério Alves (Juiz SCAA fazendo sua reciclagem), de Ribeirão Claro, PR, e Mauro Nicolau, de Florianópolis, SC, professor de Fisiologia, em plena sessão de prova.

Estes foram os cafés selecionados: Blue JavaBali, PNG – Papua New GuineLake Tawar (Sumatra) e o brasileiríssimo Chapadão de Ferro.

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As regiões vulcânicas tem características muito especiais quando se fala em tipo de solo, pois quando as erupções acontecem muitos minerais afloram na superfície, “temperando” de forma especial as terras por onde a lava se esparrama.

A composição de minerais despejados pelos vulcões durante suas manifestações varia de local para local, criando terroirs específicos. Sim, não há repetição!

Esta foto, com lavouras a 1.800 m de altitude emAntigua, Guatemala, mostra o Volcano de Fuegoao fundo. Observe a incrível cor do solo, que, também, tem uma estrutura muito interessante, o que justifica, em parte, a fama dos cafés daquela origem.

Existe, no entanto, algo que une os cafés produzidos: tem bebida encorpada e com notas minerais, lembrando em parte alguns belos vinhos Riesling alemães!

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Outra característica notável é a presença de notas a especiarias, como cravo, noz moscada e até um inesperado aniz como percebido no Blue Java. Notável acidez, porém moderada com expressivo teor de minerais, cada café premiou os esforços durante o aprendizado de Interpretação Sensorial – Paladar.

Nesta foto vemos Ailton Ribeiro e Virgílio de Pádua fazendo anotações na planilha SCAA. Pois é, para alguns, sabores impensáveis até então foram percebidos nesses impressionantes cafés…

O café produzido na Fazenda Chapadão de Ferro, por Ruvaldo Delarisse, na microrregião de mesmo nome em Minas Gerais, é um raro exemplar que pode se confundir entre os vulcânicos de origens como os do Sudeste Asiático pela sua complexidade de notas de sabor, incluindo frutas vermelhas em profusão, que pro vezes lembram vinhos provenientes dos Andes. E que em breve estará disponível para os brasileiros “loucos” por café em locais muito especiais.

Aguardem!

Selecionar é o segredo!

Daniel Kondo

A colheita de café no Brasil já está entrando em sua fase final. É o fechamento de um longo processo na lavoura, mas que para o nosso grãozinho predileto ainda tem muito a percorrer.

Já comentei que colher os grãos em sua fase totalmente madura é o ideal, pois como toda fruta o máximo de açúcar está em suas sementes, que depois de torradas e moídas nos levarão a verdadeiras viagens sensoriais.

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Nesta foto procurei colocar as principais fases do desenvolvimento do grão de café depois de sua florada e “pegamento”.

Começando pela parte inferior direita e indo no sentido horário, é possível ver a fase chamada de verde, verde cana, cereja e passa. Ficou um belo arranjo, não?

Olhando com atenção, os grãos plenamente maduros estão no centro da parte superior. É quando tem tudo de bom!

Ao seu lado esquerdo estão os grãos que aparentemente estão maduros, porém é possível observar que onde fica o pedúnculo que prende o grão à planta está bem mais claro, alguns verdes ainda. Sinal de que ainda não está totalmente maduro. É como pegar jabuticabas no pé para saborear… As melhores são aquelas bem pretinhas. Doces e perfumadas. Se o seu pedúnculo estiver um pouco verde, é porque vai dar a sensação de boca ressecada pela adstringência, que é uma sensação incômoda.

Na parte superior direita estão grãos passa. Dependendo da região, onde o ar é mais seco durante a estação de colheita, produz bebidas muito interessantes; no entanto, se o “passa” estiver num local onde a umidade do ar é muito alta ou sujeita a chuvas, o resultado é desastroso… gera a terrível bebida Riada e Rio, que tem gosto medicinal, como creosol, um poderoso desinfetante.

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Depois de secos, os grãos devem passar por um processo de seleção para eliminar os grãos indesejáveis, como imaturos e com fermentações ruins. Existem dois sistemas: utilizando sistema de seleção por leitura eletrônica e a catação manual.

Nesta foto vemos uma selecionadora eletrônica, que funciona com feixes de luz e sensores que fazem a leitura das cores refletidas. Se o grão de café estiver com problemas, sua cor normalmente está alterada e, pimba!, é retirada por um jato de ar comprimido. É um processo que sempre incorpora novas tecnologias; atualmente algumas máquinas possuem programas que conseguem ler mais de 250.000 cores diferentes, outras que “enxergam” no espectro infra-vermelho, outras no ultravioleta.

Mas, nos países da América Central e África, devido ainda aos custos mais baixos de mão-de-obra que no Brasil, por exemplo, é muito comum vermos em operação o chamado Tapete Rolante, que é uma longa esteira onde pessoas treinadas identificam e retiram manualmente os grãos defeituosos. No Brasil podem ser encontrados em algumas fazendas, mas apenas para demonstração e efeito visual, pois é uma operação de custo altíssimo.

Veja neste pequeno vídeo que fiz em Antigua, Guatemala:

Nos campos de café do Paraná: Norte Pioneiro – 2

Daniel Kondo

Uma das características mais marcantes do Norte do Paraná é o fato de que boa parte de suas lavouras se situam próxima ao Trópico de Capricórnio, algumas áreas ainda mais ao sul. Assim, o que temos é um Cafeicultura Subtropical.

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Pois é, fica diferente do que tradicionalmente se pode imaginar, que é o plantio de café entre os trópicos!

Justamente por essa condição, as imigrações de europeus como alemães, suiços e até poloneses foi muito intensa para essa região.

Observe esta foto, tirada numa propriedade em Ibaiti. É uma paisagem muito distante das tradicionais áreas cafeeiras do Brasil, onde os grandes casarões coloniais impõem-se nas centenárias fazendas, com suas indefectíveis cores azul escuro e branco.

Um ar europeu nos faz aguardar por xícaras com café passado na hora…

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No município de Santa Mariana, próximo a Cornélio Procópio, visitei a Fazenda Palmeira, pertencente à Família Gamerschlag, que possui uma impressionante infraestrutura para secagem, armazenagem e beneficiamento de café.

O emprego de muita madeira, exibindo grande arte nas construções, torna as instalações muito amigáveis e acolhedoras, refletindo-se no belo trabalho de ações sociais daquela família com seus funcionários.

Nesta foto, por exemplo, pode ser vista a moega (isso mesmo: moega!) que alimenta os secadores.

Muito bacana,não?

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Apesar das agruras devido às geadas do início desta década, há um movimento entre os produtores que tem o objetivo de resgatar o brilho que essa região já teve na cafeicultura.

Criou-se uma entidade aglutinadora, a ACENPP – Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná, que vem estimulando os produtores a seguirem as trilhas dos cafés de alta qualidade.

A região tem propriedades que, em sua maioria, são menores daquelas encontradas em regiões como o Sul de Minas, Mogiana ou Cerrado, o que leva a um trabalho artesanal ainda mais intensivo. Um esforço interessante: as marcas de café “Single Origin” (de uma determinada propriedade) que se multiplicam pela região, como se vê nesta foto.

Isso me lembrou o caso da famosíssima ilha de Kona, em Hawaii. Seus disputados cafés são produzidos em micro sítios (ou seriam nano fazendas…) de 1 ha em média. No início dos anos 90, das quase 600 propriedades cafeeiras, já existiam mais de 220 marcas de café torrado como Single Origin!

Quem sabe não estamos presenciando um modelo desses aqui no Brasil?…

Para finalizar, veja este divertido vídeo: é um criativo catavento com uma boneca colhedora de café que encontrei na Fazenda Palmeira, em Santa Mariana.

Nos campos de café do Paraná: Norte Pioneiro – 1

Daniel Kondo

O Estado do Paraná foi durante muitos anos o maior produtor de café do Brasil. Era pensar em café e lembrar do Paraná.

Mas as geadas foram as responsáveis por um forte movimento de migração dos cafeicultores rumo a outras paragens de clima mais quente, principalmente em meados da década de 1970. Foi nessa época que, por exemplo, a cafeicultura foi implantada na região do Cerrado Mineiro.

Dos que permaneceram nas tradicionais regiões cafeeiras paranenses, muitos optaram por mudar para outras culturas, típicas do clima subtropical, como o trigo e a aveia.

A crise de preços que aconteceu no final dos anos 90, combinada com as perversas geadas do início de 2.000, fez com que a produção de café do Estado ficasse abaixo de 500.000 sacas de 60 kg, número que nem de longe mostrava a pujança e importância que essa cultura teve.

Atualmente, duas são as áreas mais importantes na produção de café: o Norte do Paraná, que tem como cidades polo Apucarana e Maringá, e o Norte Pioneiro, um quadrilátero formado pelas cidades de Jacarezinho, Tomazina, Ibaiti e Cornélio Procópio, tendo influência de Londrina.

A importância dessas regiões para a cultura do café era tão grande que atraia muitos investidores estrangeiros que se empolgaram com as possibilidades oferecidas. Grupos vindos da Suiça, Alemanha e dos Estados Unidos se instalaram ao longo da região com o objetivo de produzir café.

É possível encontrar  diversas fazendas com as estruturas originalmente levantadas por aqueles empreendedores, dando uma idéia do notável avanço tecnológico existente na época e alguns conceitos de visão de sociedade pelo layout das sedes.

Uma dessas fazendas emblemáticas é a quase centenária Fazenda Califórnia, em Jacarezinho, hoje nas mãos da família Rodrigues, de Ourinhos, SP. Luiz Roberto Rodrigues, que é um dos administradores, comentou-me que as instalações tem soluções que podem ser consideradas avançadas ainda hoje, sendo muitos dos projetos foram elaborados por técnicos ligados à Universidade da Califórnia, USA. Daí a razão do nome adotado pela fazenda.

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A primeira foto, ao alto, mostra o complexo de dutos que levavam os grãos colhidos de café para os terreiros após passarem pelo lavador.

A segunda foto nos dá uma idéia dos caminhos percorridos pelos grãos de café e como chegavam aos diversos pontos do imenso terreiro de tijolos. Impressionante!

Finalmente, a terceira foto mostra o conjunto de tanques utilizados para a demucilagem do café, num processo de preparo para secagem denominado fully washed, muitíssimo empregado nos países da América Central e Colômbia, por exemplo.

Isso nos dá a dimensão do que a região tem de história e estórias para contar…

Ainda percorrendo os campos de café…

Daniel Kondo

Pessoal,

Lamento pelo longo tempo sem postar qualquer linha…

Continuo percorrendo diferentes campos de café, acompanhando a colheita brasileira de 2009. Posso dizer que já estou encontrando verdadeiras jóias em locais maravilhosos e, obviamente, cheios de estórias para contar.

Logo mais vocês saberão das novidades.

Aconselho a beber café todos os dias, principalmente nos momentos de grande felicidade, para comemorar, quanto nos momentos de tristeza, para alegrar… 

Abraços.

Paladar & novos Terroirs

Daniel Kondo

São Paulo será, de 04 a 07 de junho, palco de um grande evento gastronômico: o PALADAR  – Cozinha do Brasil, ou simplesmente PALADAR DO BRASIL.

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A gastronomia, que pode significar,  segundo o Houaiss, ”1. Prática e conhecimento relacionados com a arte culinária” ou “2. O prazer de apreciar pratos finos” , em grande parte reflete a cultura de um povo ou região. Ou seja, a forma como os ingredientes são manuseados e inspiradamente empregados dá uma clara indicação das condições locais e crenças de cada povo.

Um bom exemplo é o caso do abacate, que é empregado em pratos salgados em quase todo o mundo, tanto na América Central e México (com o seu famoso Guacamole) quanto no Sudeste Asiático, enquanto que no Brasil é exclusivamente consumido como fruta ou associado à sobremesas e sucos.

Quando falamos a alguém desses outros países que gostamos do abacate com açúcar, todos fazem cara de espanto, enquanto que os brasileiros em geral torcem o nariz ao verem essa essa macia fruta com sal e pimenta.

Mas, graças ao processo de globalização cultural e de costumes, quando as barreiras territoriais caem ante à facilidade dos meios de comunicação e integração, mesmo por aqui no Brasil os pratos mexicanos já estão sendo bastante apreciados.

Dentro dessa visão, o PALADAR funciona dentro do espírito dos dois verbetes existentes no Houaiss acerca da gastronomia: Apreciação e Conhecimento & Prática.

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Durante 3 dias e meio, Chefs do Brasil e de diversos países, Sommeliers e especialistas dos mais variados naipes executarão pratos com inspiração e técnica, e compartilharão seus conhecimentos em laboratórios para experiências sensoriais.

Neste ano o Café foi incluído no programa,  no que tive a honra de ser convidado para organizar algumas experimentações. Terei a oportunidade de apresentar 4 novos terroirs (= território estabelecido que detém uma origem  geográfica e culturalmente constituída) brasileiros de cafés, que sem dúvida poderão surpreender aos que puderem participar.

Fica aqui o meu convite ao evento, seja para degustar novas origens de Cafés do Brasil, seja para se deliciar com o que existe de “muito bom” à mesa…

O PALADAR será no Grand Hyatt São Paulo, SP, e você pode saber mais através dowww.paladardobrasil.com.br .

As fotos constam na página oficial do PALADAR DO BRASIL e referem-se às atividades da edição de 2008.

Aeropress: Testes – 3

Daniel Kondo

Vou fazer comentários, agora, sobre 2 testes usando o Aeropress.

O primeiro foi com um café de Lajinha, MG, junto à Serra do Caparaó.

É nessa serra que fica o Pico da Bandeira, que durante muitos anos, até que houvesse a descoberta do Pico da Neblina, no extremo norte do Brasil, reinou como o ponto culminante do nosso país.

Esta serra se destaca pelas formas majestosas das montanhas, como o que se vê nesta foto. Cortes inesperados, curvas exuberantes. Além de muito da Mata Atlântica ainda preservada.

Com uma cafeicultura de pequenos produtores em propriedades entre a vegetação nativa da Serra do Mar, as lavouras ficam em altitudes que variam de 950 m a 1.350 m, isto a uma latitude de 18. Sul. De uma seleção de Mundo Novo feita pelaCooperativa de Produtores de Café de Lajinha, certamente uma das maiores do mercado congregando pequenos produtores, torrei um lote de cerejas descascados. Seu aspecto torrado ficou belíssimo, lembrando muito cafés do Leste Africano como Ethiopia ou mesmo de Uganda.

Fiz uma moagem fina, típica para espresso e começamos a extração na Aeropress. Ao fazer a infusão, o aroma literalmente explodiu com suas notas florais cítricas muito elegantes. O melhor resultado foi com um aguardo de 1 minuto antes de aplicar pressão no êmbolo. Na xícara, o resultado foi fantástico: o aroma, talvez liberto da crema, mostrou-se potente, porém com muitas sutilezas florais. O sabor se mostrou complexo, como era de se esperar, iniciando com um delicado toque floral a flores brancas, seguido de um intenso frutado cítrico a limão galego, que lembrou um etíope Yergacheff, secundado por grande doçura como caramelo e amêndoas. O corpo ficou ainda mais intenso, aveludado. Finalização perfeita!

O Aeropress trouxe notas inesperadas florais para o sabor que se perdem no espresso, conforme testamos anteriormente. Ponto para o AEROESPRESSO!

O segundo café foi produzido em Carmo de Minas, MG, pelo Otaviano Ceglia. Um belo Bourbon Amarelo cultivado a mais de 1.150 m de altitude. Esta foto foi tirada dessa lavoura, avistando a cidade ao fundo.

Em maior latitude que Lajinha, quase 23. Sul, este lote teve um período de produção mais longo do que o do primeiro café, trazendo outras notas de sabor e aroma, que se mostrou muito potente. O floral cítrico, adocicado, tomou conta do ambiente quando a água foi vertida no Aeropress.

Também, o melhor resultado na xícara foi obtido com o aguardo de 1 minuto antes de iniciar a pressurização. Para você ter idéia, foram feitas baterias com os seguintes pontos: 30 segundos (afinal, é ou não um espresso?), 1 minuto, 1 min e 20 segundos;  1 min e 45 segundos.

Com 1 minuto houve equilíbrio entre o tempo de espera, a interação da água com o pó, resultando numa extração muito boa, e o resultado global final. Ou seja, foi a melhor relação, digamos assim, “espera-benefício”.

O sabor do café produzido pelo Otaviano era de uma complexidade exemplar, o que lhe garantiu o 6. lugar no último certame Cup of Excellence Brasil. Notas cítricas dominaram desde o primeiro instante, mas secundadas por frutados como uvas itálicas, refrescantes e ao mesmo tempo “cheias”, e finalização a caramelo e avelãs. Talvez pelo tempo (afinal o teste foi agora em junho), a finalização já demonstrava um pouco da perda de seu melhor perfil. No entanto, a acidez bastante elevada foi o destaque, intensa sem ser agressiva. Desceu redondamente bem…

Para mim, o Aeropress demonstrou que é realmente um serviço novo e que pode dar grande vazão às experimentações aos “loucos” por café.

Eu recomendo!

Paladar: Uma formidável experiência!

Daniel Kondo

Como havia comentado num post anterior, participei do evento PALADAR DO BRASIL – 2009, que foi de 04 a 07 deste mês, em São Paulo.

Foram dois workshops que a mim foram pedidos: um para introduzir Novos Terroirs Brasileiros e outro para fazer uma degustação comparativa entre Mogiana e Sul de Minas.

Para o preparo dos cafés contei com o apoio daBunn (moinho e brewer) e Libermac, que a representa. O tempo era relativamente curto e seriam apresentados 4 diferentes cafés em cada workshop. Como ponto crítico havia o fato de ser um serviço em regime de alto fluxo e, ainda, que as condições de preparo teriam de ser rigorosamente iguais (perfil granulométrico do pó, temperatura da água de extração, eficiência da extração e teor de Sólidos Solúveis Totais).  Portanto, minha escolha foi para máquinas de alto desempenho da Bunn.

Não irei descrever o que foi feito. Deixarei que vocês acessem diretamente do Blog do Paladar, composts escritos pela Companheira de Viagem Cynthia Rosa.

Sobre os Novos Terroirs: http://blog.estadao.com.br/blog/paladar/?title=longe_do_expresso&more=1&c=1&tb=1&pb=1

Sobre a Degustação Comparativa Mogiana x Sul de Minas: http://blog.estadao.com.br/blog/paladar/?title=desatando_nos&more=1&c=1&tb=1&pb=1

Porém, apesar da minha curta estada no evento, pois não podia me estender além do dia 05, tive um momento marcante que gostaria de registrar: o almoço junto com a Dona Brazi, o Conde Aquino (estes de São Gabriel da Cachoeira, Amazonas, quase na divisa com a Venezuela) e a Jerônima Barbosa (da Ilha do Marajó).  Dona Brazi e Conde Aquino fazem o que pode ser considerado como Gastronomia Raiz, empregando ingredientes originais e quase que exclusivos da sua exuberante floresta amazônica. Dona Jerônima, que possui uma pousada na Ilha do Marajó, é especialista nas coisas babulinas (de leite e de carne!) e também de outros ingredientes típicos.

O local do nosso almoço? Não poderia ser mais inusitado: no moderno nipônico Kinu, do Chef Adriano Kanashiro!

Entre uma interessantíssima conversa, onde aprendi muito com essas incríveis pessoas sobre o que o Brasil ainda tem de deliciosamente desconhecido, à escolha de um menu de teishoku (= refeição completa), sem falar no tradicional ensaio para o uso dos o-hashis (= palitos, sticks), a experiência foi simplesmente inesquecível!

Pena que não pude participar de suas apresentações, que certamente encantaram a muitos…

Nicaragua: mulheres & excelentes cafés

Daniel Kondo

Ontem foram conhecidos os 26 lotes vencedores do Concurso “Taza de la Excelencia”, como é conhecido na Nicaragua o tradicional certame Cup of Excellence.

O lote campeão foi produzido na Finca La Esperanza, de Maria Amparo Castellano, que fica na localidade de El Volcán, Dipilto, na província de Nueva Segóvia, norte da Nicaragua. Este lote recebeu nota 92,75 dentro do Sistema CoE (Cup of Excellence).

O lote que obteve a segunda colocação, com 91,83 pontos CoE, também é do mesmo município, Dipilto, produzido na Finca El Recuerdo, de  José Efrain Espinales.

Companheira de Viagem Josiane Cotrim Macieira, esposa do Embaixador do Brasil na Nicaragua, é também “louca” por café e pela forte ligação com “o grão que mudou o mundo” participou da cerimônia de encerramento deste concurso, enviando-me com exclusividade as informações. As fotos neste post são da fotógrafa Adriana Chamorro, que captou nesta primeira o corte(colheita) feita por uma senhora na Finca Santa Rita, província de Jinotega.

A cafeicultura nicaraguense vem apresentando uma tendência vista em outros países, que é presença cada vez maior de mulheres conduzindo as pequenas propriedades produtoras de café. Neste aspecto, há um movimento que tem o suporte da SCAA – Specialty Coffee Association of Americadenominado IWCA – International Women in Coffee Alliance, também conhecido por Café Femenino. Formado por mulheres atuantes nos diversos segmentos do café, da produção ao serviço ao consumidor, desenvolve ações educacionais e de suporte nos países produtores.   

Até um passado recente, a Nicaragua sofreu intensamente por instabilidade política e guerrilhas, a exemplo do que ocorre no Haiti. Porém, a reconstrução tem sido feita com determinação e parte da economia tem no café como importante fonte de divisas.

Apesar da topografia íngreme imposta pelas montanhas e vulcões, isto se converte num afortunado trunfo para a produção de cafés através da constituição de um privilegiado “terroir”.

Outro aspecto que gostaria de comentar é que o resultado final mostra o equilíbrio da competição, o que torna particularmente árdua a tarefa dos juízes. Para que o resultado tenha consistência e coerência, é fundamental o uso de ferramentas estatísticas aplicadas à psicofisiologia. Dentro da Metodologia SCAA, por exemplo, é empregada a teoria desenvolvida por Fechner e Weber, que considera que a percepção individual de qualquer estímulo é logaritmicamente proporcional a aquele estímulo. Isto significa que conforme os valores se tornam cada vez maiores, mais estreita se torna a faixa de variação, digamos, das notas que podem ser atribuidas para a percepção ao estímulo.

É por isso que cafés, bem como vinhos, com altíssima qualidade e, portanto, que alcançam altíssimas pontuações muitas vezes não tem esse diferencial reconhecido pelo consumidor em geral, pois é necessário, além de aptidão, um grande treinamento.

Daí, cabe aos Mestres de Torra e, posteriormente, aos Baristas a missão de realizar esmerados serviços para que toda essa qualidade possa dignamente ser apreciada em cada xícara.

Spella Caffe: O toque elegante de Andrea

Daniel Kondo

Portland, OR, USA, pode ser considerada como a verdadeira Capital dos Cafés Especiais, pois naquela aconchegante cidade existe uma impressionante concentração de tudo o que há de melhor relacionado a este segmento.

Pense em grandes baristas e você chega ao nome de Sherry Jones, uma das mais importantes trainers de baristas da América do Norte. 

Pense em um centro de treinamento de baristas e o local de destaque é a American Barista Coffee School, do  Belissimo Info Group de Bruce Miletto.

Pense em periódicos especializados em Cafés Especiais e o pioneiro e sempre lider Fresh Cup Magazine, ícone da informação deste mercado criada pelo saudoso Ward Barbee e hoje sob a batuta da doce Jan Weigel, é o primeiro nome.

Além disso, é uma cidade que oferece uma profusão de excepcionais coffee shops como nenhuma outra!

Uma das marcas registradas de Portland é a profusão de trailersque oferecem uma culinária diversificada a preços extremamente convidativos, conhecidos como Portland’s Food Carts. Obviamente, um cart que ofereça café de altissima qualidade não ficaria de fora…

No coração da cidade, junto à 4th Avenue, está o simpático Spella Caffe do Andrea Spella

Veja nesta foto o menu do Spella Caffe.

Andrea é um “louco” por café que tem uma longa história como Mestre de Torra e Barista. Ele mesmo seleciona e torra artesanalmente os seus blends e single origins que  fazem parte de sua oferta diária. E detalhe importante: ele é um apaixonado pelosCafés do Brasil, sempre sob a orientação do Companheiro de Viagem Bruno Souza, da hoje respeitadíssima BECCOR!

Nesta minha visita, Andrea serviu um espresso single origin daFazenda Santa Inês, de Antonio José J. Villela, de Carmo de Minas, MG.

Com um crema muito consistente, este espresso revelou notas de aroma e sabor onde havia compredominância do caramelo com um fundo a dark chocolate e citrus adocicado, típico doSul de Minas

Além de ser um refinado artesão na torra do café, Andrea demonstra seus excepcionais dotes como pastissier ao elaborar deliciosas tortas de frutas e bolos de delicada textura.

Ao combinar tudo isso com uma grande simpatia e alto astral, Andrea faz com que o Spella Caffe atraia uma verdadeira legião de admiradores e fiéis clientes, sendo sistematicamente escolhido como um dos melhores pontos para se apreciar excelentes cafés na região.

Recentemente, Andrea e seu Spella tiveram um artigo na prestigiada revista Barista Magazine onde se destacava sua dedicação na torra dos cafés criteriosamente escolhidos.

Também há pouco dias atrás, na seção Frugal Traveler Blog, por Matt Gross, do New York Times, o espresso do Spella  foi mencionado como o melhor de Portland, sendo considerado “rico e ao mesmo tempo delicado exemplar de bebida de categoria high-end“.

Superou o espresso de grandes ícones da qualidade, como por exemplo o da Stumptown Coffee Roasters, que na crítica de Gross seu espresso estava picante, amargo e ácido, caracteristicas que refletem certo desequilibrio na matéria-prima.

Para saber um pouco mais sobre Portland e o Spella Caffe acesse o link 

http://travel.nytimes.com/2009/05/10/travel/10Portland.html?pagewanted=2&ref=travel

Naked Portafilter, coffee shop: Cupping Fz Esperança

Daniel Kondo

Um dos novos ícones dos baristas tem sido o chamado Naked Portafilter (= Porta Filtro “Nu” ou Sem Bicas).

Esse tipo de porta-filtro começou a ganhar adeptos principalmente a partir de 2004 com um grupo de baristas de vanguarda da região do Northwest dos Estados Unidos.

Dentre as boas características que a ausência dos bicos proporciona, está no fato de que é possível verificar depois da hidratação a uniformidade na extração, como se observa nesta foto. Visualizar a viscosidade e fluidez do café, bem como a coloração da crema com o tigramento surgindo, facilitam o julgamento da qualidade do serviço.

Companheiro de Viagem Steve Lanphier, conhecidíssimoRoaster Master com passagens por importantes torrefações de cafés especiais do Oregon, USA, inaugurou recentemente sua primeira Coffee Shop dentro da University of Oregon, OR. O nome escolhido foi justamente The Naked Portafilter !

Steve, além de profundo conhecedor das técnicas de torra de café, é um grande barista e um Chef de Cuisine de mão cheia!

Uma das mais belas capas da revista Roast Magazineestampa uma foto com Steve junto a um torrador no momento em que se inicia o resfriamento de um lote de café.

Ele me ofereceu um espresso usando grãos da Fazenda Esperança, de Campos Altos, MG.

Este lote, em particular, é de peaberries (= moca, para o mercado brasileiro).

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Um dos mais expressivos cafés que provei desta safra!

Observe, também na foto, o belo crema onde a cor amêndoa predomina com traços avermelhados bordaux. Seu aroma, intenso, apresentou notas muito frutadas, inicialmente a frutas amarelas e fundo a frutas vermelhas.

Seu sabor, muito adocicado (que um provador da região considerou excessivamente doce!!!), teve primeiro ataque como carambola (sim, com impressionante perfeição…), e fundo a dark chocolate como uma complexidade que me lembrou chocolates produzidos com amêndoas da Venezuela e Equador. Muito encorpado, aveludado, tinha uma finalização muito agradável com leve fundo cítrico.

Tudo perfeito: grãos, torra, moagem e serviço!

Um drink de assinatura by Joe from 49th Parallel

Daniel Kondo

Comentei no post anterior que ao lado da grandiosa arena de competição do World Barista Championship durante o SCAA Show, em Atlanta, USA, foi feita uma instalação com diversos balcões para performance de baristas, equipamentos e torrefações de cafés artesanais.

Três diferentes baias abrigaram máquinas de espresso da italianíssima Nuova Simonelli, enquanto que a quarta apresentava o futurístico aquecedor da britânica Marco Beverage Systems  como comentado no post anterior. 

Uma escala de rodízio foi montada para que todos os dias pelo menos 2 empresas pudessem se apresentar em cada baia.

No dia 17, quando a barista brasileira Yara Castanho competiu no Mundial, tive a oportunidade de rever o trabalho de uma das melhores fine roasterie da British Columbia, Canada, mais precisamente de Vancouver: 49th Parallel.

Comandada por Vince Piccollo, ardoroso torcedor do Milan, esta já cultuada torrefação é o segundo negócio da família, que manteve anteriormente a micro-rede premium Caffè Artigiano. Portanto, a cor escolhida para estampar a logo da 49th Paralel não poderia ser outra que não o azul milanês

Esta operação conta, além de Vince, que é o head, com os irmãos Michael, habilidoso Roaster Master, e Sammy, o mais novo de todos, mas certamente o melhor barista do mundo da atualidade.

Digo mais:  Sammy é o melhor barista do mundo de todos os tempos.

Nesta última edição do WBC – World Barista Championship, novamente ele ficou na segunda colocação, inicialmente para sua frustração. Porém, Sammy é o único barista no mundo que conquistou 3 vice-campeonatos e 1 terceiro lugar!

Uma sequência tão impressionante de conquistas é resultado do que considero um dos mais importantes ingredientes para os grande nomes: consistência e regularidade. Com isso, o resultado deixa de ser obra do acaso. É a diferença entre um cometa e uma estrela: um cometa possui estonteante beleza, mas logo se vai, enquanto que uma estrela esparrama seu brilho por muito tempo…

Voltando ao “drink tema” deste post, os irmãos Piccolo sempre deram tratamento especial ao treinamento dos baristas. Joe, um descendente nipônico, foi um dos 2 baristas de plantão do 49th Parallel no balcão de performances e que bem representa esse trabalho.

Ele usou como base para o seu Signature Drink (= drink de assinatura)  um blend primoroso denominado Epic Espressoe que contava com um lote de Brasil Daterra Coffees, juntamente com lotes de El Salvador e Ethiopia.

O espresso resultante era de uma complexidade de aromas simplesmente bestial, saindo de notas florais a jasmim, passando por frutas vermelhas e apresentando fundo a caramelo e nozes. O equilíbrio entre o sabor, que era de grande doçura, mas, ao mesmo tempo, com delicioso cítrico de frutas vermelhas e fundo a dark chocolate, a elegante acidezcítrica adocicada intensa, mas não demasiada, e a aveludadasensação de corpo, estava fantástico.

Seu drink tinha ao fundo o equivalente a uma colher de chá deAceto Balsamico, seguido de uma dose de espresso do blendEpic, figo seco em finos pedaços batidos com o creme de leite aerado e uma elegante aspersão de sal negro do mediterrâneo.

Uau! Foi bom demais!

Sobre aromas & sabores do café: enzimáticos – 1

Daniel Kondo

Os aromas e sabores são, sem dúvida, os elementos sensoriais mais instigantes no café.

Apesar dos serviços do café estimularem todos os nossos sentidos, os mais acionados são a olfação e a gustação.No entanto, estes dois sentidos podem ser, digamos, ludibridiados pela visão, caso a apresentação de um serviço seja impecável!

É por isso que se diz que “comemos ou bebemos com os olhos”, principalmente se famintos ou sedentos…

Nesta foto está a Roda de Aromas & Sabores especialmente elaborada para a SCAA – Specialty Coffee Association of America pela equipe deJean Lenoir, renomado aromista francês.

Na parte expandida à direita estão 36 dos mais presentes aromas (e, naturalmente, sabores) nos cafés das diversas origens mundiais.

Para maior facilidade de compreensão, os aromas estão dispostos em ordem de volatilidade (=capacidade de uma substância se vaporizar), ficando as notas mais rápidas na parte superior, enquanto que as mais lentas, na inferior.

Dividem-se em 3 grupos: aromas de naturezaEnzimática,  de Caramelização de Açúcares e, finalmente, de Destilação Seca.

Bem, gostaria de comentar um pouco sobre o grupo Enzimáticos, que se subdivide nos subgrupos FloraisFrutados e Herbais.

Os aromas deste grupo são formados durante a fase final de maturação do fruto, quando ele atinge a fase conhecida por cereja, como está na foto abaixo.

Entre a casca externa e a interna, esta denominada pergaminho (sua cor e textura lembra os antigos pergaminhos egípcios), forma-se uma muito doce polpa, que se assemelha com a da jabuticaba. Aliás, é por isso que defendo que o café é uma fruta (=comestível “in natura”) e não um simples fruto. Chupar as frutinhas avermelhadas ou alaranjadas (cor predominante nas variedades amarelas quando maduras) é uma experiência interessante, lembrando “coisa de criança”…

Esta polpa, como mostra a foto, é um rico meio para que diferentes enzimas trabalhem. As enzimas são estruturas que lembram proteínas e auxiliam na ocorrência de diversas reações bioquímicas, sendo necessárias em pequeníssimas quantidades. Atuam em condições de pH quase neutro e temperaturas amenas (não mais que 25.C).

Algumas das reações que podem ser catalisadas (= aceleradas) pelas enzimas são aquelas em que grupos funcionais, que são como radicais que representam uma determinada “família” de substâncias, podem ser transferidos entre diferentes moléculas, ou, como outro exemplo,  elas “quebram” moléculas grandes originando outras menores.

E o que é que isso significa?

Os aromas de maior volatilidade são, por exemplo, alguns tipos de álcoois, que podem se formar através dessas reações. Dessa forma, notas florais (por exemplo, característica dolinalol) são formadas em lavouras situadas em regiões de clima ameno durante a fase final da maturação do grão, seja devido a uma grande altitude, seja por sua localização próxima à linha dos Trópicos, a latitudes mais expressivas.

Outro momento pode ser durante o período em que ocorre o transporte do café da lavoura até o local de secagem ou, mesmo, durante a fase inicial da secagem nos terreiros dos grãos com a casca, em processo denominado Natural. Em geral, regiões produtoras que possuem clima ameno durante a colheita produzem Naturais com notas frutadas exuberantes, tendendo, principalmente, para as defrutas amarelas como pêssego, carambola ou o damasco.

Assim, para que sua experiência olfatória e gustatória seja ainda mais profunda, tente da próxima vez degustar o seu café predileto com os olhos fechados.

Certamente, será muito legal ou, no mínimo, divertido!

Cafeterias no interior: Santantonio Caffè

Daniel Kondo

As grandes cidades sempre são catalizadoras de tendências devido à sua vocação global, como é o caso de São Paulo. Tudo acontece em Sampa!

Saindo dos grandes centros, sempre os movimentos de vanguarda necessitam, digamos, de um pouco mais de tempo para sua reverberação, pois normalmente há sempre uma certa refração às novidades.

No entanto, a vocação para o comércio exterior faz com que uma cidade, mesmo nos rincões interioranos, e sua população passe a cultivar hábitos globalizados.

Um exemplo disso foi o que encontrei em Franca, na região da Alta Mogiana, SP.

Franca é muito conhecida como polo calçadista (aliás, grandes grifes de sapatos saem delá) e também pelo basquete, pois grandes jogadores brasileiros desse esporte sairam de um tradicional clube local.

Franca também é a cidade-polo da região da Alta Mogiana, importante origem de café de São Paulo.

Hoje esta região concentra a maior área e produção de café do Estado de São Paulo, caracterizada pelas lavouras que se estendem por planaltos de pouca declividade e estações de clima bem definidas. A altitude média de produção da Alta Mogiana fica entre 850 m e 1.000m de altitude acima do nível do mar. O que é bastante bom ao se levar em consideração que a latitude média está a 20.30′ Sul.

A casa que visitei abriu portas a pouco menos de 2 meses e se chama Santantonio Caffè. Localizada em região nobre da cidade, junto a uma sofisticada loja de roupas, esta cafeteria surpreende pelo seu agradável e elegante ambiente. O balcão onde fica uma máquina La Spazialle é de madeira enegrecida, como a mesa que fica bem em frente e é onde você pode saborear um espresso. Há nítida vocação para restaurante e caffè, pois o comando da casa está sob as mãos do Chef Mauricio Dias. Interessantes pratos fazem parte do menu.

barista da casa é a simpática Diana, que se mostrou muito compenetrada ao tirar um curto e umristretto que pedi. O blend da casa é o Octavio que ,apesar de uma discreta adstringência no final, foi bem extraído, apresentando uma bela crema e bebida bastante equilibrada.